Em 1972, a Alemanha recebera os Jogos Olímpicos, diferente da edição de 1936 que foi uma amostra do que o Governo de Adolf Hitler podia fazer na nova Alemanha recém saída da crise economica dos anos 1920 e do prejuízo traumático do fim da I Guerra Mundial, essa edição seria totalmente diferente, a intenção era tanta de causar uma nova impressão ao mundo da Alemanha do pós guerra, que a segurança foi mais flexível do que o normal para um evento desse tamanho emplena Alemanha do Muro de Berlim.
Era uma tragédia anunciada, o que aconteceu naquela edição marcou para sempre a história dos jogos Olímpicos como ‘O Massacre de Munique’, e o Noite de Copa junto à sua equipe de redatores irá contar essa história.
TRAGÉDIA ANUNCIADA | O Massacre de Munique.
No dia 5 de setembro de 1972, os Jogos Olímpicos vivenciaram um de seus piores momentos. Corria a segunda semana das Olimpíadas de Munique, quando terroristas do grupo palestino Setembro Negro invadiram a vila olímpica dos atletas, fazendo 11 membros da delegação de Israel de refém. A ação resultou na morte de 17 pessoas, incluindo seis treinadores, cinco atletas e um policial da Alemanha Ocidental.
ENTENDA O CONTEXTO
Receosa com os ecos do nazismo, a Alemanha Ocidental decidiu realizar uma Olimpíada menos militarizada possível. A ideia era tentar mudar a imagem deixada nos Jogos Olímpicos de Berlim 1936, quando Adolf Hitler tentou utilizar o evento para propagar o nazismo.
– A Alemanha queria mostrar que era capaz de realizar Jogos completamente opostos aos de 1936, porque o nazismo estava na Alemanha como aquele encosto com o qual você não consegue se livrar – disse o historiador Luiz Antônio Simas.
– Era a maneira de Munique sediar Jogos tranquilos naquele mesmo país onde judeus e mais judeus acabaram morrendo nos campos de extermínio do Holocausto – complementou Thiago Gomide.
Contudo, o mundo passava por diversos conflitos, em especial no Oriente Médio, onde surgira, dois anos antes, a Organização Setembro Negro, grupo militante secular palestino. Dispostos a chamarem a atenção do mundo, o Setembro Negro aproveitou as Olimpíadas de Munique 1972 para realizar sua ação mais violenta.
Armados de rifles AKM, pistolas Tokarev e granadas, oito terroristas invadiram a vila olímpica dos atletas na madrugada de 5 de setembro de 1972. Lá dentro, eles roubaram chaves e entraram em dois apartamentos ocupados pelos israelenses.
– Tem um fato que explica bastante o Massacre de Munique. Em 1967 ocorre a Guerra dos Seis Dias com Israel tomando uma série de áreas dos países árabes. Então não havia diplomacia que contornasse o que ocorria no Oriente Médio naquele momento – explicou Luiz Antônio Simas.
TREINADOR REAGE
Treinador de wrestling da seleção de Israel, Moshe Weinberg reagiu à invasão e foi baleado na boca. Em seguida, os terroristas invadiram outro apartamento ocupado por israelenses. Entretanto, tais integrantes da delegação não foram feitos de refém, uma vez que Weinberg mentiu aos palestinos dizendo não se tratar de atletas israelenses.
A ideia por trás da mentira era leva-los a um outro apartamento, ocupado pelos lutadores mais fortes do wrestling israelense. Weinberg acreditava que assim teria mais chance de desarmar os terroristas, o que acabou não acontecendo. Pior, Weinberg reagiu novamente, levou outro tiro e acabou morrendo.
O lutador Yossef Romano, um veterano da Guerra dos Seis Dias, também tentou imobilizar os terroristas, ferindo um deles, mas foi morto logo em seguida. Logo depois, nove israelenses foram feitos de reféns.
O sequestro imediatamente chamou a atenção da mídia internacional. Autoridades de Israel, Estados Unidos e até da Jordânia condenaram o atentado e pediram a libertação dos reféns. O grupo de terroristas, por sua vez, usou a visibilidade para pedir a libertação de 234 detentos palestinos presos em Israel. Eles também pediram a soltura dos alemães Andreas Baader e Ulrike Meinhof, membros da Fração do Exército Vermelho. As exigências não foram aceitas por Israel.
Os terroristas então mudaram suas exigências, passando a pedir por um avião e helicópteros. O governo alemão concordou, mas, na verdade montou uma emboscada. A ideia era atacar os terroristas quando eles entrassem no avião.
EMBOSCADA FRACASSA
Dois helicópteros foram enviados à vila olímpica. A missão era levar os terroristas e os reféns até a Base Aérea de Fürstenfeldbrück. Um Boeing 727 foi separado para os terroristas. Eles eram ocupados por policiais disfarçados.
Às 22h30, os helicópteros pousaram em Fürstenfeldbruck. Ao entrarem na aeronave e verem que não havia tripulação, os terroristas desconfiaram da emboscada. Dois terroristas correram de volta para os helicópteros. Sem receber ordens, um dos atiradores da polícia abriu fogo diversas vezes, atingindo um dos terroristas. Os demais policiais na localidade então receberam ordens para atirar.
O caos se instalou, já que a emboscada fracassou. Numa intensa troca de tiros, o policial alemão, Anton Fliegerbauer, acabou sendo morto. Cinco terroristas também morreram, assim como nove reféns. Três terroristas decidiram se entregar. Um deles conseguiu fugir, mas foi encontrado e morto pela polícia numa troca de tiros.
O massacre só terminou à 01h30 do dia 06 de setembro. Mesmo sofrendo resistência do governo alemão, o Comitê Organizador dos Jogos decidiu suspender as Olimpíadas. Para tentar amenizar, uma cerimônia foi realizada no Estádio Olímpico de Munique, onde 80 mil espectadores e 3 mil atletas compareceram na esperança de que fatos como esse nunca mais ocorressem nos Jogos.
As Olímpiadas continuaram normalmente o seu cronograma pré definido, muito se foi comentado sobre a continuidade dos jogos mas é fato que os jogos não pararam. Em 2005, o renomado diretor Steven Spielberg, de ‘A Lista de Schindler’, trouxe às telas do cinema essa história no longa ‘Munique’, filme protagonizado por Eric Bana (Hulk, Tróia) e Daniel Craig (Franquia 007).