Algum dia você já imaginou a maior seleção do maior esporte de todos os tempos, sofrendo o que viria a ser o maior vexame da história do futebol? E ainda por cima, dentro de seu próprio país? Pois bem, querendo ou não, foi exatamente o que aconteceu com a Seleção Brasileira durante a Copa do Mundo de 2014. Como brasileiros, sabemos o quanto essa derrota ainda machuca o coração dos torcedores; mas a questão é: o que será que deu errado?
O Início
Tudo começava em 2012, quando o técnico campeão do Penta – Felipão – chegava ao comando da canarinha como substituto para Mano Menezes, que decepcionou em resultados durante seu mando. Felipão, apesar de não vir de um excelente retrospecto pelo Palmeiras, ainda sim carregava o objetivo de montar uma seleção competitiva para vencer a Copa das Confederações em 2013, e no ano seguinte, o Hexa.
Em termos de resultados, Scolari não refletiu tanta confiança aos torcedores durante as primeiras partidas amistosas, vencendo somente no quarto jogo contra a Bolívia, e pouco antes do início do torneio, também a França por 3×0.
A Copa das Confederações
Uma vez com a Copa das Confederações já iniciada, o primeiro jogo dos penta-campeões foi contra o Japão; bem agitado, diga-se de passagem. Neymar abriu o placar da partida com um golaço no ângulo após Fred matar a bola no peito, ajeitando com tranquilidade para a finalização do camisa 10. Durante um bom tempo, a seleção permanecia pressionando os asiáticos na partida, que resistiam bem até que o segundo gol fosse marcado: Paulinho dominava bem o cruzamento de Daniel Alves e chutava firme no canto dentro da área; e no último lance, Jô fechava o 3×0 após linda assistência de Oscar.
Segundo jogo contra o México, novamente Neymar faz grande atuação com outro golaço no ângulo após belo voleio, abrindo o placar e desencadeando uma partida mais “enroscada” embora ainda houvesse superioridade brasileira, tal que durante os últimos lances, o Menino da Vila tocava a bola na perna boa de Jô, que decretou a vitória por 2×0 dos Canarinhos e a classificação para o Mata-Mata.
Ao fim da fase de grupos contra a Itália, foi onde a Seleção Brasileira mais suou; durante uma partida empacada Dante abria o placar nos acréscimos após falha de Buffon, que no segundo tempo viria a ser empatado pela Italia com gol cruzado de Giaccherime. Preocupados, os torcedores que antes estavam sérios, voltam a se sentir aliviados ao presenciar Neymar salvando o dia mais uma vez com um golaço de falta no ângulo, apenas sendo complementado pelo primeiro gol de Fred no campeonato depois de um perfeito cruzamento de Marcelo. Tudo parecia acabado, até que Itália reage e Chielline marca o segundo gol para os Tetra-Campeões aproveitando-se de uma lambança dentro da área brasileira, trazendo uma luz de esperança à uma possível reviravolta! Todavia, essa luz logo se apagaria novamente assim que Fred deixasse seu segundo gol na partida, resultado de um rebote permitido por Buffon ao defender a finalização de Marcelo. Fim de jogo: 4×2 para os que defendiam nossa bandeira!
Diretamente para as semi finais, o adversário já era de casa, dessa vez a Seleção Brasileira enfrentaria Uruguai numa partida que prometia tirar o fôlego dos torcedores; dito e feito, Uruguai quase saiu na frente com um pênalti a favor, que felizmente foi barrado por Júlio César; Forlán havia perdido o pênalti. O jogo começou muito animado, tal que após a cobrança uruguaia mal sucedida, Fred deixa o primeiro para os Brasileiros aproveitando-se de uma sobra perfeita! Brasil foi para o intervalo satisfeito, mas essa satisfação foi temporária vide que uma lambança da defesa permitiu com que Cavani empatasse a partida botando a bola no cantinho. O jogo permaneceu muito acirrado, Brasil estava sofrendo, mas aos 86 Paulinho marcou o dele num bom cabeceio decorrente de um escanteio, finalizando o jogo por 2 a 1 para os Penta-Campeões.
Na tão esperada final as expectativas não eram tão altas, convenhamos; afinal, iríamos enfrentar a recente campeã da Eurocopa e Copa do Mundo. Definitivamente Espanha não deveria ser uma adversária fácil! Mas mal sabíamos que aquela seria uma noite fantástica da Seleção Brasileira. Com muita fome de gol e sede de vitória, Brasil já abria o placar cedo com Fred, que mesmo caído conseguiu deixar o dele. A atmosfera do estádio naquele momento estava absurda, e com certeza ficou ainda mais absurda após aquela tirada fantástica de David Luis em cima da linha, que logo depois foi complementada por um golaço de esquerda de Neymar que meteu uma bomba no canto de Casillas. Sem sombra de dúvidas, o primeiro tempo foi de domínio brasileiro! Para muitos, Brasil agora iria se fechar no segundo tempo, mas isso não estava nos planos de Fred que fez um golaço no cantinho logo no começo, fechando o caixão espanhol com um 3×0 escrito no túmulo. Um atropelo latino. Sérgio Ramos até tentou marcar pelo menos um gol para a Espanha a partir de um pênalti feito por Marcelo, mas bem, aquele não era o dia deles! Chutou pra fora. Brasil é o Grande Campeão da Copa das Confederações! Título que aplicou uma dose de otimismo em todo o país para a conquista da Copa do Mundo no ano seguinte.
Convocações
Alguns meses se passaram, o Brasil já havia jogado alguns outros amistosos contra seleções medianas, e então, a Copa do Mundo estava prestes a iniciar. A convocação final de Felipão foi um tanto quanto polêmica, incluindo nela alguns nomes não tão desejados como: Júlio César (não vinha desempenhando tão bem e estava jogando no Toronto FC, numa liga simples), Henrique, Maxwell e Bernardo. Tal como também houve vários nomes queridos que ficaram de fora: Fabinho, Robinho, Danilo, Filipe Luís, Dedé (Cruzeiro), Lucas Leiva, Lucas Moura, Felipe Coutinho, Roberto Firmino, Everton Ribeiro e Diego Costa (grande polêmica na época; foi desprezado por Felipão e então se naturalizou espanhol). Todos esses muito bem em seus times, alguns inclusive voando, jogando muita bola!
Enfim a Copa do Mundo
Hora da estreia, o primeiro jogo era contra a Croácia, que na época era um time de mediano para bom. Brasil começou nervoso, fazendo um gol contra logo no começo numa tentativa de Marcelo em cortar um cruzamento; preocupou os torcedores, porém Neymar, mais uma vez, assumiu o protagonismo e aos 29’ fez um golaço no cantinho, pegando na trave e entrando; o jogo estava empatado. Brasil começou a crescer no jogo, tal que em um pênalti sofrido por Fred, Neymar bota os Canarinhos na frente brocando seu segundo gol na partida. Seleção estava com muita personalidade, e pouco antes de acabar o jogo, Oscar anula de vez as chances Croatas aplicando um 3-1 no placar com um gol de bico.
Já derrotados anteriormente na Copa das Confederações, México retorna para sua revanche contra o Brasil. Com Hulk de fora e Ramires jogando aberto pela direita, o jogo estava muito bem cadenciado pelas duas seleções, com boas chances para ambos os lados somado a uma noite mágica de Ochoa, que fechou o gol mexicano! Seleção Brasileira tentou muito, chegou a assumir uma tática mais ofensiva no intuito de tirar pelo menos um gol do jogo, mas ineficaz. Partida terminava em 0x0.
A última partida da fase de grupos seria contra o Camarões, com Brasil precisando vencer para assegurar sua vaga no mata-mata. Bem, aqui Neymar novamente mostrou protagonismo, marcando o primeiro gol do jogo logo aos 17’ após cruzamento rasteiro de Luiz Gustavo. Todavia, a felicidade durou pouco, pois uma desatenção da defesa fez com que Camarões empatasse em menos de 10 minutos com um gol praticamente idêntico ao da Seleção Brasileira. Mas Neymar ainda estava lá sendo herói mais uma vez, fazendo um golaço que botou nosso país nas oitavas da Copa do Mundo; 2×1 para o Brasil até ali. Ao começar do 2°tempo, Fernandinho havia entrado para gerar cadência do meio campo, e funcionou, visto que posteriormente Fred marcou o primeiro dele na competição de cabeça após outro cruzamento, assim como Fernandinho, que ao fim da partida surgiu como atacante surpresa e também deixou o dele, decretando goleada. Fim de jogo, 4×1 para o Brasil; partida que ilustrou pela primeira vez a “Neymardependência” da Seleção.
Chegamos às oitavas de final, Fernandinho era a grande novidade do elenco titular após atuação quase perfeita no jogo anterior. Contra o Chile, nos 18’ David Luis marcou o primeiro após um escanteio, não desperdiçando a sobra que apareceu ao respingar da bola! Assim que o gol feito, Chile pressionou os Penta-Campeões, empatando aos 32’ com um chute de Alexis Sánches que apareceu muito bem na área. Brasil apresentava grande dificuldade nessa partida, o meio campo foi praticamente engolido e Neymar estava sendo muito bem marcando, como resultado, Chile dominou o jogo com muito mais posse de bola. Brasil foi para as prorrogações com um sentimento de quase impotência, tendo o sonho do hexa quase destruído aos 119’ com um bomba de Pinilla que explodiu na trave. O jogo foi para os pênaltis e Júlio César foi herói, defendeu 2 pênaltis e Neymar acertou a última cobrança brasileira, aliviando um pouco o coração dos torcedores que assistiram anteriormente 1 pênalti perdido por William, e 1 pelo Hulk. Brasil estava classificado para as quartas de final após um jogo assustador; se antes havia enorme otimismo devido aos bons resultados na Copa das Confederações, agora já havia se esvaído quase que por completo, Brasil já não conseguia mais esconder as inúmeras fragilidades no elenco, que iam desde táticas à emocionais.
Agora o desafio era contra a Colômbia, seleção que vinha de grandes resultados com performances excelentes de James Rodríguez; convenhamos: todos ficaram muito receosos com essa partida. Bem, a Seleção Brasileira iniciou com tudo (já não mais com Daniel Alves, que vinha muito mal das últimas partidas), fazendo gol aos 7 minutos com Thiago Silva de joelho após escanteio. Brasil dominou no primeiro tempo, aquele meio campo que parecia estar sonolento no jogo anterior, dessa fez mais despertado do que nunca! E embora o ritmo tenha caído no segundo tempo, aos 69’ David Luiz marcou aquele golaço histórico e fantástico de falta, que foi comemorado com toda a paixão brasileira! Bem, tudo aparentava estar um mar de flores até então, porém, Júlio César comete um pênalti no final do jogo e James Rodríguez diminui o placar para 2×1. A partir daqui, a pressão colombiana era absoluta, e aos 88’ Neymar sofre o que foi provavelmente a maior tragédia de sua carreira: uma joelhada criminosa na coluna por Zuniga, que fraturou a vértebra e somente por um milagre não ficou paraplégico. Ao fim, Brasil suportou a pressão e o jogo acabou em 2-1.
Nas semis, Felipão encontrou o maior empecilho de toda seu carreira pela Seleção Brasileira: um jogo contra o elenco favorito da competição, sem o principal astro do time e com Thiago Silva suspenso. Todos os membros do Time Brasileiro estavam carregando uma carga emocional gigantesca devido a duas perdas importantíssimas, provavelmente os dois principais pilares da Seleção até então; Brasil estava prestes a enfrentar a Alemanha com sua pior versão desde à Copa das Confederações, tanto tática como emocionalmente. Enfim bola rolando, a Seleção até apresentou certa personalidade no começo, porém na primeira chance Alemã, Müller ficou livre na área e marcou o primeiro de muitos outros, outros esses que protagonizariam o pior dos shows de horrores que se poderia pensar. Aos 23, Klöse marca o segundo de rebote, tornando-se o maior artilheiro da história das Copas do Mundo ultrapassando Ronaldo Fenômeno. Após isso, em 3 minutos, outros 2 gols, ambos de Toni Kross. Novamente 3 minutos se passaram, outro gol da Alemanha, dessa vez de Khedira, aos 29’. Pra fechar o caixão e enterrar o povo brasileiro a 7 palmos abaixo da terra, Schürrle deixa o dele aos 69’, e também aos 79’. Tudo estava acabado, ninguém nunca havia visto uma humilhação tão grande com tamanho impacto e peso histórico em toda a história de todos os esportes. Foi simplesmente trágico, triste, inacreditável. Oscar aos 90’ ainda marcou pelo menos 1 gol para a seleção brasileira, nada que apagasse o desastre que ocorreu nos outros 89’ minutos do jogo. O que aconteceu nessa partida foi tão vergonhoso que nem mesmo a Seleção Alemã poderia esconder o desconforto que sentia enquanto jogava. Alemanha era sim superior, mas 7 gols foi algo que ninguém jamais imaginaria.
Brasil estava destruído, mas ainda sim restava a disputa de terceiro lugar contra a Holanda. Um jogo com clima de velório, era notório a tristeza e falta de animação dos brasileiros na partida, enquanto Holanda não estava nem aí, tampouco, foi com tudo pra cima e logo com 3 minutos Robben sofreu uma falta boba de Thiago Silva, porém, juíz marcou pênalti. Não sendo diferente do esperado, o primeiro gol da partida saiu em seguida. 1×0 pra Holanda, gol de Van Persie. Em seguida, Blind enche o pé dentro da área e marca o segundo; não contentes, no final da partida ainda terminam de desintegrar os Penta-Campeões com um gol de Wijnaldum, depois de um belo cruzamento rasteiro. 3×0 para a Holanda. E assim, encerrando a era mais trágica da história da Camisa Brasileira, com eventos negativos que jamais serão esquecidos.
Bem, antes da lesão de Neymar, sem sombra de dúvidas Brasil era um time completamente diferente. Mas e aí, o que você acha? Se não existisse aquela lesão, a Seleção Brasileira teria chances de passar da Alemanha? Ou ainda sim perderia? Compartilhe conosco!