A história do Vila Nova Futebol Clube

O esporte na região sempre foi, historicamente, difundido pelo povo. E quando se fala em Clube do Povo em Goiás, estamos falando de um dos maiores do Estado. Hoje, iremos contar a história do Vila Nova Futebol Clube.

Pedro Regis Rodrigues
Por Pedro Regis Rodrigues 7 Minutos de Leitura

O futebol goiano é, de longe, o principal da região Centro-Oeste do Brasil, com vários clubes tradicionais, e que frequentam a primeira prateleira do futebol nacional.

O esporte na região sempre foi, historicamente, difundido pelo povo. E quando se fala em Clube do Povo em Goiás, estamos falando de um dos maiores do Estado. Hoje, iremos contar a história do Vila Nova Futebol Clube.

A história do Vila Nova Futebol Clube
Reprodução: site do clube

Origens e trajetória

Nascido a partir de uma vontade do Padre José Balestiere, o Vila Nova Futebol Clube foi fundado em 29 de julho de 1943, no bairro de Vila Nova, em Goiânia. O objetivo do clube era nada mais do que gerar entretenimento e desenvolver a comunidade cristã da Associação Mariana, que era gerida pelo Padre José Balestiere. O líder religioso contou com a ajuda do Coronel Francisco Ferraz de Lima, e Gercina Borges, que na região era conhecida como “Mãe dos Pobres”, para fundar o clube.

A história do Vila Nova Futebol Clube
Reprodução: soutigrao.com

Nem o Padre, e nem o Coronel, imaginavam estarem construindo um clube que viria a ser um dos mais importantes da história do estado goiano. Nascendo de um bairro operário e sendo erguido pelo povo, o Vila passou por muitas dificuldades no começo, tendo até que mudar de nome e localização. Em 1946, o clube passou a se chamar Operário, e , depois de três anos, em 1949, virou Araguaia. Em 1952, mais uma mudança de nome, agora sendo chamado de Fênix Futebol Clube. Depois de alguns anos disputando torneios de várzea e se consolidando na região, o Tigrão voltou a ser chamado de Vila Nova.

Primeiros títulos

Na década de 1960, o Vila já era um dos principais clubes do estado, vencendo torneios regionais, como o Octagonal Goiânia/Anápolis, e o Campeonato da Cidade de Goiânia. O primeiro título estadual veio em 1961, quando o Vila venceu o Botafogo de Buriti. Vale lembrar que a Federação Goiana não considera esse campeonato como oficial, e essa edição ficou conhecida como Super Campeonato Goiano. Porém, o torneio é de extrema importância ao futebol goiano, já que credenciaria o Vila a um dos momentos mais importantes do esporte na região, em 1963.

A Taça Brasil de 1963 contava com a estreia do primeiro clube goiano a participar do campeonato nacional. O Vila, mais do que nunca, carregava o nome do estado perante os maiores clubes do Brasil. O clube, por ter sido campeão do Octagonal Goiânia/Anápolis em 1962 e campeão goiano no mesmo ano, disputou o torneio. Nesta edição, o Tigrão ficou no mata-mata da Zona Sul, iniciando nas oitavas de final. Venceu o Defelê, do Distrito Federal, e, na fase seguinte, foi eliminado pelo Rio Branco, do Espírito Santo.

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Reprodução: Blog do Zé Duarte

Ao longo das décadas de 1960 e 1970, o clube se consolidou de fato como uma das principais forças do Estado de Goiás, vencendo o campeonato estadual oito vezes. Em 1978, o Tigrão voltava à Série A do Campeonato Brasileiro, e, no ano seguinte, fez a sua melhor campanha na história, ficando em 21° lugar (o campeonato contou com a participação de 74 clubes).

Na década de 1980, mais três títulos goianos, e idas e vindas entre a primeira e segunda divisões do Brasileirão. Em 1985, o clube disputaria sua última edição na Série A, já que depois, não conseguiu retornar mais para a primeira prateleira do futebol nacional.

Nos anos seguintes, o clube mantinha um padrão de sempre fazer campanhas medíocres na Série B, e, de vez em quando, pintava na disputa pela vaga à elite. Em 1993, porém, disputou pela primeira vez a Série C, na qual ficou até 1996, quando foi campeão invicto. Era o primeiro título nacional do Vila, no qual foi muito festejado pelos torcedores.

Por erros de administração e problemas financeiros, o clube terminaria de forma melancólica a década, sendo rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Goiano de 2000. Voltou à elite goiana já no ano seguinte, sendo campeão mais uma vez. O título estadual viria a ser conquistado pelo Clube do Povo em 2005, e esta seria a última vez, até então, que o Vila se sagraria campeão goiano.

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Reprodução: soutigrao.com

No Brasileirão, o Vila se manteve na Série B até 2006, quando foi rebaixado novamente à terceira divisão. Ficando em terceiro, o clube voltava à Série B, para fazer, em 2008, uma campanha memorável, ficando em 6° lugar.

Essa edição em específico, ficou marcada na história do Vila pelo grande apoio dos torcedores na campanha. O clube realmente teve reais chances de voltar a disputar a primeira divisão, ficando a maior parte do campeonato entre os quatro primeiros, mas derrapou nas últimas rodadas.

Nos anos seguintes, um verdadeiro sobe e desce entre as Séries B e C. Com a terceirização do departamento de futebol do clube, o Vila passou por muitas dificuldades dentro de campo, o que levou a torcida a conviver com os vários rebaixamentos. Em 2014, o clube ficou em último lugar no campeonato goiano, e iria disputar novamente a segunda divisão goiana.

No mesmo ano, em 2015, dois títulos. O clube foi campeão da Série C e da segundona do estadual. O título nacional e o acesso à Série B naquele ano foram muito festejados, já que o clube lidava com sérios problemas nos últimos anos.

Em 2020, mais um título da Série C, e, a partir dessa edição, o Vila se consolidou na segunda divisão do Brasileirão, disputando durante os anos o acesso à Série A.

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Foto: Divulgação/Vila Nova

Torcida e rivalidade

Em recentes pesquisas, o Vila é apontado como o clube com a segunda maior torcida do estado, ficando atrás de seu rival Goiás. Estima-se que o Clube do Povo tenha em torno de 600.000 torcedores.

Por ser um dos principais clubes do seu estado, o Vila Nova acumula diversos rivais, mas quatro deles se destacam pelo enorme número de partidas disputadas e tamanha rivalidade em campo.

Dérbi do Cerrado

Vila Nova x Goiás. Simplesmente o maior clássico do centro-oeste brasileiro. Donos das duas maiores torcidas do estado, Vila e Goiás esbanjam rivalidade em campo e nas redes sociais. Dentre os clássicos, diversas decisões de títulos, goleadas e personagens marcantes ajudam a enriquecer ainda mais este duelo.

Um dos principais personagens desse duelo é o centroavante Túlio Maravilha. Ele foi revelado e se tornou ídolo pelo Goiás no início da carreira. Depois de passar por gigantes do Brasil, como Botafogo e Corinthians, Túlio voltou para o estado goiano, mas não ao clube que o revelou, e sim para o maior rival: o Vila Nova. Ao chegar ao Tigrão, ele disse uma de suas frases mais icônicas: “Sou verde por fora, mas vermelho por dentro”.

Histórico: 84 vitórias do Vila Nova, 89 empates e 153 vitórias do Goiás.

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Reprodução: Futebol Interior

Clássico do Povo

Oriundos de dois bairros operários e erguidos pelo seu povo, Vila Nova e Atlético Goianiense fazem o Clássico do Povo. Ambos sempre travaram disputas quentes dentro de campo, além de decisões de campeonatos, principalmente o estadual.

Histórico: 105 vitórias do Vila Nova, 97 empates e 98 vitórias do Atlético.

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Foto: Ingryd Oliveira/ACG

Clássico dos Opostos

Pra quem achava que o Vila só tinha dois rivais, está enganado. Vila Nova x Goiânia costumam fazer duelos pesados também, com muita rivalidade dentro e fora de campo. O motivo do nome do clássico é por conta das origens dos clubes. O Goiânia era tido como o clube do governo, e sua torcida era formada pela elite da cidade. Já o Vila, é conhecido como o Clube do Povo, como já foi falado aqui. Muito dessa rivalidade vem justamente dessa diferença social entre as origens dos clubes.

Histórico: 71 vitórias do Vila Nova, 60 empates e 58 vitórias do Goiânia.

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Reprodução: Esporte Goiano

Patrimônio do clube

O principal patrimônio material do clube é o Estádio Onésio Brasileiro Alvarenga, mais conhecido como OBA. O estádio é fruto de um projeto do então presidente do clube Cleomenes Reis, na década de 1980, para a construção de um clube poliesportivo do Vila Nova, com sede social, quadras, piscinas e outros departamentos. O estádio tinha capacidade para 8.000 lugares, e, após reformas realizadas em 2016, a capacidade foi aumentada para 11.788 lugares.

Quando o clube precisa mandar em um estádio com maior capacidade, o Serra Dourada é a casa do Tigrão. A nível de curiosidade, na Série B de 2008, o clube teve a segunda melhor média de público do campeonato, atrás apenas do Corinthians. Muito dessa marca se deve ao gigante estádio goiano, que tem capacidade para 50.049 torcedores.

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Foto: Roberto Corrêa/VNFC

Ídolos

Ao decorrer das décadas, o Vila Nova colecionou diversos títulos, e como eles, jogadores marcaram história no clube.

Dentro tantos, há alguns que se destacam, como o atacante Guilherme, que é considerado o maior ídolo da história do Tigrão. Ele defendeu o clube entre os anos de 1969 e 1977.

O atacante Roni também tem um carinho especial do torcedor do Vila, por ser cria da base e ter marcado 35 gols em 76 jogos nas duas passagens pelo clube, em 1994-1995 e 2010-2011.

Túlio Maravilha é cria da base de seu maior rival, Goiás, mas tem sua história também marcada no Vila. Ele é o maior artilheiro da história do clube, com 99 gols marcados nas três passagens, em 1999, 2001 e 2008.

A história do Vila Nova Futebol Clube
Foto: Sebastião Nogueira, Jornal O Popular

Jogos Internacionais

A fim de promover a sua marca e trazer os holofotes ao futebol goiano, o Vila Nova costumava enfrentar em amistosos alguns clubes e seleções pelo mundo. Na década de 1970, período em que teve mais jogos, o clube enfrentou a forte seleção da extinta União Soviética, empatando em 0x0. Os principais jogos foram:

Vila Nova 1×1 Dínamo Bucareste 🇷🇴

Vila Nova 0x0 CSKA Sofia 🇧🇬

Vila Nova 0x1 Racing 🇦🇷

Vila Nova 0x0 União Soviética ❓

Vila Nova 1×1 Željezničar 🇧🇦

Vila Nova 1×0 Tanzânia 🇹🇿

Vila Nova 2×3 Cosmos 🇺🇲

Vila Nova 1×1 Young Boys 🇨🇭

Vila Nova 0x0 Omã 🇴🇲

Vila Nova 2×1 Žalgiris Vilnius 🇱🇹

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Reprodução: TV Anhanguera

Basquete e Esportes Olímpicos

No Basquete, o Vila Nova era uma das grandes equipes na década de 1970. Mostrando sua força em outras áreas além do futebol, o clube foi campeão brasileiro de basquete em 1973, e campeão continental em 1974. Além disso, foi vice-campeão brasileiro no mesmo ano e ficou em terceiro no Mundial de Basquete.

No ano de 2020, em parceria com a instituição de ensino UNIVERSO, o clube reabriu o Departamento de Esportes Olímpicos, investindo em sete modalidades: futebol feminino, futsal, basquete, karatê, vôlei, rugby e handebol.

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Reprodução: Internet

Um clube com uma importância enorme na região Centro-Oeste, não só no futebol, mas também para o esporte como um todo. Uma torcida apaixonada, que não deixa de acompanhar o time, independente da fase em que o mesmo esteja. E essa mesma torcida espera que, muito em breve, o clube volte aos tempos de glórias máximas, e que figure sempre entre os principais clubes do país.

🎶“E embalado por uma nação

Vibrante é o escudo em seu coração

E por mais glórias e memórias vai lutar

O Vila Nova, sempre e sempre exaltar”🎶

Estudante de jornalismo, explorando as áreas da Redação Esportiva. Fanático pelo Corinthians e histórias de clubes espalhados pelo mundo. Acompanho de perto Manchester United (ING) e Juventus (ITA).
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