Até o início do Século XXI, falar de futebol, ou “soccer”, era se submeter aos interesses econômicos europeus.
Mas o jogo mudou, assim como o eixo econômico mundial. A Ásia, em particular o Oriente Médio e a China, é hoje o continente que concentra a maior parte dos recursos de investimento do planeta.
De outro lado, os estadunidenses, que sempre foram majoritariamente voltados para seus esportes internos, despertaram para os possíveis ganhos com o “soccer”, puxados principalmente pelos hispânicos que lá residem e pela possibilidade de atingir mercados mundiais em nichos de públicos que não se sensibilizam tanto pelo NFL ou pela NBA.
Nesse mundo do dinheiro multipolar, os próprios europeus assistiram suas marcas famosas – como a Fiat, que hoje é Stellantis, a Jaguar, que hoje é controlada pela indiana Tata Motors, ou nos clubes, como o PSG que hoje é controlada pelo Qatar – se tornando parte da multipolaridade.
No futebol, não é diferente: os maiores negócios dos torneios entre seleções já se fizeram nas Copas do Qatar, em 2022, ou na futura Copa da Concacaf, principalmente nos EUA, não esquecendo da provável Copa de 2034, provavelmente na Arábia Saudita.
Também entra nessa globalização o fortalecimento do futebol feminino, que tem força na Europa mas é referência nos EUA e Austrália.
Nessa lógica de mercado, e ainda mais quando as marcas de vendas e negócios de clubes sobrepujam as de seleções, se torna natural que os grandes campeonatos de clubes – com venda de direitos e toda a repercussão envolvida – deixe de ser propriedade da UEFA e passe a ser o objeto dos sonhos da FIFA enquanto player global.
O Super Mundial, assim, virá para ficar. E mais: o impacto de uma renda por participação de 50 milhões de euros para todos os participantes, conforme veiculado na imprensa, será abissal para estabelecer, na prática, uma nova ordem financeira mundial do que pode ser uma elite mundial de clubes.
Esqueçam o “fair play” financeiro. “That’s business, my folks.”