Alfredo Angel Romano nasceu no dia 08/08/1894 na capital uruguaia. Cresceu próximo ao Parque Central, onde mais tarde seria construído o estádio do Nacional, clube pelo qual se tornaria torcedor. Neste texto vamos contar a história do maior vencedor da Copa América.
Iniciou sua carreira em 1910, aos 15 anos, estreando pelas categorias de base do Nacional com um hat-trick em uma vitória por 4×1. Era conhecido por ser extremamente habilidoso, polivalente e excelente nas finalizações e dribles.
Em 1911, transferiu-se para o Central Uruguay Railway Cricket Club (C.U.R.C.C.), que em 1913 foi renomeado para CURCC Peñarol e em 1914 tornou-se o Club Atlético Peñarol. Em sua primeira temporada com a camisa aurinegra, conquistou a tríplice coroa: a Primeira División, a Copa de Honor e a Copa de Honor Cousenie
Romano permaneceu no Peñarol até 1913, quando se transferiu para o Boca Juniors. Apesar de não conquistar títulos pelo clube argentino, tornou-se um ídolo por sua garra e versatilidade, chegando a atuar como goleiro em uma partida, na qual não sofreu gols. Pelo Boca, disputou 27 partidas e marcou 7 gols. Entretanto, Angel sempre sonhou em voltar para o seu time do coração, e assim fez em 1915, retornando ao Nacional. Lá, consagrou-se como um dos maiores ídolos da história do clube, onde permaneceu até encerrar sua carreira. Durante sua trajetória, conquistou 8 campeonatos uruguaios, 3 Copas de Honor, 7 Copas de Competencia, 2 Tie Cup, 3 Copas de Honor Cousenier e 3 Copas Aldao.
Seu sucesso como jogador não se resumiu a apenas glórias por clubes. O jogador, conhecido como “El loco”, também se destacou pelo seu desempenho com a camisa celeste. Foi convocado pela primeira vez para defender seu país em 1911, com apenas 16 anos. Pelo Uruguai, disputou 68 partidas e marcou 28 gols. Assim como fazia pelo seu time, também acumulou diversos títulos, como 5 Copas Lipton, 4 Copas Newton e 5 Copas Premier Honor Uruguayo. Suas maiores conquistas foram as 6 Copas América, que o tornam o maior campeão da história da competição.
Sua primeira conquista veio logo na primeira edição da Copa América, em 1916, quando ainda era chamada de Campeonato Sul-Americano de Futebol. Além do Uruguai, Brasil, Argentina e Chile também participaram do torneio, disputado em um formato de grupo único onde cada time se enfrentou uma vez. Venceram o Chile por 4×0, depois derrotaram o Brasil por 2×1 e empataram em 0x0 com a Argentina, resultados que garantiram a primeira colocação do grupo com 5 pontos (na época, o time ganhava 2 pontos pela vitória, 1 ponto pelo empate e nada pela derrota), com a defesa menos vazada, e o título. Angel não marcou gols nessa edição.
Seu próximo título veio logo no ano seguinte, contra os mesmos adversários. Dessa vez, venceram todas as partidas, batendo o Chile por 4×0, o Brasil por 4×0 e a Argentina por 1×0. Campeões invictos, com a melhor defesa, melhor ataque e o jovem Angel Romano na artilharia, com seus 4 gols (2 contra o Chile e 2 contra o Brasil).
Em 1919, novamente disputado entre os mesmos 4 clubes, o Uruguai somou 5 pontos com as vitórias por 3×2 e 2×0 contra Argentina e Chile, respectivamente, e o empate em 2×2 com o Brasil. Entretanto, o Brasil, que goleou o Chile por 6×0 e venceu tranquilamente a Argentina por 3×1, garantiu os mesmos 5 pontos que a equipe de Angel. Com isso, foi disputada uma partida de desempate e o Uruguai foi derrotado com um gol de Friedenreich, não conseguindo o tricampeonato consecutivo.
A quarta edição do Campeonato Sul-Americano de Futebol também foi disputada entre os mesmos países. Dessa vez, o Uruguai empatou em 1×1 com a Argentina, atropelou o Brasil por 6×0, com dois gols de Romano, e bateu o Chile por 2×1, com mais um gol dele. Com isso, o tricampeonato chegou em 1920, mais uma vez com Angel na artilharia.
No ano seguinte, o Paraguai entrou para disputar o campeonato no lugar do Chile. Nessa edição, o Uruguai não foi bem e venceu apenas o confronto contra o Brasil, com 2 gols de “El loco” Romano. O título ficou com a Argentina, que venceu todos os adversários.
Em 1922, disputaram o título todas as 5 seleções que já haviam participado do torneio. O Uruguai bateu a Argentina e o Chile, mas ficou apenas com o terceiro lugar. Já no ano de 1923, viu seu país voltar a ser campeão e levar o quarto título, mas o atleta não estava presente no elenco por causa de uma lesão.
O Brasil não participou do torneio em 1924, mas o Uruguai de Angel Romano, sim. Consagraram-se pentacampeões da América do Sul goleando o Chile por 5×0, vencendo bem o Paraguai por 3×1 e empatando com a Argentina em 0x0. Mais um título para a lista de Angel, que marcou dois gols na competição. Entretanto, o ano de 1924 foi ainda mais mágico para Angel, que conquistou o maior título da sua carreira: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Verão. O torneio foi disputado em Paris e o Uruguai estreou enfrentando a Iugoslávia, que foi atropelada por 7×0. Na próxima fase, também passaram tranquilamente pelos Estados Unidos pelo placar de 3×0. Nas quartas, golearam a França por 5×1. Na semifinal, enfrentaram o primeiro jogo difícil ao enfrentar a Holanda, mas conseguiram batê-la por 2×1. Pegaram a Suíça na final e marcaram 3 gols, sagrando-se campeões com tranquilidade. Esse título estampou a primeira estrela na camisa celeste e até hoje é considerado pelos uruguaios como o primeiro título mundial da história do futebol, mesmo não sendo reconhecido como tal pela FIFA. (Na época, o torneio ainda não era um torneio sub-23.)
Em 1925, o Uruguai não participou da competição e o troféu ficou com a Argentina.
O ano de 1926 foi a última Copa América disputada por “El loco”. E nessa edição, fizeram o que faziam de melhor: vencer. Foram 4 vitórias em 4 partidas disputadas, com 17 gols marcados e apenas 2 gols sofridos. Angel, que na época já tinha 32 anos, entrou em apenas duas partidas e marcou 1 gol.
Em 1930, Angel Romano se aposentou do futebol aos 36 anos de idade como o atleta que mais ergueu troféus na história, com 50 taças levantadas (alguns torneios não são reconhecidos oficialmente, por isso Messi é considerado o maior campeão da história com 42 títulos conquistados). Angel aposentou-se como ídolo por onde passou, principalmente no seu time do coração, onde disputou 388 jogos e marcou 164 gols.
