A trégua de Natal de 1914

Descubra como a Trégua de Natal de 1914 trouxe momentos de união, confraternização e partidas de futebol entre soldados em plena Primeira Guerra Mundial.

Lucas Martins de Lara
Por Lucas Martins de Lara - Redator PFQL 2 Minutos de Leitura

Em um dos períodos mais trágicos da história da humanidade, o futebol foi a representação simbólica de um dos maiores atos de cavalheirismo de todos os tempos. Em ritmo natalino, a PFQL vai falar hoje sobre a Trégua de Natal de 1914.

Durante os primeiros meses da Primeira Guerra Mundial, os alemães invadiram terras francesas através da Bélgica, e os ingleses auxiliaram os franceses na expulsão dos alemães de Paris, no episódio conhecido como a Batalha do Marne, em setembro de 1914.

Os alemães, contudo, não foram retirados facilmente das terras francesas. Nos meses seguintes, inúmeros conflitos foram travados. Em novembro, o que se via era uma linha de frente contínua que se estendia do Mar do Norte até a fronteira com a Suíça, com ambos os lados em posições defensivas.

Essa posição defensiva deu origem à chamada “guerra de trincheiras”, marcada por combates estáticos, condições insalubres e um número crescente de baixas.

Com a aproximação do Natal, diversas tentativas de apaziguar os confrontos foram feitas. Uma delas foi a Carta aberta de Natal, uma mensagem pública dirigida às mulheres alemãs e austríacas, assinada por 101 sufragistas britânicas. O Papa Bento XV também apelou aos governantes por um cessar-fogo, pedindo que “as armas possam cair em silêncio, ao menos na noite em que os anjos cantam”. Apesar disso, as autoridades recusaram o pedido.

No dia 24 de dezembro de 1914, o espírito natalino pareceu prevalecer. O tempo, que havia sido ruim durante boa parte de dezembro, melhorou: a chuva deu lugar à neve, que congelou o chão e diminuiu o odor dos cadáveres.

O primeiro passo rumo à trégua não oficial partiu dos alemães, que decoraram as trincheiras com velas e árvores de Natal, continuando a celebração com cânticos natalinos. Os britânicos responderam com suas próprias músicas, e o clima amistoso culminou em uma celebração conjunta, com ambos os lados cantando em inglês.

Soldados de ambos os lados começaram a trocar saudações natalinas, seguidas por convites para encontros pacíficos. Anos depois, o capitão alemão Josef Sewald, do 17º Regimento Bávaro, relatou: 

“Gritei para os nossos inimigos que não queríamos atirar e que faríamos uma trégua de Natal. Disse que eu viria do meu lado e que poderíamos conversar. A princípio, houve silêncio, mas então um inglês gritou: ‘Parem os tiros!’. Pouco depois, ambos saímos das trincheiras, apertamos as mãos – ainda cautelosos – e nos aproximamos.”

Logo, soldados cruzaram a Terra de Ninguém para trocar presentes como tabaco, alimentos, álcool e lembranças, como botões e chapéus.

Embora os relatos sobre partidas de futebol durante a trégua variem, acredita-se que algumas tenham ocorrido. Há depoimentos de soldados alemães afirmando que uma bola foi lançada pelo lado britânico, resultando em um jogo entre escoceses e alemães, que teria terminado em 3 a 2 para os germânicos. Outros relatos indicam que partidas entre britânicos e alemães foram limitadas pela falta de bolas, pela oposição dos superiores ou pelas condições do terreno.

“Poucas partidas realmente aconteceram entre britânicos e alemães. No entanto, houve algumas partidas entre os britânicos, atrás de suas trincheiras, ao ar livre, mas há menos evidências de partidas entre alemães e britânicos.”

A guerra retomou seu curso gradualmente, muito mais pela imposição das lideranças do que pela vontade dos soldados. Ainda assim, a Trégua de Natal de 1914 e os momentos de confraternização, incluindo os jogos de futebol, simbolizam a força do espírito humano e a capacidade do esporte de unir a humanidade, mesmo nos momentos mais sombrios.

O Noite de Copa e a PFQL desejam a todos um feliz Natal!

A trégua de Natal de 1914

Referências:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Tr%C3%A9gua_de_Natal#Contexto

https://www.bbc.com/portuguese/articles/c3gy55lx8yvo

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Por Lucas Martins de Lara Redator PFQL
Redator apaixonado por futebol e viciado no Palmeiras.
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