A equipe de redação do Noite de Copa desenvolveu um novo projeto para contar a história de todos os grandes clubes do nosso país. Vamos falar sobre vários tópicos, desde a criação e fundação do clube até os dias atuais, sejam recordes, conquistas, honrarias, ídolos ou revoluções sociais.
O décimo terceiro post é sobre a Associação Chapecoense de Futebol.
Dizem que quando a gente morre, um filme passa na nossa cabeça em questão de segundos mostrando tudo que fizemos em vida, quem estava na Arena Condá no dia do jogo pela Sul-Americana contra o San Lorenzo, viu a história da Chapecoense passar, infelizmenten hoje, oito anos depois, é uma história de morte e tragédia também. Mas essa é uma das ironias da vida, a gente nunca sabe quando será a última vez que faremos algo, por sorte, hoje sabemos que aquele foi o último jogo de Danilo, o maior ídolo da história da Chapecoense.
“[…] Ôh, vamo vamo, Chape. Vamo, vamo, Chape. Ê.”
🎙 Jogadores, diretoria, comissão técnica comemorando a classificação rumo à final da Copa Sul-Americana 2016.
A HISTÓRIA DA CHAPECOENSE
Fundada em 10 de maio de 1973, a Associação Chapecoense de Futebol, popularmente conhecida como “Furacão do Oeste”, surgiu do desejo de se criar um clube que agregasse toda a cidade em torno de um único projeto. A agremiação, segundo relata Eli Maria Bellani no livro “O futebol e a ocupação do espaço social em Chapecó (1919 – 1973)”, surgiu da união de atletas de equipes como Atlético Chapecó e Independente e contou em seus primeiros anos com nomes como Alvadir Pelisser, Heitor Pasqualotto, Altair Zanella, Lotário Immich e Vicente Delai (fundadores).
O clube, cujas primeiras reuniões aconteciam em um almoxarifado do Departamento de Estradas e Rodagem (Atual Deinfra) e na porta de uma loja de confecções de propriedade de Pelisser, localizada na Avenida Getúlio Vargas, no Edifício Jarbas Mendes, de propriedade do desportista Heitor Pasqualotto, atualmente destaca-se como uma das principais forças futebolísticas do estado de Santa Catarina. São sete títulos catarinenses conquistados, um Brasileiro da Série B e uma Copa Sulamericana.
A Chapecoense registra ainda várias participações na Copa do Brasil (a primeira em 2008) e, em 2009, ascendeu à Série B do Campeonato Brasileiro. Em 2013 ficou com o vice-campeonato da Série B, firmando-se assim, entre os 20 principais clubes do Brasil em 2014. Nota: O clube já havia disputado o Brasileirão da Série A em 1978 e 1979.
A primeira Diretoria da Associação Chapecoense era assim constituida, Presidente: Lotário Immich; Vice-Presidente: Gomercindo L. Putti; Secretário: Jair Antunes de Silva; 2° Secretário: Altair Zanela; Tesoureiro: Alvadir Pelisser; 2° Tesoureiro: Paulo Spagnolo; Diretor Esportivo: Vicente Delai; Ainda contando com a participação de Jorge Ribeiro(Lili) e Moacir Fredo e então elaboraram o 1° estatuto.
TÍTULOS
Copa Sulamericana 2016
Brasileiro Série B: 2020
Troféu João Saldanha (Segundo Turno do Brasileiro Série A): 2017
Campeonato Catarinense: 1977, 1996, 2007, 2011, 2016, 2017, 2020
Copa Santa Catarina: 2006
Taça Santa Catarina: 1979 e 2014
Taça Plínio Arlindo de Nês: 1995
Além destas conquistas, venceu o Torneio Seletivo e a repescagem do Campeonato Catarinense em 2002.
MASCOTE
Em agosto de 2013, o departamento de marketing do clube lançou o novo mascote, o Índio Guerreiro.
Segundo o diretor de marketing (à época), Andrei Copetti, em entrevista ao Globo Esporte disse:
“Atendendo uma reivindicação antiga da torcida, procuramos o melhor fornecedor deste tipo de material no Brasil, que por uma felicidade é daqui de Santa Catarina. Assim como outros grandes clubes do país, também adotaremos uma estratégia de dois bonecos em breve. Este lançado agora tem o aspecto guerreiro, com a fisionomia mais intensa, firme, a fim de mostrar para a torcida o verdadeiro espírito de luta do nosso Verdão, medindo 210cm. O outro, que ainda levará um pequeno tempo para ser confeccionado, será mais simpático, voltado ao público infantil. Essa é uma tendência em vários times de Série A e Série B.”
CAMPANHA NO BRASILEIRO 1978
Nesta primeira participação em Brasileiros da Série A, a equipe ficou na 51ª colocação. Foram 12 jogos, com 4 vitórias, um empate e sete derrotas. Os jogos: 2×0 Atlético-PR; 1×3 Grêmio Maringá; 0x1 Colorado; 0x1 Figueirense; 0x2 Internacional; 0x3 Juventude; 0x3 Grêmio; 1×0 SER Caxias-RS; 1×1 Joinville; 1×0 Londrina; 1×2 Coritiba; e 2×1 Brasil de Pelotas. Nota: à época vitória simples valia 2 pontos, e vitórias por uma diferença de gols maior ou igual a 3 eram concedidas com 3 pontos.
CAMPANHA NO BRASILEIRO 1979
Em sua segunda participação em Brasileiros (Elite), a Chapecoense ficou no Grupo B. Foram nove jogos, sem nenhuma vitória, três empates e seis derrotas, ficando na última colocação do grupo. Marcou seis gols e sofreu 16, com saldo negativo de 10 gols. Os jogos foram: 0x0 Desportiva-ES; 1×1 Colatina-ES; 1×2 São Paulo, de Rio Grande-RS; 0x2 Caldense-MG; 2×3 Grêmio Maringá-PR; 0x1 Operário, de Ponta Grossa-PR; 1×5 Caxias-RS; 0x1 Criciúma-SC; e 1×1 Brasil, de Pelotas/RS.
Dos noventa e quatro participantes do campeonato, à época chamado de V Copa Brasil, o clube ficou na 93ª colocação.
GRANDES IDOLOS DA HISTÓRIA DA CHAPECOENSE
DANILO
Posição: Goleiro
Principais títulos: 1x Campeonato Catarinense e 1x Copa Sul-Americana
Anos no clube: 2013 – 2016.
APODI
Posição: Lateral-direito
Anos no clube: 2015, 2017 – 2018
Principal título: 1x Campeonato Catarinense.
RAFAEL LIMA
Posição: Zagueiro
Anos no clube: 2012 – 2016
Principais títulos: 1x Campeonato Catarinense e 1x Copa Sul-Americana.
DÉCIO
Posição: Zagueiro
Anos no clube: 1978 – 1980.
DENER
Posição: Lateral-esquerdo
Anos no clube: 2015 – 2016
Principais títulos: 1x Copa Sul-Americana e 1x Campeonato Catarinense
Falecido no acidente aéreo em 2016.
JANGA
Posição: Meio-campo
Anos no clube: 1976 – 1980, 1982-1986
Principal título: 1x Campeonato Catarinense.
CLÉBER SANTANA
Posição: Meio-campo
Anos no clube: 2015 – 2016
Principais títulos: 1x Copa Sul-Americana e 1x Campeonato Catarinense
Falecido no acidente aéreo em 2016.
SÉRGIO SANTOS
Posição: Meio-campo
Anos no clube: 1977 – 1978
Principal título: 1x Campeonato Catarinense.
BRUNO RANGEL
Posição: Atacante
Anos no clube: 2013, 2014 – 2016
Principais títulos: 1x Copa Sul-Americana e 1x Campeonato Catarinense
- Falecido no acidente aéreo em 2016
- Fato marcante: Maior artilheiro da Chape na história com 81 gols assinalados.
ÍNDIO
Posição: Atacante
Anos no clube: 1995 – 1997 – 2001
Principais títulos: 1x Campeonato Catarinense
- Fato marcante: Um dos maiores artilheiros com 62 gols marcados.
A INCRÍVEL RECUPERAÇÃO
O crescimento dos sócios contribuintes quase triplicou e os números nas redes sociais dispararam, em um aumento de mais de 620%, ultrapassando times gigantes no cenário nacional, como Galo e Inter. Era o momento de reconstruir o time, para isso mais do que nunca, foi necessário o apoio e o espírito coletivo de muitos. O minuto 71 do jogo, se tornou especial na Arena Condá. Em todas as partidas do time, o tradicional grito de “Vamo vamo Chape”, para homenagear as vítimas do acidente aéreo, foi ecoado por todo o estádio.
Vários times ofereceram atletas de seu elenco, por empréstimo e sem custos. Outras equipes, de série A, enviaram um ofício à CBF propondo uma absolvição de três anos sem rebaixamento ao time de Chapecó, que o próprio time catarinense acabou recusando. Esse desastre ficou marcado pela solidariedade! O individualismo, o egoísmo, a rivalidade e o clubismo ficaram em segundo plano, pois as pessoas compreenderam que nesse momento tão difícil vivido pela Chapecoense, o afeto e a união deveria tomar conta.
Manter a esperança como combustível de mobilização, o reconhecimento do outro em sua alteridade é algo essencial, em momentos de pessimismo, tristeza e angústia. A partir daí, podemos encontrar caminhos possíveis para fortalecer vínculos e a sensibilidade dentro da coletividade.
A Chapecoense teve de ser forte e se reconstruir. Outros times passaram por situações dramáticas semelhantes, por exemplo, o Torino da Itália. O apoio das outras equipes e dos torcedores foram fundamentais para essa reformulação da equipe, que teve que modificar praticamente o elenco inteiro.
No ano seguinte, se sagrou campeão do Campeonato Catarinense e conseguiu permanecer na divisão principal até 2019, no qual teve o seu primeiro rebaixamento, de sua linda história, confirmado. Em 2021, a Chape, fazendo jus à sua fama, deu mais uma volta por cima. Na bacia das almas, conquistou o primeiro título nacional da equipe, como campeão da Segunda Divisão, com um gol de pênalti de Anselmo Ramon, no último minuto da partida, contra o Confiança.
Seu principal concorrente, nos pontos corridos, foi o América-MG, que venceu a sua partida. No entanto, devido ao gol no final do jogo da Chape, deixaram de conquistar o título. O presidente americano Marcus Salum, tido como chorão pelos mineiros, apareceu na mídia para contestar a arbitragem e o título do alviverde de Chapecó. Dessa vez, realmente, ele teve razão, visto que sua equipe foi prejudicada, por algumas vezes, ao longo da competição. Salum, em mais uma polêmica, pediu aos torcedores do lado verde da capital Belo Horizonte para comemorarem, afinal na visão dele, o América foi o legítimo campeão da série B.
Os torcedores da Chape estão animados com a volta da equipe para a divisão principal do futebol nacional. Eles têm como maior objetivo a permanência na primeira divisão, ou quem sabe, mais uma classificação para a Copa Sul-Americana! É possível sonhar.
A garra, força, apoio e união são um belo exemplo de superação que marca a trajetória da Chapecoense. O time e as vítimas do desastre jamais serão esquecidos! O clube ficará marcado para sempre nas mentes e na história do esporte mais apaixonante do mundo.
Em homenagem às famílias e aos amigos, dedicamos essa música, juntamente com todo o nosso respeito e pesar:
‘’Quando bater a saudade
Olhe aqui pra cima
Sabe lá no céu aquela estrelinha
Que eu muitas vezes mostrei pra você
Hoje é minha morada
A minha casinha
Mesmo que de longe tão pequenininha
Ela brilha mais toda vez que te vê’’.
Hoje a Chapecoense não é mais a força que era na década passada, infelizmente más administrações, desmandos e tudo que parecia que o clube era totalmente imune no auge vieram à tona e fizeram a Chapecoense cair nas divisões nacionais. Porém, o clube ganhou a simpatia do povo brasileiro, bastante acolhedor nas piores horas.
Dona Alaíde, mãe do Danilo, homenageou a todos nós da imprensa profissional ou que apenas gosta de levar o futebol informando, narrando jogos por hobbie, quando ela abraçou o jornalista Guido Nunes, na Arena Condá, no auge da dor e do luto, uma força absurda. Um símbolo da reconstrução da Chapecoense.