O Escândalo do Olympique de Marselha: Suborno, Rebaixamento e Punições na Temporada de 1993

O Olympique venceu a Champions em 1993, mas um caso de suborno no Francês resultou no rebaixamento do clube e na anulação do título nacional.

Bruno Lobão
Por Bruno Lobão - PFQL 3 Minutos de Leitura

No início da década de 1990, o Olympique de Marselha tinha um dos principais esquadrões do futebol europeu. Depois de bater na trave na Liga dos Campeões de 1990/91, o presidente do clube, Bernard Tapie, investiu pesado e montou um time recheado de estrelas, como Barthez, Desailly, Deschamps, Abedi Pelé e Rudi Völler. O objetivo era claro: se tornar o primeiro clube francês a vencer a principal competição de clubes do mundo.

Sendo assim, a missão de Tapie foi cumprida no dia 26 de maio de 1993, com a vitória do Olympique sobre o Milan, por 1 a 0, no Estádio Olímpico de Munique. No entanto, o grande feito da equipe francesa logo viraria um escândalo. Poucas semanas depois, a conquista da Liga dos Campeões daquele ano seria totalmente ofuscada não só pelo rebaixamento, mas também pela anulação do título francês e também pela prisão do diretor de futebol, Jean-Pierre Barnès. Quer entender melhor? Vem com a gente!

O Escândalo do Olympique de Marselha: Suborno, Rebaixamento e Punições na Temporada de 1993

Contexto

A reta final da temporada 1992/93 tinha tudo para ser mágica para o torcedor do Olympique de Marselha. A equipe estava próxima de conquistar o pentacampeonato francês consecutivo, era finalista da Liga dos Campeões e fazia uma campanha memorável, jamais vista na história do clube.

No dia 20 de maio, seis dias antes do histórico duelo contra o Milan, o Olympique viajou até Valenciennes para enfrentar o time da casa. A partida, válida pela 36ª rodada do Campeonato Francês, poderia concretizar o nono título da história dos Les Olympiens – quinto de forma consecutiva. Bastava vencer o jogo por qualquer placar, o que de fato ocorreu, mas o troféu veio acompanhado por um caso de suborno que mudou a história do futebol no país.

O escândalo Valenciennes vs. Marselha

Às vésperas da final da Liga dos Campeões, começaram a surgir boatos que o Marselha teria subornado jogadores do Valenciennes na partida que decretou o título francês. O objetivo era não apenas assegurar a vitória, mas também garantir que ela viesse sem esforço, a fim de manter o time titular inteiro e sem nenhuma lesão. Dessa forma, a equipe chegaria descansada para a final europeia, já sem nenhum tipo de preocupação com a liga nacional.

Tudo saiu como planejado: depois de um jogo morno, o Olympique bateu o Valenciennes por 1 a 0, levantou o troféu da Division 1 e manteve o time em plenas condições físicas para a disputa da Liga dos Campeões no fim de semana seguinte.

O suborno foi revelado por Jacques Glassmann, então atleta do Valenciennes. Além dele, Jorge Burruchaga e Christophe Robert, capitão do time, foram contactados por Jean-Jacques Eydelie, ex-colega do trio na época em que atuavam no Nantes. Apesar da recusa de Glassmann, os outros dois jogadores concordaram em participar do suborno, e então foi feito um acordo para que a tia de Robert recebesse 250 mil francos em sua casa. Assim, o capitão do Valenciennes, depois de conversar também com o diretor de futebol do Olympique, convenceu o resto da equipe a perder a partida deliberadamente.

Durante o jogo, Glassmann foi até o seu treinador, Boro Primorac, e contou a respeito do suborno. Na segunda etapa, relatou o caso ao árbitro Jean-Marie Véniel, que anotou no relatório e chamou o capitão do Marselha, Didier Deschamps, para conversar. Ao final, policiais entraram no vestiário e interrogaram alguns jogadores do então campeão francês.

O Escândalo do Olympique de Marselha: Suborno, Rebaixamento e Punições na Temporada de 1993

Desdobramentos

Duas semanas depois do ocorrido, Christophe Robert confessou ao magistrado de Valenciennes que aceitou o suborno vindo da equipe do Olympique de Marselha. Após algumas investigações, foi encontrado o envelope com 250 mil francos no quintal da casa da tia de Robert, e, no final do mês de junho, a polícia entrou na sede dos Les Olympiens para interrogar 12 jogadores. Eydelie admitiu ter pago o suborno e foi detido junto ao diretor Jean-Pierre Bernès pelo crime de corrupção ativa.

Em setembro de 1993, após a renúncia de Bernès do cargo de diretor geral, foram anunciadas as punições: a Federação Francesa de Futebol retirou o título do Marselha naquela temporada, rebaixou a equipe para a segunda divisão e a UEFA proibiu o clube de jogar competições europeias por um ano.

Em 1994, Tapie foi obrigado a renunciar ao cargo de presidente, sendo substituído por Pierre Cangioni. Tanto Tapie quanto Bernès foram banidos permanentemente pela FFF, enquanto os jogadores envolvidos foram suspensos do futebol francês por seis meses (Burruchaga e Robert) e um ano (Eydelie). No entanto, pouco depois, a FIFA anulou a suspensão e Tapie voltou ao clube em 2001, dessa vez como diretor de futebol.

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Estudante de jornalismo e apaixonado por esportes no geral.
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