O Atlético Mineiro está em alta após as ótimas campanhas na Libertadores e na Copa do Brasil. Assim, é uma boa hora para lembrar do artilheiro de 1971, quando o Atlético foi campeão brasileiro pela primeira vez. Falar sobre Dario “Dadá” Maravilha tem que ser sempre em tom elogioso. Afinal, esse carioca, que hoje tem 78 anos, nascido em Marechal Hermes, tem uma história simplesmente maravilhosa pra ser contada. Nasceu pobre na Rua Frei Sampaio, e sua mãe tinha alguns transtornos mentais. Seu pai, por sua vez, acabou colocando-o na Febem, numa tentativa de dar um bom rumo à sua vida. Na Febem, Dadá passou a ter más companhias e acabou caindo na vida de crimes, com pequenos furtos, brigas e confusões.
Aos 17 anos, viu um amigo ser morto durante um assalto, e isso impactou violentamente a sua vida. Dadá decidiu que não seria esse o caminho a seguir, e que teria que fazer outra coisa. Foi servir o Exército, e no quartel o capitão fez uma ameaça: Se o time do quartel não ganhasse o campeonato que ia começar, eles ficariam 30 dias sem sair do local. Dadá, então, fez uma contraproposta: E se nós ganharmos, podemos ficar 30 dias em casa com nossa família? O fato é que ele realmente ganhou o campeonato, mesmo sem saber jogar bola, como ele mesmo disse várias vezes em suas entrevistas. Um desses militares acabou indicando o jovem para o Campo Grande, onde ele começou a sua carreira. E, realmente, Dadá nunca foi bom de bola. Era grosso, não sabia chutar, não sabia driblar, e quando ia dominar a bola, tropeçava… Mas, tinha uma velocidade impressionante.
Segundo ele, essa habilidade vinha de tanto correr da polícia. Além disso, ele também tinha uma grande impulsão, sua marca registrada. A explicação de Dadá é que essa outra habilidade vinha de tanto pular muro e subir em árvores. Ele foi jogando no Campo Grande, até que o presidente do Atlético Mineiro resolveu assistir a um jogo dele, por indicação de uma pessoa do próprio exército. Nesse jogo, que era contra o Bonsucesso (na época um bom time, atrás apenas do Flamengo da época), fez três gols e acabou contratado no ano seguinte pelo Galo. Por lá, Dadá foi simplesmente sensacional! Ele ganhou vários títulos e foi artilheiro por anos seguidos.
Durante sua carreira, Dadá chegou a jogar em 15 clubes diferentes, além da seleção brasileira. Sua identificação com o Galo era enorme, mas esteve em outros grandes clubes, sempre com sucesso e muitos gols. No Flamengo, por exemplo, marcou 36 gols em 76 partidas. Além de campeão carioca pelo Flamengo, foi campeão pelo Internacional e por vários outros clubes. Mas, o seu primeiro grande título foi o Brasileiro de 71, o primeiro campeonato brasileiro chamado de Campeonato Brasileiro mesmo. Dadá fez um gol de cabeça num cruzamento em que ele simplesmente parou no ar e tocou de cabeça para o fundo da rede. A partir daí, um dos seus apelidos foi “Beija-Flor”. Mais tarde, diria que só três coisas param no ar: Helicóptero, beija-flor e Dadá! Outra característica marcante de Dadá era sua capacidade de criar frases engraçadas e que marcaram a sua época, como “Não me venha com a problemática porque eu vou com a Solucionática”, ou “ Com Dadá em campo não há placar em branco! “.
Além do Campeonato Brasileiro de 71, Dario ganhou também os campeonatos mineiros de 70 e de 78, o Carioca de 73, o Pernambucano de 75, o Gaúcho de 76, o Baiano de 81 e 82 (quando foi coroado Rei Dadá), além de ter ganho o Goiano de 83. Como técnico, ganhou um campeonato amapaense em 1994.
Uma história que não podemos deixar de falar é da sua convocação para a seleção brasileira no elenco campeão de 1970. Sobre iss,o inclusive, existe uma episódio folclórico que diz que o presidente militar na época (General Emilio Garrastazu Médici) queria que o técnico da seleção brasileira, que era o João Saldanha, convocasse o Dario. Não se sabe se é verdade, mas dizem que a resposta do Saldanha foi que o presidente escalava o seu ministério, e ele escalava a seleção brasileira, cada um que ficasse na sua área. O fato é que João Saldanha foi demitido, Zagallo assumiu e convocou Dario. Alguns jornalistas, mais tarde, disseram que o João Saldanha não foi demitido por ter dado a resposta malcriada ao presidente, e sim porque era um comunista conhecido e atuante, do tipo que ajudava os seus companheiros de partido, escondia pessoas perseguidas e contribuía financeiramente para o partido, e não seria de bom tom para o regime militar ter um comunista como técnico campeão da Copa do Mundo. A verdade talvez ninguém nunca venha a saber, mas esses foram os fatos.
Depois de algum tempo após se aposentar, Dada também foi palestrante e falava sempre sobre como driblar as adversidades. Afinal, ele veio do nada e se tornou um ídolo nacional e um dos maiores artilheiros da história do futebol brasileiro. Na verdade, com 926 gols, ele é o quarto maior artilheiro do Brasil, perdendo apenas para Pelé (1284 gols), Romário (1002) e Artur Friendenreich (1329).
Veja agora mais algumas frases que ficaram famosas na boca do Dadá Maravilha:
* “Pra pegar Dadá na corrida, só se for de táxi.”
* “Não existe gol feio. Feio é não fazer gol.”
* “Pra fazer gol de cabeça era queixo no peito ou queixo no ombro.”
* “Pelé, Garrincha e Dadá tinham que ser currículo escolar.”
* “Faço tudo com amor, inclusive o amor.”
* “Nunca aprendi a jogar futebol pois perdi muito tempo fazendo gols.”
* “Só existem três poderes no universo: Deus no Céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área.”
* “A área é o habitat natural do goleador; nela, ele está protegido pela constituição, se for derrubado é pênalti.”
* “Num time de futebol há nove posições e duas profissões: goleiro e centroavante.”[11]
* “Fiz mais de 500 gols, só correndo e pulando.”
* “Quando eu saltava, o zagueiro conseguia ver o número da minha chuteira.”
* “São duas coisas que eu não aprendi: Jogar futebol e perder gol!”
* “Futebol não pode ficar acima da educação, não!”
* “Chuto tão mal que no dia em que eu fizer um gol de fora da área, o goleiro tem que ser eliminado do futebol.”
* “Se o gol é a maior alegria do futebol, foi Deus quem inventou Dadá, porque Dadá é a alegria do povo.”
* “Dadá não é eterno. Sua história será eterna.”
Era um momento diferente de hoje, tanto no futebol como no próprio Brasil. Mas Dadá, pelo menos na memória dos torcedores atleticanos, é sim eterno.
Link da foto: https://www.otempo.com.br/sports/atletico/atletico-celebra-aniversario-de-dada-maravilha-sua-historia-e-eterna-1.3341957
Referências: https://www.google.com/search?q=sepoimentos+sobre+dario+(dad%C3%A1+maravilha)&oq=sepoimentos+sobre+dario+(dad%C3%A1+maravilha)&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyBggAEEUYOTIJCAEQIRgKGKAB0gEJMjA0MTJqMGo3qAIAsAIA&sourceid=chrome&ie=UTF-8#fpstate=ive&vld=cid:4bd32120,vid:Dt0-PTshE-0,st:347 + entrevista do atleta à TV Alterosa