Para muitos, Minas Gerais é a terra de 3 times de futebol: Atlético Mineiro e Cruzeiro, que dominam grande parte das torcidas do Estado, e América Mineiro que também figura nas principais divisões nacionais.
Mas, nem sempre foi assim. Há outro clube tradicional que remonta aos primórdios do futebol em Minas Gerais: o Villa Nova.
Vem com a gente entender o que aconteceu com o Villa Nova!

História
Fundado em 1908, em Nova Lima, o Villa Nova Athletic Club foi idealizado por funcionários ingleses e brasileiros da Saint John Del Rey Mining Company e teve seu nome abrasileirado posteriormente.
O Leão do Bonfim, como é conhecido, é o segundo clube mais antigo de Minas. Mesmo sendo mais novo que seu rival, Atlético Mineiro, o Villa Nova foi o primeiro clube mineiro a entrar em campo, em uma partida contra o Combinado de Alagoinha, realizada em 28 de Junho de 1908 – mesmo dia em que a equipe foi fundada.
No currículo do Villa Nova, destaca-se também o fato de ser o primeiro clube de Minas Gerais a ceder jogadores para a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, em 1938, com Zezé Procópio e Perácio.

Os anos de ouro
Na década de 30, quando o futebol nacional dava seus primeiros passos rumo à profissionalização, o Leão foi um dos pioneiros em Minas a aderir ao movimento. Justamente nesse período, o Villa foi tetracampeão estadual entre 1932 e 1935.
Fazendo um recorte um pouco maior, entre 1927 e 1939, a pior colocação do Villa Nova no campeonato estadual foi a quarta colocação (em 1928 e 1939). Além das ótimas campanhas no Campeonato Mineiro, o Leão conquistou três vezes o Torneio Início (1930, 1932 e 1935).
Na década de 40, o Villa não repetiu o sucesso, mas fez ótimas campanhas. Foi vice-campeão estadual entre 1945 e 1947, além de conquistar o Torneio Início mais uma vez em 1946.
No início da década de 50, o Leão viveu um novo auge, sendo campeão mineiro em 1951. No recém-inaugurado Independência, o Villa Nova bateu o Atlético Mineiro e se tornou o primeiro clube a levantar uma taça no estádio.
Inclusive, o esquema 4-2-4 surgiu com o elenco campeão em 51, comandado por Martim Francisco. Mais tarde, esta seria a formação utilizada pelo Brasil campeão do mundo em 58.

O primeiro campeão da segunda divisão
Em 1971, deu-se início ao Campeonato Nacional de Clubes da Primeira Divisão – apesar do nome controverso, era a segunda divisão nacional, criada para contemplar clubes e estados que não haviam garantido vaga na elite nacional.
Em princípio, todos os Estados teriam vaga na competição, sobretudo os que não tinham clubes na primeira divisão, mas algumas federações sentiram-se desprestigiadas e optaram por retirar-se do torneio, criando uma outra competição: o Torneio da Integração Nacional, que aconteceu paralelo ao Campeonato Brasileiro.
O Villa entrou na competição na segunda fase. O primeiro confronto do Leão foi com o Central Sport Club, do Rio de Janeiro. A partida de ida, em terras cariocas, terminou em 2 a 2 e o Villa venceu a volta pelo placar mínimo.
Nas semifinais do torneio, o Villa Nova encarou a Ponte Preta e cada uma das equipes venceu pelo placar mínimo, levando assim a um terceiro confronto que terminou em 1 a 1 e foi vencido pelos mineiros em uma disputa de pênaltis acirrada.
Na final, o Leão encarou o Remo e perdeu a primeira partida por 1 a 0. Porém, o jogo de volta disputado em Minas Gerais foi dominado pelo Villa que aplicou 3 a 0. Pelo regulamento da época, haveria um terceiro confronto, também disputado em Minas e o Villa Nova também saiu vencedor, pelo placar de 2 a 1 e assim se tornou o primeiro campeão da segunda divisão nacional.
Entretanto, a conquista do campeonato não garantia a vaga na primeira divisão em 1972. O Villa estreou na elite nacional em 1978, sete anos após conquistar a Série B e fez ainda participações em 1979 e 1985. O Leão também esteve presente na Copa João Havelange, em 2000.
Declínio
Pós-década de 1970, o Leão do Bonfim perdeu seu destaque e viu seus rivais de Belo Horizonte avançarem a passos largos pelo domínio do Estado. Em 1994, o Villa foi rebaixado no Campeonato Mineiro, conseguindo o acesso e título do Módulo II já no ano seguinte.
Mais recentemente, o clube sofreu duros golpes após más gestões das diretorias. Em 2020, muito prejudicado também pela pandemia, o Villa sofreu sua segunda queda no campeonato estadual, com direito a sua pior campanha na história. No mesmo ano, disputou a Série D mesmo com a iminência da briga contra a queda, após a Patrocinense desistir na época. Reformulou o time e ainda fez péssima campanha. Foi a última vez que disputou a Série D.
Na época, o Villa também perdeu a subvenção municipal que custeava grande parte de suas operações. A gestão que assumiu logo após o ocorrido chegou a afirmar que os dias do Leão estavam contados, tendo em vista que o clube não tinha dinheiro em caixa. Entretanto, o Coimbra Sports, gerido pelo banco BMG, auxiliou o clube emprestando sua infraestrutura. Com a ajuda, o Villa Nova fez uma campanha inesquecível no Módulo II em 2021.
A parceria com o Coimbra seguiu, ainda sob a mesma gestão, com moldes diferentes em cada temporada. Apesar de boas campanhas no estadual em 2022 e 2023, e uma campanha regular em 2024, o Villa amargou o rebaixamento mais uma vez este ano.
Após o descenso, torcedores do Leão cercaram o presidente do clube cobrando respostas com relação ao desempenho do clube. As imagens da confusão ganharam manchetes das mídias especializadas sobre futebol – no entanto, diferente do noticiado, não foram proferidas ameaças ao Cartola por parte da torcida. O desentendimento teria começado a partir de outra discussão do presidente com um torcedor fora do estádio, atraindo assim mais pessoas e iniciando o ‘bolo’ do conflito.
Conclusão
Em setembro de 2024, ocorreu a eleição do quadro do conselho do Villa Nova, que optou por manter a base anterior e elegeu Cláudio Horta como presidente executivo. Após movimentos de pressão envolvendo a cúpula do poder público municipal, com a “promessa de encaminhar uma SAF”, o conselho deliberativo pautou e aprovou sua dissolução no dia 5 de Novembro, para um novo quadro. No dia 19 do mesmo mês, a direção recém eleita para seguir os trabalhos, renunciou, após uma pressão mais intensa ligada à Prefeitura de Nova Lima.
No dia 2 de Dezembro, o ex-presidente Anisinho foi eleito para retornar à um quinto mandato. Ele já vinha se movimentando sobre o time antes mesmo da renúncia da gestão anterior, com busca de treinador e jogadores.
A campanha do Leão no Campeonato Mineiro em 2025 foi marcada pelos placares elásticos, destaque para o 6 a 1 sofrido contra o Athletic que igualou a pior derrota do Leão na história do Estadual.
O renascimento do Villa Nova passa pela SAF. Atualmente, existe apenas uma promessa da nova gestão e do poder público municipal de encaminhar a SAF. Até agora, o investidor não foi apresentado e há indícios de que nenhuma tratativa foi iniciada até o momento de publicação deste texto.
Enquanto existir somente uma promessa vazia no futuro do clube, o torcedor Villanovense pode apenas sonhar com o retorno do Leão do Bonfim aos dias de glória, quando o clube fazia frente aos grandes do Estado.

Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Villa_Nova_Atl%C3%A9tico_Clube#Hist%C3%B3ria
https://pt.wikipedia.org/wiki/4-2-4
https://www.ogol.com.br/edicao/campeonato-mineiro-modulo-ii-2021/155054?fase=148528&jornada_in=5