No duelo deste sábado contra o Villarreal, o lateral-direito Carvajal, do Real Madrid, foi mais uma vítima da famigerada lesão de ligamento cruzado anterior (LCA), juntando-se a nomes como Rodri, Pedro, Gabriel Mercado e Bremer. Afinal, por que essa lesão é tão temida, e como ela ocorre? A PFQL explica.
O que é?
Os ossos do corpo humano são interligados por ligamentos, que são estruturas compostas por colágeno e tecido conjuntivo com fibras elásticas. São essas fibras elásticas que permitem que o ligamento se alongue, porém esse movimento é limitado. Quando o estresse sobre essa estrutura ultrapassa esse limite, há a ruptura ligamentar, podendo ser parcial ou completa.
Dentro do esporte, especificamente o futebol, o ligamento mais conhecido é o ligamento cruzado anterior, o famoso LCA. Isso se dá pelo fato dele ser uma das principais estruturas que atua nos movimentos de desaceleração e mudança de direção dos atletas, ações que deixam o LCA exposto às rupturas. Entretanto, não só através das entorses acontecem essas lesões, pois também podem ocorrer através do trauma, ou seja, quando existe o impacto entre dois ou mais atletas e a região dos membros inferiores é atingida. O desequilíbrio muscular entre os isquiotibiais e o quadríceps também é um fator que pode contribuir para a ruptura do LCA. Por quê? O mecanismo dessa lesão se dá pelo pé fixo ao solo, associado a uma rotação interna da tíbia e rotação externa do fêmur, e são os posteriores de coxa (isquiotibiais) os responsáveis por sustentar todas essas estruturas, evitando essas rotações e que não haja a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur. O quadríceps é a musculatura mais forte, até por ser um dos principais músculos a atuar, entre outros movimentos, na ação de chute do jogador, que é realizada na maior parte do tempo de jogo. Logo, os posteriores devem ser trabalhados para que não haja esse desarranjo, porque, havendo, a chance de ruptura é ainda maior.
Diagnóstico
O diagnóstico da lesão é feito por testes clínicos. Os testes de gaveta anterior e teste de Lachman são os mais conhecidos. Eles detectam a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur. A ressonância magnética (RNM) é utilizada pra saber o grau da lesão, se for apenas um estiramento (grau I), ruptura parcial (grau II) ou ruptura parcial (grau III). A recuperação irá variar de paciente para paciente, pois é preciso avaliar as atividades diárias deles. No caso dos jogadores de futebol, que necessitam de ligamentos íntegros para realizar suas atividades, sempre que houver a ruptura, parcial ou total, o indicado será o procedimento cirúrgico para reparar o ligamento. Esse reparo é feito através de enxertos de alguns tendões, e os principais são o tendão quadricipital (quadríceps), tendão patelar (patela) e tendões dos isquitibiais (posteriores de coxa).
Recuperação
De uma forma geral, a recuperação mínima nos dias atuais é de nove meses, podendo chegar até aos 12 meses. Esse é o tempo para a cicatrização total e ligamentização dos enxertos usados na reconstrução, e a volta antes desse período coloca o atleta em uma situação provável de recidiva.
A fisioterapia atua diretamente no pré e pós-operatório para a plena recuperação do atleta, acompanhando todo o processo de reabilitação. Cada paciente possui suas peculiaridades, porém, dentro de 20 dias já é possível deambular com controle de descarga de peso. Conforme há a evolução da recuperação, são incluídos exercícios de ganho de amplitude de movimento (ADM), fortalecimento do quadríceps e posteriores de coxa, e são realizados trabalhos de propriocepção, até que o atleta ganhe alta fisioterapêutica pra voltar aos trabalhos físicos e com bola.
Texto de Gustavo Diniz, ex-redator da PFQL.