12 de outubro de 1909 é a data registrada, pelos historiadores, como a da fundação do Coritiba, quando, um grupo de jovens, sendo a maioria deles provenientes da colônia alemã, reunidos no Clube Ginástico Turnverein, mais tarde Teuto Brasileiro, teve contato com uma grande novidade. Frederico Essenfelder, o Fritz, que residira um tempo em Pelotas-RS, apareceu com o objeto da moda por lá: uma bola de futebol. A curiosidade foi geral, face às notícias que relataram estar nascendo um novo esporte na cidade de Rio Grande, oriundo da Inglaterra, que, desde o século anterior, procurava difundir sua prática. E Essenfelder iria transformar uma imagem de sonho em uma autêntica realidade.
A iniciativa foi motivo de entusiasmo a outros jovens daquela geração; João Viana Seiler, Leopoldo Obladen, Carlos Schelenker, Arthur Iwersen, Arthur Hauer (que levava toda a família), Walter Dietrich, Roberto Isckch, Rodolpho Kastrup e muitos outros. Junto a eles, um brasileiro autêntico, José Júlio Franco; mais tarde formaria um trio com Seiler e Obladen, decisivo à implantação do Clube. Onde iniciar a prática do futebol? No “turnverein”, os que não aderiram ao novo esporte não olhavam com bons olhos aquele movimento. E, de Ponta Grossa, já chegavam notícias de um clube que lá se organizava, com o nome de “Club de Foot-Ball Tiro Pontagrossense”.
Ele era formado por jovens que freqüentavam o Tiro de Guerra 21 e ingleses que eram funcionários da companhia Engeneering, que instalava a via férrea em território paranaense. Os curitibanos não perderam tempo. Conseguiram uma área, entre as ruas João Negrão e Marechal Floriano, atrás do quartel da Polícia Militar, onde passaram a praticar o futebol e tomar conhecimento de suas regras e determinações. E logo chegou o primeiro convite: um jogo em Ponta Grossa.
Entusiasmo geral! Em 23 de Outubro de 1909, uma delegação seguiu com dois jornalistas: Luis Schelenker, do Der Beobaether, órgão da colônia germânica de Curitiba, e Aldo Silva, do Diário da Tarde. Eles contam que, o primeiro time a entrar em campo para iniciar sua história, era formado por Arthur Hauer, A. Labsch e Walter Dietrich; Arthur Iwersen, Roberto Iusksch e Theodoro Obladen; Rodolpho Kastrup, Maschke, Leopoldo Obladen, Carlos Schlenker e Fritz Essenfelder.
O time de Ponta Grossa, já com quase seis meses de treinamentos, venceu por 1×0, gol do inglês Charles Wright. Na volta da delegação para Curitiba, durante a viagem, a deliberação histórica. João Viana Seiler, o grande líder do grupo, não se conformava com a discriminação, que se iniciava no “Turnverein” e lançou ali, precisamente neste momento, a idéia da fundação do novo clube.
Reuniões eram realizadas no Teatro Hauer, na esquina das ruas 13 de Maio e Mateus Leme. Em trinta dias, o grupo já contava com mais de sessenta pessoas. No dia 30 de janeiro de 1910, era fundado o Coritibano Foot Ball Club. Só que, por idéia de João Vianna Seiler, que viria a ser o primeiro presidente do Clube e seu patrono, a data oficial passaria a ser, o 12 de outubro de 1909, por ter sido naquele dia oficializado o convite para a realização da primeira partida de futebol em Ponta Grossa. A primeira providência do Clube foi conseguir, junto ao Jockey Club Paranaense, liberação de parte de seu patrimônio no Guabirotuba.
Na área que ficava entre as pistas apareceu um campo de futebol. E a idéia geral foi inaugurá-lo em uma partida com o time de Ponta Grossa para retribuir a recepção magnífica que foi dada quando da primeira partida. No time pontagrossense também houve uma mudança. Agora o clube se chamava Ponta Grossa Foot Ball Club. A sede social que o Coritiba adotara era de uma freqüência constante. A cidade começava a viver o grande amistoso.
Finalmente, em 12 de junho de 1910, a cidade assistia a primeira partida de futebol. Uma verdadeira festa que durou três dias. E com um valor ainda maior, porque a equipe da capital venceu a revanche por 5×3. A partir daí, vários amistosos eram disputadas entre as duas equipes, que procuravam difundir a prática do futebol para aumentar suas atividades. Não existiam campeonatos, apenas torneios de curto período. Havia a necessidade de mais clubes para se disputar um campeonato. E, mais uma vez, o Coritiba apareceu em cena. Com elevado número de praticantes, reuniram os dirigentes e resolveram dividir o time, cedendo vários jogadores para que formassem uma outra equipe, a fim de possibilitar a prática mais assídua do futebol. Foi aí que nasceu o Internacional, que, em 1924, faria fusão com o América. Era o hegemônico sangue alviverde possibilitando a existência de outro time no estado, que se converteria, em 24 de março de 1924, em um de seus dois grandes rivais, o Clube Atlético Paranaense, um dos três grandes clubes do futebol do estado.
Primeiros nomes importantes e primeiros jogos
Em 30 de janeiro de 1910, é aprovada a ata de fundação do Coritibano Foot Ball Club. Alguns meses depois, em 17 de abril de 1910, titulares e reservas do Coritibano inauguram o campo de futebol no Jockey Club Paranaense, que se localiza, onde hoje está a sede da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), no bairro Prado Velho, em Curitiba. Apenas quatro dias depois, é aprovado o primeiro estatuto do clube, que muda de nome e passa a se denominar Coritiba Foot Ball Club, que teria, sua primeira partida, em 12 de junho de 1910. Porém, a primeira partida oficial demoraria cinco anos, ou seja, meia década, chegando apenas, em 30 de maio de 1915 na estréria do Campeoanto Regional daquele ano.
Primeiros títulos e projeção nacional
Após a consolidação do campeonato, que se converteria no consagrado campeonato paranense, torneio que se remonta ao ano de 1915, ganhado pelo Internacional, um dos clubes que dariam origem ao Atlético-PR quase uma década depois, o Coritiba ganharia seu primeiro título já na segunda edição do certamem. Em um tom de espírito natalino, em 24 de dezembro de 1916, com gol de Maxambomba, o Alviverde vence o Savóia e conquista o primeiro título de sua história, de campeão pela liga APSA, algo ratificado em 21 de janeiro de 1917, quando, após vencer o Britânia, se consagra campeão paranaense de 1916.
Após a consolidação do campeonato, que se converteria no consagrado campeonato paranense, torneio que se remonta ao ano de 1915, ganhado pelo Internacional, um dos clubes que dariam origem ao Atlético-PR quase uma década depois, o Coritiba ganharia seu primeiro título já na segunda edição do certamem. Em um tom de espírito natalino, em 24 de dezembro de 1916, com gol de Maxambomba, o Alviverde vence o Savóia e conquista o primeiro título de sua história, de campeão pela liga APSA, algo ratificado em 21 de janeiro de 1917, quando, após vencer o Britânia, se consagra campeão paranaense de 1916.
Em 24 de junho de 1917, é realizada a partida inaugural do estádio coritibano, localizado nas dependências do Parque Graciosa. Alguns meses depois, em 13 de outubro de 1917, o São Bento de Sorocaba, equipe bastante tradicional do futebol paulista, é o primeiro adversário não paranaense que o Coritiba enfrenta. A partida amistosa termina empatada por 2×2.
Em 16 de novembro de 1920, é criado o Grêmio Coritiba, grupo de torcedoras, que levava seu apoio aos atletas alviverdes e também organizava os eventos sociais do clube.
Escudo e cores
De acordo com o Art. 9º do Estatuto do Coritiba, o emblema do clube é constituído: por um círculo, simbolizando o globo terrestre; nas partes superior e inferior, desenho raiado, lembrando calotas polares em visual de alto relevo; em torno do círculo, no interior de duas linhas paralelas periféricas, está grafado o nome ‘Coritiba Foot Ball Club’, por extenso, com a grafia ‘Paraná’ no espaço inferior; e, com destaque no centro de globo, as iniciais ‘CFC’.
Suas cores, verde e branca, remetem à bandeira do Estado do Paraná; a estrela dourada, acima do escudo, é o símbolo da maior conquista do Clube, o Campeonato Brasileiro de 1985.
O manto coxa-branca tem suas particularidades e de longe é reconhecido pela sua tradição e beleza. De acordo com o Estatuto do clube, nos artigos 10, 11 e 12, está definido o uso do uniforme principal do Coritiba, com a camisa de cor branca, com golas e punhos preferencialmente verde, com duas listras horizontais na altura do peito e na cor verde, tendo ao centro, o emblema, calção preto e meias brancas.
No entanto, o artigo seguinte traz a informação que o clube pode utilizar como alternativa, a camisa branca, com listras verticais na cor verde ou camisa inteira branca com o emblema à altura do coração.
Outro uniforme poderá ser utilizado, a critério do Conselho Administrativo, ad referendum do Conselho Deliberativo.
Ainda na década de 1960, o atual modelo número 1, era considerado a terceira camisa do Coritiba. O uniforme principal era uma camisa toda branca, com o emblema na altura do coração.
A versão da terceira camisa daquele tempo, com as duas listras verdes horizontais, era usada apenas nos jogos interestaduais ou internacionais. Com a evolução do futebol e a criação de campeonatos, que promoviam constantemente jogos entre equipes de outros estados, a tradicional camisa do Coritiba, começou a ser usada constantemente e virou marca do clube por todo o país, tornando-se, definitivamente, a camisa número 1 do Coritiba.
A camisa modelo número 2 do Coritiba tem listras verticais nas cores do Clube, com o emblema no peito. Essa indumentária foi a primeira camisa da história do clube. Desde que o Coritiba adotou a camisa toda branca como principal, a tradicional camisa listrada em verde e branco passou a ser, efetivamente, a camisa número 2 do Verdão. Mas, nem por isso, ela deixou de estar presente em momentos decisivos na história. O título do Brasileiro de 1985 foi conquistado com a camisa modelo 2, que, carinhosamente, ficou conhecida, entre os jogadores, como a camisa “Jogadeira”. Naquele ano, foram oito partidas em que ela foi usada, que resultaram em cinco vitórias, dois empates e apenas uma derrota. Foi com a camisa número 2, que o Coritiba venceu o Santos no último minuto e garantiu vaga na segunda fase; venceu o Atlético-MG nas semi-finais e conquistou o campeonato diante do Bangu, no Maracanã.
E, se a camisa modelo 1, é responsável por ser uma marca única do Coritiba, a camisa 2 tem todo um carisma que leva, além das fronteiras, uma marca forte, traduzida em suas listras, nas cores verde e branca, que simbolizam o estado a qual pertence.
Torcida
A torcida do Coritiba Foot Ball Club, mais conhecida como “Torcida Coxa-Branca”, tem uma história rica e marcada por tradição. É conhecida por ser apaixonada, fiel e ter um forte laço com a cidade de Curitiba e o estado do Paraná. Uma de suas marcas registradas é o apoio incondicional ao time, mesmo nos momentos mais difíceis. Além disso, o Estádio Couto Pereira, conhecido também como Monumental do Alto da Glória, a casa do Coritiba, é considerado um dos caldeirões do futebol brasileiro, onde a torcida faz muita pressão sobre os adversários. Um dos grupos organizados mais conhecidos da torcida é a Império Alviverde, fundada em 1977, sendo uma das maiores torcidas organizadas do Sul do Brasil, tendo um papel significativo na vida do clube, acompanhando o time dentro e fora de casa.
Atualmente, a torcida do Coritiba é uma das maiores da região Sul do Brasil, sendo uma das cinco potências de popularidade futebolística do sul do país, prestígio compartilhado com, além de seus dois rivais citadinos, Atlético-PR e Paraná, os integrantes da consagrada dupla grenal, Grêmio e Internacional. Assim, o clube, se encontra, entre os 20 clubes mais populares do país.
Estima-se que, o verdão do Paraná, tenha cerca de 2 a 3 milhões de torcedores em todo o Brasil, sendo a maioria concentrada no Paraná, principalmente, tendo o grosso de sua coletividade em Curitiba e região metropolitana. O clube também conta com um programa de sócio-torcedor que já chegou a ultrapassar a marca dos 40 mil sócios em alguns momentos de auge, como após o título paranaense e a boa fase em competições nacionais e internacionais.
A torcida do Coritiba se orgulha de suas origens e da sua tradição de futebol de base e forte participação no cenário paranaense. O Coritiba é visto, como um clube histórico, com uma torcida que cultiva o orgulho da sua rica trajetória, que inclui conquistas importantes, como o Campeonato Brasileiro de 1985 e diversos títulos estaduais. A paixão dos torcedores Coxa-Branca se manifesta também, em festas, coreografias e apoio nas redes sociais, com movimentos criados pela própria torcida para mobilizar, ainda mais adeptos, a cada temporada. Essa combinação de paixão, tradição e identidade regional forte, faz da torcida do Coritiba, um dos patrimônios mais importantes do clube.
Títulos
O Coritiba possui uma rica história de títulos, tanto em competições estaduais quanto nacionais. Como sabemos, o título do Brasileiro de 1985, consiste na maior conquista do clube, seguido pelo Torneio do Povo de 1973, que representa, o primeiro grande título, a nivel nacional, de uma agremiação da região sul, antes, inclusive, da consagrada dubla grenal, já que, o primeiro título brasileiro de Grêmio e Internacional, veio em 1975, dois anos depois, com o colorado porto-alegrense.
Além, obviamente, dos 39 estaduais, sendo o maior campeão do estado (1916, 1927, 1931, 1933, 1935, 1939, 1941, 1942, 1946, 1947, 1951, 1952, 1954, 1956, 1957, 1959, 1960, 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 1979, 1986, 1989, 1999, 2003, 2004, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, 2017 e 2022).
Sem esquecer, obviamente, os títulos da Série B de 2007 e 2010, que fez o clube voltar à elite.
Maiores ídolos
Uma história vitoriosa é permeada por personagens, que se tornam inesquecíveis pelos seus feitos. No Coritiba, craques jogaram por amor a camisa, tornaram-se ídolos e marcaram épocas. Dribles desconcertantes, gols históricos, paixão pelo clube.
Podemos mencionar, ao longo da década de 1910, Maxambomba, como o primeiro grande ídolo coxa-branca. Foi o primeiro jogador paranaense a jogar na seleção brasileira de futebol, tendo grande destaque no clube, começando na década de 1910 e encerrando em meados da década de vinte. Maxambomba era meia direita e foi o artilheiro do campeonato (16 gols) quando o Coritiba conquistou seu primeiro título. Consagrou-se em 1921, com a vitória sobre a Seleção Paulista (15/08/1921), sendo considerado o melhor jogador em campo, sendo o autor da jogada, que proporcionou a Abílio Fruet marcar o gol da vitória.
Na década de 1930, um dos que mais marcou a trajetória vitoriasa do alvi-verde paranaense foi Pizzattinho. Para as gerações mais antigas de coritibanos e adversários, não houve nada igual a Pizzattinho no futebol paranaense: um meia esquerda tão bom que, na década de 1930 foi convocado duas vezes para servir a seleção brasileira. Jogador de toque de bola refinado, tinha uma bomba no pé esquerdo, sendo especialista em grandes gols de fora da área. Sua família exportava erva-mate e madeira para a Argentina e lá, seu irmão Esteliano, dirigia o escritório da empresa. Pizzattinho estudava odontologia e foi passar férias em Buenos Aires, quando um amigo portenho o levou para treinar no River Plate. Após três treinamentos tornou-se a manchete dos jornais da capital e fez com que, o River quisesse que ele ficasse por lá a todo custo. Na coleção de recortes e acontecimentos de sua vida, estão mais de dez telegramas, quase implorando por sua volta e concordância para assinar contrato. Mas, para a tranqüilidade de seus adversários, ele parou no Coritiba mesmo, após se formar, antes de seus trinta anos.
Entre as décadas de 1940 e 1950, podemos mencionar o nome de Aroldo Fedato, que representa, um dos grandes ídolos do Coxa, sendo o jogador que, por mais tempo, vestiu a camisa do clube (13 anos) e o que mais ganhou títulos pelo Coritiba. Sua trajetória na instituição começou em 1944, quando se profissionalizou, acabando em 1957, quando encerrou a carreira. Ou seja, toda uma vida dedicada ao verdão do Paraná. Fedato, sempre com um estilo elegante, nunca foi de dar “pontapés”. Recebeu em 1951, o troféu Belfort Duarte, concedido por permanecer 80 jogos sem ser advertido com cartão amarelo ou vermelho. Esteve em campo em sete estaduais conquistados pelo Coritiba: 1946, 1947, 1951, 1952, 1954, 1956 e 1957. É considerado um dos grandes bicho-papões de títulos com a indumentária coxa-branca.
Entre as décadas de 1960 e 1970, talvez as mais laureadas da trajetória histórica mais que centenária coxa-branca, se destaca o nome do talentoso meia-direita, Dirceu Krüger, que, dito de passagem iniou sua carreira no Britânia. Além de ídolo, Dirceu Krüger, também é um patrimônio da equipe. O meio-campista, que começou sua carreira no futebol amador de Curitiba, jogando pelo União Ahú, profissionalizando-se no Britânia, iniciou sua vida no Coritiba na metade da década de 1960. Seu futebol refinado ajudou o clube a voltar a conquistar títulos depois de 8 anos de jejum, em uma época dominada, ou pelos rivais tradicionais citadinos, Ferroviário e Atlético, ou pelo forte futebol que o interior apresentava naquele momento com o Grêmio Maringá. Em 1970, o jogador sofreu uma violenta entrada em uma partida e teve ruptura das alças intestinais. O meio-campista ficou, entre a vida e a morte, mas retornou em triunfo. Krüger ainda conquistaria mais quatro estaduais pelo Coxa (1972, 73, 74 e 75), além do Torneio do Povo, em 1973, sendo essa conquista, dito de passagem, a primeira grande conquista futebolística do sul do país. Dirceu Krüger tornou-se funcionário do clube, auxiliar técnico do Coxa e sempre que um técnico caía, ele assumia a equipe profissional. Sua primeira vez foi, em 7 de novembro de 1979, substituindo Elba de Pádua Lima, na vitória do Coritiba por 1×0 sobre o Brasil de Pelotas, no Campeonato Brasileiro daquela edição famosa por ter um número inchado de participantes: mais de 90!
A década de 1970 é conhecida, como a mais hegemônica do Verdão do Paraná. E, se tem um nome protagônico nestes anos foi Claudio Marques. Em 1969, o Coritiba contratou Ernesto Marques, técnico da equipe juvenil do Santos, para comandar as categorias de base do clube. Descobridor de craques no litoral paulista, trouxe com ele, seus filhos Pardal e Cláudio, um canhoto que jogava em muitas posições. A partir de 1971, fixou-se como zagueiro e ajudou o clube a conquistar vários campeonatos estaduais e o Torneio do Povo, em 1973. Com tanto destaque, foi contratado pelo Corinthians, em 1975, retornou ao Coritiba, em 1978, para vencer, mais duas vezes, o campeonato estadual e tornar-se, com 8 conquistas, o jogador alviverde com mais títulos estaduais na história. Após encerrar a carreira, retornou ao clube, exercendo variadas funções. Ou seja, consiste em um dos grandes próceres históricos coxa-brancas.
Não poderíamos esquecer de outro protagonista daquela era de ouro do Coxa: Jairo. Mais um catarinense entre tantos que brilharam no Coritiba. Jairo é de Joinville, onde se revelou no Caxias, um dos clubes que deram origem ao atual JEC. Jogava tanto que, aos 21 anos, já estava no Fluminense. Ficou na reserva do Félix, o que não o agradava. O Coritiba foi buscá-lo e, durante cinco anos, Jairo fechou literalmente o gol coritibano. Herói do Torneio do Povo, chegou a seleção brasileira e foi para o Corinthians. Retornou e encerrou sua carreira no Coritiba, estando no elenco que se sagrou campeão brasileiro, em 1985.
Nascido em Florianópolis-SC, o zagueiro Oberdan começou sua carreira no Guarani, de sua cidade natal, transferindo-se para o juvenil do Coritiba, em 1962. Promovido para o elenco profissional no ano seguinte, conquistou a titularidade e tornou-se ídolo da torcida alviverde pela raça, virilidade e disposição com que disputava cada jogada. Contratado pelo Santos em 1965, o “Xerifão”, como também era conhecido, voltou a defender o time do Alto da Glória, em outras três oportunidades, 1970 e 1973, ambas por empréstimo e, em 1976, quando teve seu passe recomprado pelo Coritiba. Com a camisa alviverde, Oberdan conquistou doisestaduais, 1973 e 1976, além do Torneio Internacional de Verão de 1970 e o Torneio do Povo de 1973.
Outro grande da história coxa é o goleiro titular da maior conquista da instituição. Como sabemos, todo grande time começa por um grande goleiro. Assim começava o time campeão do Brasil: com Rafael no gol. Arrojado, de excelente colocação e presença valiosa na área, que às vezes, era mais sua que dos zagueiros, transmitia segurança para toda a equipe. Sua campanha no Campeonato Brasileiro de 1985 foi sensacional. Os últimos jogos, contra Atlético-MG e Bangu, tiveram Rafael, como principal responsável, pela classificação e conquista, respectivamente. Sua presença foi tão marcante, que, foi considerado pela imprensa brasileira, o melhor goleiro da temporada.
E, quem fala que, em períodos de vacas magras não proporcionam ídolos está, rotundamente, enganado. Revelado nas divisões de base do Coritiba, Pachequinho infernizou a vida dos adversários do time. Jogava, tanto pela direita, como pela esquerda, batendo na bola com a mesma potência. Sua passagem marcante foi num Atle-Tiba noturno, pela segunda divisão, quando junto com Alex, acabaram com o rival numa vitória por 3×0, sacramentando o retorno do Coritiba à primeira divisão, após cinco temporadas fora da Série A.
Era uma época que, embora recuperando a categoria em 1995, o clube se encontrava longe das conquistas, que o caracterizam ao longo de todo o século. Em uma década, dominada por um de seus dois grandes rivais, Paraná, que herdou a tradição de Ferroviário e Colorado, o Coritiba estava em um jejum de dez anos sem conquistas estaduais. A última havia ido em 1989. Porém, o cenário mudaria com a vinda de um jogador do interior paulista. Cléber veio do Mogi Mirim para o Coritiba e logo se identificou com o clube. Artilheiro nato, fez gols decisivos para o time, inclusive em grandes finais de campeonato. Tornou-se, não só um profissional destacado, como também, um grande torcedor coxa-branca, sendo um dos protagonistas, entre finais dos anos 1990 e início da década seguinte.
E, por vim, temos Alex. Para a torcida que o viu jogar, é considerado a maior revelação de todos os tempos, das que saíram do Coritiba. Jogador de uma técnica extraordinária, de uma estirpe de jogadores, como Ademir da Guia, Didi, Zizinho, Gerson e Rivelino, além de um requinte sem igual, só comum aos bem dotados pelos deuses do futebol. Do Coritiba foi para o Palmeiras e para o Cruzeiro, onde viveu momentos brilhantes, também com rápida passagem pelo Flamengo e pelo Parma, até se transferir para o Fenerbahçe, da Turquia, onde fez a promessa de cumprir seus cinco anos de contrato e voltar para encerrar sua carreira no Coritiba.
Popularidade e impacto social
Consiste em um dos clubes de futebol mais tradicionais do Brasil. Fundado em 1909, tem uma longa história no futebol brasileiro e desempenha um papel importante, tanto no esporte, quanto na cultura da cidade e do estado. Sendo um dos clubes mais regulares, com várisa participações na elite nacional, além de um dos únicos clubes, fora dos estados de SP, RJ, MG e RS, a conquistarem o campeonato brasileiro, ao lado de seus rivais, Bahia e Sport, o Coritiba se encontra, na arquitetura de forças do futebol brasileiro, entre os 20 maiores clubes do país. Sua popularidade é forte, especialmente no estado do Paraná, com uma grande concentração em Curitiba e região metropolitana.
Ele é um dos três grandes clubes do estado, ao lado do Athletico e Paraná, com quem mantém grandes rivalidades, em clássicos chamados Atle-Tiba e Para-Tiba. O Coritiba é conhecido por sua torcida apaixonada, a “Torcida Coxa-Branca”, que lota o estádio Couto Pereira, o maior da cidade. Essa popularidade, entretanto, é mais concentrada regionalmente, tendo menos expressão nacional em comparação com os clubes de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Estrutura e CT
O Coritiba possui uma estrutura patrimonial significativa, que inclui o Estádio Couto Pereira, o Centro de Treinamento Bayard Osna e o Campina Grande Sul, além de outros ativos relacionados ao clube. A gestão do patrimônio envolve a manutenção e o desenvolvimento dessas estruturas, buscando modernização e adequação às exigências do futebol moderno.
O Centro de Treinamento da Graciosa, como também é chamado o CT Bayard Osna, foi inaugurado em 1997 e leva o nome do presidente que o idealizou. Com acesso restrito, está localizado a dez quilômetros do Couto Pereira, sendo utilizado pelo elenco profissional, categorias de base e delegações visitantes. Para isto, conta com campos, clínicas, piscina, equipamentos de musculação, prevenção e tratamento e todo o aparato necessário para atividades esportivas de alto rendimento. No CT está localizado o Centro de Excelência do Esporte do Coritiba (CEECOR), espaço que unifica a atuação dos profissionais/cientistas com missão de aplicar as mais modernas técnicas das inúmeras disciplinas na estrutura física alviverde. Além do preparo de atletas, há ação de colaboradores criando um ambiente prático e funcional.
Já, por sua vez, o Centro Campina Grande Sul se remonta ao ano de 2011. O Coxa comprou, em 2011, uma área localizada no município de Campina Grande do Sul, na região metropolitana de Curitiba. O espaço tem 450 mil m², estando localizado a 30 minutos do centro de Curitiba e representa uma das maiores aquisições patrimoniais do clube em sua história.
E, além do CTs, obviamente, há o estádio, que se encontra localizado no bairro Alto da Glória, em Curitiba, Paraná. Sua localização central o torna facilmente acessível para os torcedores do clube e, sua proximidade a outras áreas icônicas da cidade, faz dele um ponto de referência no cenário curitibano. O Estádio Couto Pereira é um verdadeiro símbolo do Coritiba e do futebol paranaense. Ele já foi palco de grandes clássicos regionais, como o Atletiba e o Paratiba (confrontos contra Atlético e Paraná, respectivamente), além de partidas históricas do Campeonato Brasileiro e de competições internacionais.
O Couto Pereira é conhecido por ser um verdadeiro “caldeirão”, onde a torcida do Coritiba cria um ambiente intenso e apaixonado. A torcida Coxa-Branca faz do estádio um lugar de grande pressão para os adversários, sendo, essa atmosfera, é um dos maiores patrimônios intangíveis do clube. O Monumental do Alto da Glória, como também é carinhosamente conhecido, portanto, não é apenas um estádio, consiste no coração da história e das conquistas do Coritiba, sendo fundamental para a identidade do clube e de sua torcida.
Pioneirismo
Fundado em 12 de outubro de 1909, o Coritiba foi o primeiro clube de futebol do estado do Paraná. Seu surgimento está diretamente ligado à influência de imigrantes alemães que viviam em Curitiba. A criação do clube abriu o caminho para o desenvolvimento do futebol no Paraná e na região Sul do Brasil.
O Coritiba foi o primeiro time paranaense a participar de uma competição internacional oficial, ao disputar a Copa Libertadores da América em 1986, após conquistar o Campeonato Brasileiro de 1985. Essa participação elevou o clube a um novo patamar no cenário sul-americano.
Em 2011, o Coritiba estabeleceu um recorde nacional de vitórias consecutivas em competições oficiais, com uma sequência de 24 vitórias, superando a marca de clubes, como Palmeiras e Vasco, feito que, reforçou o nome do Coritiba no cenário nacional, marcando uma das melhores fases da equipe.
O clube é detentor do primeiro grande título da região sul a nivel nacional, quando, após vencer o Bahia na final do Torneio do Povo de 1973, sagrou-se campeão deste campeonato, dois anos antes do Internacional sagrar-se campeão brasileiro.
Antes de vencer o Campeonato Brasileiro em 1985, o Coritiba já havia feito história ao conquistar a Taça de Prata (segunda divisão nacional) em 1973. Isso fez do Coritiba o primeiro clube paranaense a vencer um torneio de nível nacional.
Em 1919, o Coritiba participou de uma excursão pela Alemanha e venceu a equipe do Grêmio Porto-Alegrense, em uma partida que ficou conhecida, como um dos primeiros jogos internacionais envolvendo clubes brasileiros, algo incomum na época. Essa excursão foi histórica para o futebol brasileiro, mesmo que de caráter amistoso. Por certo, o clube se consolidou como um dos pioneiros em excursões internacionais. Nos anos 1970 e 1980, o Coritiba fez diversas excursões internacionais pela Europa, Ásia e América do Norte, promovendo o futebol brasileiro e sendo um dos primeiros clubes paranaenses a competir com equipes de países, como Alemanha, Japão e Estados Unidos.
Marca
A marca Coritiba Foot Ball Club vai muito além de ser apenas um nome de clube de futebol. Ela representa uma identidade centenária no esporte brasileiro, especialmente no estado do Paraná. A marca do Coritiba engloba o patrimônio, a torcida apaixonada, a tradição e os valores associados ao clube.
Um dos elementos da honra coxa-branca consiste em seu elemento identitário. O Coritiba tem uma forte ligação com Curitiba e com o estado do Paraná. A marca está profundamente enraizada na identidade regional, sendo uma fonte de orgulho para muitos curitibanos e paranaenses. O clube é visto como um dos maiores símbolos esportivos do estado e desempenha um papel central na cultura local. Essa ligação com a cidade é vista nas parcerias com empresas locais, no apoio a causas sociais e na presença constante em eventos culturais. A força da marca está diretamente associada ao sentimento de pertencimento da torcida, que vê o clube como uma extensão de sua própria identidade.
Ou seja, a marca Coritiba Foot Ball Club, consiste em um patrimônio que transcende o futebol, sendo formada por uma rica história, uma torcida apaixonada, uma identidade visual forte e um compromisso com valores, como tradição, lealdade e competitividade. Seja no campo, nas arquibancadas ou no mercado, a marca Coritiba carrega consigo o orgulho de uma das maiores tradições esportivas do Sul do Brasil.
Base
O clube possui uma história interessante em formar talentos que se destacaram no futebol brasileiro e internacional.
Um dos maiores ídolos da história do Coritiba, Alex teve passagens brilhantes por clubes, como Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe, além de ter jogado pela seleção brasileira, entre 1998 e 2005, tendo, entre 1995 e 1997, tendo participações em seleções de base. Sendo crucial, ao lado de Pachequinho no retorno coxa-branca à elite em 1995, retornou ao Coxa para encerrar a carreira, onde foi campeão estadual e marcou história com grandes atuações.
O zagueiro Miranda começou no Coritiba, jogando no clube por 2004 2005, destacando-se no futebol brasileiro e internacional. Ele brilhou no São Paulo, Atlético de Madrid, Internazionale, jogando diversas vezes pela seleção brasileira, sendo um dos zagueiros mais respeitados de sua geração.
Revelado pelo Coritiba, Adriano, lateral esquerdo, permaneceu no clube, entre 2002 e 2004, se destacou jogando por clubes europeus, principalmente o Barcelona, onde conquistou vários títulos importantes, incluindo a Liga dos Campeões da UEFA.
Desempenho poliesportivo
Embora o Coritiba Foot Ball Club seja amplamente reconhecido por seu sucesso e tradição no futebol, o clube também teve participações e desempenhos importantes em modalidades poliesportivas ao longo de sua história, promovendo o desenvolvimento de outros esportes.
O Coritiba já teve um departamento ativo de basquete, especialmente nas décadas de 1940 e 1950. Naquela época, o clube conquistou alguns títulos estaduais no Paraná e contribuiu para o crescimento da modalidade no estado. Embora o futebol sempre tenha sido o principal foco, o basquete trouxe visibilidade ao clube em um cenário esportivo mais amplo.
Nos primeiros anos de sua história, o Coritiba teve envolvimento com o remo, esporte que era bastante popular entre as elites no início do século XX. O clube formou equipes de remo que competiram em eventos locais, embora essa modalidade tenha perdido força com o passar do tempo dentro da instituição.
Honrarias e recordes
Um dos recordes institucionais em sua trajetória contemporânea consiste na invencibilidade em casa, que o clube teve em 2011, ano que chegou à final da Copa do Brasil pela primeira vez. O clube, com o apoio de sua torcida, manteve uma impressionante sequência de 24 vitórias consecutivas no Estádio Couto Pereira em 2011. Isso rendeu ao Coritiba o recorde nacional de maior sequência de vitórias em competições oficiais.
Curiosidades
A história do Coritiba tem muitas particularidades e curiosidades. Um clube com mais de cem anos e muitos detalhes, que enriquecem ainda mais, a narrativa do time mais vencedor do estado do Paraná. E, duas delas, são em relação ao nome e o apelido do clube. A primeira deles se refere ao apelido. Para isso devemos estabelecer a conexão com elementos histórico-geopolíticos, fatores tão presentes em conjunturas esportivas e, como nos mostra a evolução cronológica, o Coritiba, não seria a exceção. Em outubro de 1941, a Segunda Guerra Mundial está em andamento e, pela primeira vez, a dupla Atle-Tiba decide um regional. Na primeira partida, disputada no Estádio Joaquim Américo no dia 19 de outubro, o dirigente adversário esbraveja a plenos pulmões: “alemão… quinta coluna… coxa-branca”.
Os insultos têm um destino: o craque alemão, Hans Egon Breyer, zagueiro da equipe coritibana. Os gritos acabam servindo de estímulo à equipe alviverde, que vence por 3×1. Na partida final, disputada dia 26 de outubro, outra vitória, agora por 1×0. O título é muito comemorado e, o termo “Coxa-Branca”, com o tempo, vira sinônimo da torcida coritibana, consagrando-se no imaginário coletivo.
Atualmente, em todo o país, a equipe do Coritiba é, carinhosamente, conhecida como Coxa. Inclusive, na arquibancada, o grito irrestrito de “Coxa” contagia multidões. Como um mantra, é uma das armas do Clube contra os seus adversários. Esse grito, que começa mas não tem hora para acabar, é capaz de mudar uma partida, de fazer um gol, fazendo parte da alma e da personalidade do Coritiba.
Desde sua fundação, o Coritiba é um clube de todas as pessoas e povos. Seus fundadores deixaram de participar do Clube Ginástico Teuto Brasileiro, justamente por discordar de interesses dos líderes da instituição, que discriminavam a prática do futebol, um esporte de classe social baixa. Ainda na década de 1910, é possível ver, em algumas fotos, jogadores negros no elenco coritibano. Como o futebol e a sociedade da época estavam longe do profissionalismo e da evolução tecnológica atual, o clube não tem um registro com o nome desses atletas, que se prendem a fotografias antigas em preto e branco.
Outra curiosidade marcante é o nome. Em 1909, ano de fundação do Coxa, a grafia da cidade era feita de duas maneiras: Coritiba, de um lado, grafia européia e, de outro, Curityba, grafia tupi-guarani. Ambas estavam corretas e eram usadas em livros, quando se referiam a cidade.Tempos depois, a capital paranaense, passou a ter apenas uma grafia: Curitiba. Porém, o clube preferiu ficar com o nome tradicional.
Uma das metrópoles brasileiras mais prósperas, organizadas e com boa qualidade de vida. Esta é a Curitiba do Coritiba, referência em soluções de urbanismo, educação e meio ambiente. Não em vão, a cidade também é conhecida, como Capital Ecológica, elemento de profundo orgulho para todo curitibano. Por certo, na cidade existe um Eco Estádio, pertencendo ao antigo e histórico Clube Malutrom. Constituída há 331 anos, a capital paranaense, assim como o clube, teve como base de sua formação moderna, os imigrantes europeus, especialmente poloneses, russos, romenos, sérvios, portugueses, espanhóis, alemães e italianos. Ao longo do século XX, estes povos marcaram Curitiba e construíram a etnogensis do povo curitibano. Seus modos de ser e de fazer, se incorporaram de tal maneira à cidade, que, atualmente, são bem curitibanas, festas cívicas e religiosas de diversas etnias, danças, músicas, culinárias, gastronomia, expressões e a memória dos antepassados.
Atualmente, Curitiba, com seu clima temperado, grande número de parques e vias expressas, é um forte centro industrial e de serviços, sendo um dos maiores do Brasil. A cidade não tem medido esforços para oferecer aos profissionais e aos investidores externos e internos, as melhores condições para o seu negócio. Curitiba recebe hoje quase dois milhões de turistas/ano. A maior parte deles, vem fazer negócios na cidade. Na economia, destacam-se os pólos automobilístico e de software, na cidade e região metropolitana.
Portanto, o Coritiba carrega a própria história do esporte na cidade. Em dias de jogos no Couto Pereira, a cidade para. Os torcedores não cansam de propagar que, os maiores feitos e as principais conquistas, estão perpetuados em linhas verdes e brancas. A centenária sinergia, entre Curitiba e Coritiba, não é apenas um fator nominal, é uma relação de cumplicidade entre a cidade e um dos três grandes times do estado, que leva a Curityba ao Norte e Sul do Brasil e, também, boa parte do mundo, através dos torneios ibero-americanos, pelos quais, o clube participou, como Copa Libertadores e Sul-americana.
Maiores técnicos
O verdão do Paraná teve, ao longo de sua história, diversos técnicos que marcaram época e conquistaram títulos importantes. Seria um crime retratar os técnicos que marcaram história na instituição coxa-branca e não mencionar o grande ídolo, Dirceu Krüger, que atuou como técnico do coxa em algumas ocasições entre as décadas de 1970 a 2000. Dirceu Krüger, o “Flecha Loira”, é uma das figuras mais emblemáticas da história do Coritiba, tanto como jogador, quanto como técnico. Apesar de ter atuado como interino em várias ocasiões, sua importância vai além de títulos, sendo um verdadeiro ícone do clube, sempre presente nos momentos cruciais e ajudando a formar gerações de jogadores.
No bienio, 1989-90, antes de se tornar um dos maiores técnicos do futebol mundial, Luiz Felipe Scolari teve uma passagem marcante pelo Coritiba. Embora sua passagem não tenha sido muito longa, ele ajudou a consolidar sua carreira como treinador, sendo o alvi-verde paranaense, um dos primeiros grandes desafios em sua trajetória.
Mário Juliato é lembrado por comandar o Coritiba na sua mais importante conquista até hoje, o título do Campeonato Brasileiro de 1985. Dito personagem, teve várias passagens pelo clube, sendo sempre, uma figura respeitada pelos torcedores.
Sob o comando de Tim, o Coritiba conquistou o Torneio do Povo em 1973, um torneio interestadual entre clubes de massa. Ele ajudou a consolidar o Coritiba, como uma das grandes forças do futebol paranaense e nacional na época.
Dorival Júnior é lembrado por liderar o Coritiba em campanhas de destaque no Brasileirão e por trazer o clube de volta à Série A em 2007. Ajudou a modernizar o futebol praticado pelo Coxa e sua passagem foi marcada por futebol ofensivo e consistente.
Marcelo Oliveira foi o técnico responsável por uma das fases mais vitoriosas do Coritiba na era contemporânea, levando o clube a dois títulos consecutivos do Campeonato Paranaense (2011 e 2012) e a duas finais da Copa do Brasil (2011 e 2012). Também foi responsável pela famosa sequência de 24 vitórias consecutivas, recorde histórico no futebol brasileiro.
Ivo Wortmann é outro treinador que teve várias passagens pelo Coritiba, sendo sempre muito respeitado, sendo responsável por organizar times competitivos e desempenhou um papel importante na manutenção do Coxa, em alto nível em diferentes momentos.
Carpegiani conduziu o Coritiba à Série A em 2010 e começou o processo de reconstrução do clube após momentos difíceis. Ele teve uma breve, mas impactante passagem, sendo lembrado pelo seu estilo disciplinador e tático.
Esses técnicos foram fundamentais para a história e glórias do Coritiba, cada um contribuindo de maneira única para o sucesso e a consolidação do clube no cenário do futebol brasileiro.
Revolução no esporte e luta social
O clube tem uma história rica, não apenas em termos de conquistas esportivas, mas também, como palco de momentos que refletem a luta social e transformações no esporte, particularmente em um contexto mais amplo do futebol brasileiro. Abordaremos alguns momentos e figuras marcantes, que relacionam o clube à luta social e a revoluções no esporte.
Nos primórdios do futebol brasileiro, o esporte era elitizado, principalmente praticado por membros da elite branca. O Coritiba, fundado em 1909 por imigrantes alemães, contribuiu para a popularização do futebol em Curitiba e no Paraná, ajudando a difundir o esporte para outros estratos da sociedade. Embora o futebol tenha começado como um esporte elitizado, nas décadas seguintes, o Coritiba se tornou um clube de massas, refletindo uma democratização do futebol em termos de acesso e participação. Ou seja, neste sentido, a institução é conhecida, entre outras razões, pela inclusão social e a abertura do futebol para as massas.
Assim como em outros clubes brasileiros, o Coritiba teve seus desafios com questões raciais. O racismo no futebol brasileiro foi uma realidade que demorou a ser combatida e, o Coritiba, como muitos outros clubes, passou por esse processo de transformação. Nos últimos anos, o clube tem se posicionado de forma mais firme em campanhas antirracistas e, alguns de seus jogadores e ídolos negros, ajudaram a quebrar barreiras e a reforçar a representatividade dentro do clube e da sociedade paranaense.
A construção de um estádio, que se converteria, ao longo das décadas, no grande palco do futebol paranaense, consiste em um momento de popularização cidadã. O Estádio Couto Pereira foi, por muito tempo, um dos maiores estádios do Brasil e tem grande importância não apenas na história do Coritiba, como também, na trajetória histórica do futebol paranaense. Não em vão, inclusive seus rivais locais, Paraná e Atlético-PR, por vários momentos históricos, fizeram do Monumental do Alto da Glória, como também é conhecido, a sua casa. Mais do que apenas um palco de jogos, o Couto Pereira foi um espaço de convergência social, onde diferentes classes sociais se reuniam para assistir aos jogos do Coxa-Branca, Tricolor da Vila-Boca Negra e Cartola-Furação. Esse estádio, ao longo de décadas, se tornou um símbolo de integração e representatividade popular, onde torcedores de diferentes origens e camadas sociais, encontraram no futebol um meio de expressão.
Rivalidades e os clássicos
Como nos evidencia a trajetória histórica mais que centenária do futebol paranaense, 115 anos de história puderam consolidar 3 potências futebolísticas, que integram, o consagrado trio de ferro da capital. Além do Coritiba, integram essa selecta lista, Paraná e Atlético-PR. Por certo, o termo “trio de ferro”, que se consolidou ao longo do tempo, estando consagrado, atualmente, na mentalidade coletiva do torcedor curitibano e paranaense, se remonta aos primórdios do futebol curitibano, nascendo na década de 1940.
É precisamente nesse momento que se consolida a expressão “Trio de Ferro”: Os chamados “três grandes do futebol paranaense”, Coritiba, Paraná e Atlético-PR. Essa denominação começou a ser utilizada no início da Era profissional e popularizou-se com o passar do tempo. Assim, o Trio de Ferro Paranaense é a denominação para a tríade dos maiores clubes de futebol do Paraná.
A denominação foi criada ainda nos tempos do antigo Ferroviário, um dos clubes que viriam a formar o Paraná Clube, tendo eliminado esse nome em 1971 para dar lugar ao Colorado, que iria depois redundar na criação do Paraná em 1989, após fusão com o Pinheiros e que passaria a fazer parte dessa tríade herdando as tradições dos clubes que o formaram e conquistando títulos importantes desde então. A origem das expressões “três grandes do Paraná” e “Trio de Ferro Paranaense” está totalmente vinculada com a profissionalização do futebol paranaense e da fundação da Federação.
A origem das expressões “três grandes do Paraná” e “Trio de Ferro Paranaense” está totalmente vinculada com a profissionalização do futebol paranaense e da fundação da Federação. A Federação Paranaense de Futebol (FPF) foi fundada em 4 de agosto de 1937, após o aparecimento de vários movimentos realizados com o propósito de organizar o futebol no Paraná.
A partir de 1908, com o surgimento dos primeiros clubes de futebol, tanto na capital, como no interior, houve a necessidade da criação de uma entidade que organizasse as competições oficiais. A primeira a preceder a FPF foi a Liga Sportiva Paranaense (LSP), fundada em 1914. Mas a LSP ganhou uma forte concorrente logo após a sua fundação. Tudo por causa de uma ruptura entre os dirigentes do América Futebol Clube (Paraná), que contestavam a vitória do Internacional Futebol Clube , no campeonato daquele ano. Esses dissidentes criaram a Associação Paranaense de Sports Athleticos (APSA). A fusão veio alguns meses depois. Por intervenção do poeta Olavo Bilac, as duas entidades se uniram com o firme propósito de fortalecer o futebol no Estado e fundaram a Associação Sportiva Paranaense (ASP).
Em 1926, a ASP teve seu nome alterado para Federação Paranaense de Desportos (FPD). Na década seguinte, em 1937, as responsabilidades foram divididas. A Liga Curitibana de Futebol (LCF) passou a administrar o futebol da capital, enquanto a Federação Paranaense de Futebol (FPF) assumiu o comando do futebol no estado. Já a FPD ficou responsável em organizar as categorias inferiores. Somente em 1941, a FPD e LCF foram extintas e a FPF, desde essa data, se tornou a maior entidade do futebol paranaense. Dessa maneira, em 1945, em um período de consolidação da FPF, como a maior entidade a reger o futebol do estado, os clubes mais populares pressionaram para obter maior peso nas decisões da federação. Essa pressão obteve resultado em 1947 e a FPF, estabeleceu um sistema de voto qualificado de acordo com as seguintes regras:
Três votos: Clubes com mais de 5 mil sócios, 20 anos de participação ininterrupta nos torneios oficiais e mínimo de cinco títulos da primeira divisão;
Dois votos: Clubes com entre 2 e 3 mil sócios ou que, não atingindo o quadro mínimo de sócios, tenham sido campeões e tenham longevidade mínima de 20 anos na primeira divisão;
Um voto: Clubes que não atingem os requisitos anteriores.
Os únicos clubes que atingiram todos os requisitos do primeiro grupo e, assim, tiveram peso 3 na FPF foram: Ferroviário, Coritiba e Atlético. Essas equipes também eram, na época, as únicas que possuíam torcida de massa em todas as regiões de Curitiba e região metropolitana. Vale ressaltar que, ao Ferroviário se lhe atribuiu a continuidade histórica do Britânia, argumentando que, pelo fato da cissão em 12 de janeiro de 1930, que decretou a fundação do Clube Atlético Ferroviário haver sido protagonizada pela ala ferroviária, relevante e protagonista no Britânia, o Ferroviário foi considerado como o incontestável herdeiro do Britânia pré-1930, da mesma maneira pela qual, a FIFA considera a Sérvia, a herdeira dos resultados da ex-Iugoslávia e da Rússia com a ex-União Soviética. O mesmo ocorreu com o Atlético, pela qual, a FPF lhe atribuiu ao rubro-negro, como herdeiro dos resultados do Internacional e América até 1924.
Dessa maneira, surgiu a denominação dos “três grandes” que se popularizou com o tempo, expressão também conhecida, como “Trio de Ferro Curitibano ou Paranaense”. Todos os jogos entre estas equipes são chamados “clássicos”. Desde essa época, para diferenciar os clássicos entre os grandes da capital e outros clássicos do estado, como os do interior (Clássico do Café, Clássico Pé Vermelho, 6 Clássicos de Guarapuava, Clássico da Soja, entre outros) e do litoral (Sele-Rio, o tradicional Derby do Porto de Paranaguá), os clássicos da capital envolvendo o Trio de Ferro Curitibano são chamados de “Grandes Clássicos do Paraná”.
Na mesma época, entre 1930 e 1971, o maior clássico estadual consistiu no confronto “Cori-CAF” ou “FerroTiba”, disputado entre Ferroviário e Coritiba, do qual, os ferroviários levavam uma ampla vantagem no histórico de confrontos diretos em decisões, fazendo com que, o Ferroviário recebesse entre outros apelidos, a merecida e digníssima alcunha de “Campeão da Disciplina”, em referência ao tradicionalíssimo “Clássico da Disciplina”, protagonizado, precisamente, entre ambos. Tal choque citadino colossal, chamado também de “Grande Derby Curitibano”, “Derby das Multidões” e/ou “Derby Norte-Sul”, disputado entre as agremiações mais populares, Ferroviário e Coritiba, foi o maior clássico do estado por quatro décadas. Por certo, o Ferroviário, consistiu no clube detentor da maior torcida de Curitiba e região metropolitana até 1970, sendo o único clube da capital a aglutinar e consolidar uma torcida de massa no interior, que protagonizava caravanas e mais caravanas que, constantemente, se dirigiam à capital para acompanhar o Primeiro Tricolor da Vila.
Após a fusão, entre Colorado e Pinheiros, em 1989, o Para-Tiba veio a substituir o Colorado x Coritiba, podendo ser considerado um clássico herdeiro da tradição dos grandes duelos do Cori-Caf ou Ferro-Tiba, de meados do século XX. Na década noventista, o Para-Tiba, realmente, reencarnou os grandes duelos do Ferro-Tiba das décadas de 1940, 1950 e 1960. Disputando algumas partidas decisivas, sendo algumas delas finais diretas, esse grande clássico acabou culminando com títulos dos tricolores em 1991, 1995 e 1996, com os coxa-brancas, festejando, em 1991, após duas desilusões no biênio 1995-96.
Além do Paraná, outro grande clássico que o Coritiba possui, é o Atle-Tiba, disputado com o outro de seus rivais, o Atlético-PR. O primeiro Atletiba oficial considerado válido para as estatísticas se deu em 8 de junho de 1924, no Parque Graciosa, pelo Campeonato Paranaense, em que, o Coritiba goleou o Atlético pelo placar de 6 a 3. Inicialmente, a rivalidade tinha base nas origens destes clubes, com cada um deles, representando uma camada social, sendo o Coritiba, marcadamente, o clube dos alemães e o Atlético, por sua parte, da aristocracia curitibana. Não em vão, possui como mascote, um mascote, que faz alusão a essas camadas abastadas da sociedade. Com o passar dos anos, a rivalidade foi aumentando, fruto dos inúmeros jogos decisivos que disputaram estes dois rivais. Foi nesse clássico, que ocorreu, a primeira transmissão de uma partida de futebol por rádio no Paraná, no empate por 1 a 1, em 2 de setembro de 1934 no Estádio Joaquim Américo.