No dia 27 de janeiro de 1994, há exatamente 30 anos, o Estádio Nacional de Barbados foi palco de uma das partidas mais inusitadas que o mundo do futebol já presenciou. O jogo foi válido pela extinta Copa do Caribe, torneio que contemplava apenas seleções da América Central, e que posteriormente foi substituído pela Liga das Nações da CONCACAF. Naquela ocasião, Barbados x Granada se enfrentaram pelo Grupo 1, valendo uma vaga na segunda fase do supracitado torneio. Quer entender melhor como foi a partida? Vem com a gente!
Introdução
Primeiramente, é importante dizer que a Copa do Caribe foi uma competição organizada pela Caribbean Football Union, um pequeno órgão afiliado à CONCACAF que representa cerca de 25 seleções nacionais, e foi disputada entre os anos de 1989 e 2017. Servia como competição classificatória para a Copa Ouro da CONCACAF, até ser substituída pela atual Liga das Nações. No entanto, hoje vamos falar sobre a edição de 1994, em que ocorreu a histórica partida citada anteriormente.
O torneio contou com um formato diferente, disputado inicialmente por 17 seleções divididas em cinco grupos. Isso ocorreu por conta da desistência de Cuba de participar dos jogos, o que forçou uma mudança de última hora no regulamento e um novo modelo de disputa. Os líderes de cada grupo se juntavam a Trinidad e Tobago, Haiti e Martinica na segunda fase, formando mais dois grupos com quatro seleções em cada. Tanto Barbados quanto Granada estavam no Grupo 1, ao lado de Porto Rico, que havia entrado na última rodada já eliminado.
Os jogos da fase de grupos não poderiam acabar empatados. Se ao longo dos 90 minutos não houvesse um vencedor, seria disputada uma prorrogação de 30 minutos no sistema de “morte súbita”. Para efeito de placar final, o gol da morte súbita era contado em dobro.
Para seguir em frente na competição, Barbados precisava vencer a seleção de Granada por dois gols de diferença, enquanto os granadinos poderiam perder por até um gol para avançar à segunda fase.
A partida
Como esperado, a seleção de Barbados – que era mandante – começou o jogo com um ritmo forte, partindo para cima do adversário e abrindo logo dois gols de vantagem contra Granada. O resultado de 2 a 0 era suficiente para a classificação, e a equipe da casa fazia uma partida segura, administrando o placar e deixando o tempo correr.
Estava tudo certo para Barbados. Até que, aos 38 minutos do segundo tempo, Granada consegue balançar as redes e diminui para 2 a 1. O resultado agora passava a ser favorável ao time visitante, que, como dito, podia perder por até um gol de diferença para avançar.
Ciente do regulamento e de olho no relógio, Barbados percebeu que, se marcasse um gol contra e levasse o jogo para a prorrogação, teria 30 minutos para marcar o gol salvador, e não apenas 7, que era o tempo restante para terminar a partida. Dessa forma, aos 44 da segunda etapa, o zagueiro Terry Sealy, de Barbados, chutou a bola contra o próprio gol e deixou tudo igual: 2 a 2.
Percebendo a situação, Granada começou a atacar para os dois lados, tentando marcar um gol contra para deixar o jogo em 3 a 2 para o rival, ou então o gol da virada, para selar de vez a classificação para a próxima fase. Porém, Barbados conseguiu impedir as investidas dos granadinos em ambas as metas, e assim o jogo foi para a prorrogação.
Passados 4 minutos do tempo extra, Trevor Thorne marcou o gol de ouro para a seleção de Barbados e definiu a partida. Como o gol marcado na morte súbita valia o dobro, o placar final marcou 4 a 2 para os barbadianos, que conseguiram a liderança do grupo e se classificaram para a próxima fase do torneio.
Pós-jogo
Após a partida, o técnico James Clarkson, da seleção de Granada, concedeu uma entrevista forte, criticando a organização da copa.
“A pessoa que criou essas regras deve ser um sério candidato para o hospício. […] Os nossos jogadores nem sequer sabiam qual direção atacar: Nossa meta ou a do adversário. Eu nunca vi isso acontecer antes. No futebol, você deve marcar contra os adversários para ganhar, não para eles.”, disse.
Na sequência da competição, Barbados caiu no Grupo A da segunda fase, ao lado de Trinidad e Tobago, Guadalupe e Dominica. Com dois empates e uma derrota, os barbadianos foram eliminados e deram adeus às chances de título. Trinidad e Tobago, a seleção anfitriã da fase final, venceu Suriname na semi e Martinica na grande decisão, faturando o terceiro dos oito títulos do país na Copa do Caribe.
✏️ Escrito por @brunolobao_