O projeto da seleção de Marrocos

O quarto lugar na Copa do Mundo de 2022 e a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 não foram fruto do acaso. Esses resultados históricos da seleção de Marrocos são o reflexo de um projeto ambicioso e bem estruturado que começou anos antes, com o objetivo de levar a equipe nacional a novos patamares.

Bruno Lobão
Por Bruno Lobão - PFQL 3 Minutos de Leitura

O quarto lugar na Copa do Mundo de 2022 e a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 não foram fruto do acaso. Esses resultados históricos da seleção de Marrocos são o reflexo de um projeto ambicioso e bem estruturado que começou anos antes, com o objetivo de levar a equipe nacional a novos patamares.

Não à toa, durante o mundial do Catar, o técnico Walid Regragui ironizou os comentários da mídia e destacou que, por trás de um grande resultado, há sempre um grande trabalho. “Vão dizer que é milagre, principalmente na Europa. Enfrentamos Croácia, Bélgica, Espanha, Portugal e não sofremos gols. Isso não é milagre, é resultado de trabalho duro”, disse o comandante após a vitória contra Portugal nas quartas do torneio.

O investimento na formação de jovens atletas, a integração de jogadores de origem marroquina e a escolha de uma equipe técnica experiente são apenas algumas das estratégias usadas pela Federação Marroquina para impulsionar o futebol no país. Quer entender melhor tudo que vem sendo feito e os resultados alcançados? Vem com a gente!

O projeto da seleção de Marrocos
Foto: Getty Images

Academia de Futebol Mohammed VI

O pontapé inicial do projeto ocorreu em 2010, com a inauguração da Academia de Futebol Mohammed VI. A iniciativa tinha como objetivo criar uma rede para a formação de atletas, associando o esporte aos estudos, com o intuito de desenvolver jovens talentos marroquinos para um trabalho de médio a longo prazo. Dessa forma, o complexo foi inaugurado em março daquele ano na cidade de Salé, próxima à capital Rabat.

Dentro do projeto de prospecção, o Rei Mohammed VI estabeleceu cinco objetivos específicos para o desenvolvimento do futebol em Marrocos. São eles:

1. Identificação de jovens talentos em todo o país

2. Foco em áreas desfavorecidas de Rabat

3. Implementação de um currículo integrado de esporte e educação

4. Desenvolvimento de um modelo de jogo nacional

5. Preparação de jogadores juniores para ligas profissionais

A academia possui quatro estádios construídos de acordo com as diretrizes da FIFA, um campo de futebol meio sintético, um box de treinamento, quatro vestiários e um espaço especial para treinamento de goleiros. O centro médico do complexo é composto por uma clínica, consultórios de fisioterapia e uma piscina de balneoterapia, garantindo suporte total aos atletas.

O espaço conta também com outros quatro centros que oferecem acomodação, educação, espaço técnico e administrativo. As instalações incluem uma sala de musculação, fisioterapia e uma piscina, além de uma área pedagógica com 10 salas de aula, incluindo espaços para ensino de idiomas e informática. Todas as atividades seguem as diretrizes de um currículo de estudo esportivo apoiado pelo Ministério da Educação.

Em 2019, o Rei inaugurou o Complexo de Futebol Mohammed VI, uma nova instalação dedicada à análise de desempenho e à excelência esportiva, que complementa o projeto de desenvolvimento. O complexo também abriga a nova sede da Federação e um museu do futebol, destinado a preservar e celebrar a memória do esporte marroquino. As obras tiveram início em 2021.

Jogadores formados no projeto

Os resultados do investimento feito pelo Rei logo começaram a surgir. Em 2013, a seleção de Marrocos participou do Mundial Sub-17, com seis titulares naturalizados, todos de origem marroquina. Entre eles estava o volante Sofyan Amrabat, que recentemente atuou pelo Manchester United.

Mais tarde, nomes importantes da histórica campanha do Mundial de 2022 foram revelados pela academia: o atacante Youssef En-Nesyri, do Fenerbahçe; o zagueiro Nayef Aguerd, do West Ham; e o volante Azzedine Ounahi, do Olympique de Marselha.

Outros jogadores de destaque, como Abdel Aqbar, zagueiro do Alavés; Reda Tagnaouti, terceiro goleiro da seleção nacional; e Hamza Mendyl, do OH Leuven-BEL, também deram seus primeiros passos na Academia Mohammed VI.

Resultados e feitos históricos

Além do quarto lugar na última Copa do Mundo e da medalha de bronze nas Olimpíadas de Paris, a seleção marroquina venceu duas das últimas três edições do African Nations Championship (CHAN), um torneio de seleções da África reservado para jogadores que atuam em seus países de origem. No entanto, em 2022, não participou da competição devido às tensões políticas com a Argélia, que sediou os jogos.

O impacto do investimento não se limitou à seleção principal. A equipe feminina de Marrocos também colheu os frutos, alcançando pela primeira vez a classificação para a Copa do Mundo de 2023 e avançando até a fase de mata-mata. O futsal marroquino também se desenvolveu, tornando-se presença constante nos mundiais da modalidade.

CAF 2025 e Copa do Mundo 2030

Sede dos Mundiais de Clubes em 2013, 2014 e 2022, Marrocos se prepara para receber, nos próximos anos, os dois maiores eventos esportivos de sua história. Como parte de seu projeto de desenvolvimento, o país conquistou a candidatura para sediar a Copa Africana de Nações de 2025, que contará com 24 seleções e será realizada novamente no país após 37 anos.

Além disso, em 2030, Marrocos sediará a Copa do Mundo FIFA, em conjunto com Espanha e Portugal. Com a organização iminente torneio, é esperado um aumento significativo nos investimentos em políticas esportivas, infraestrutura e na formação de jogadores locais, visando alcançar, quem sabe, conquistas ainda maiores do que as obtidas em 2022.

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Estudante de jornalismo e apaixonado por esportes no geral.
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