Qual o melhor time da história dos pontos corridos?

Os pontos corridos no Brasileirão destacaram campanhas históricas como Flamengo (2019), Cruzeiro (2003), Atlético-MG (2021) e outras, que marcaram o futebol com estilo e eficiência.

Paulo Jorge
Por Paulo Jorge 4 Minutos de Leitura

Desde que o formato de pontos corridos foi adotado, vários campeões conquistaram números expressivos e deixaram suas marcas. Quem não se lembra do Cruzeiro de 2003, o primeiro ano dos pontos corridos? Com Alex e companhia, foi o único time a alcançar a impressionante marca de 100 pontos, mas há um detalhe importante: aquele campeonato contou com 24 equipes.

Para se ter uma ideia, os rebaixados naquele ano foram Bahia e Fortaleza, ambos com 49 pontos — uma pontuação que hoje certamente salvaria os times do possível rebaixamento.

Desde que o campeonato foi regularizado com 20 equipes, cinco campanhas se destacam como as melhores de todas:

FLAMENGO (2019)

O Flamengo comandado por Jorge Jesus é sinônimo de domínio no futebol brasileiro e tem a honra de ser a equipe com a melhor campanha. Foram 90 pontos, com 28 vitórias, seis empates e quatro derrotas, totalizando um aproveitamento de 78,9%.

ATLÉTICO-MG (2021)

O Atlético-MG chegou perto da marca rubro-negra com uma campanha de 84 pontos, 26 vitórias, seis empates e seis derrotas. O aproveitamento de 73,6% é o segundo maior da história dos pontos corridos, e o time mostrou um futebol dominante a cada rodada.

CORINTHIANS (2015)

Conhecido pela objetividade e eficiência, o Corinthians de Tite apresentou um futebol considerado burocrático, mas extremamente eficaz. A campanha terminou com 24 vitórias, nove empates e cinco derrotas, somando 81 pontos e um aproveitamento de 71%. O ponto forte foi seu sistema defensivo sólido.

PALMEIRAS (2022)

O clube com mais títulos nacionais (embora alguns discordem) marcou presença com a quarta maior campanha. Sob o comando de Abel Ferreira, o Palmeiras somou 81 pontos, com 23 vitórias, 12 empates e apenas três derrotas. O time foi forte defensivamente e apresentava um futebol envolvente, com ataques rápidos e toque de bola preciso.

CRUZEIRO (2014)

O Cruzeiro impôs um grande domínio durante alguns anos, mas a campanha de 2014 foi especial. Foram 80 pontos, com 24 vitórias, oito empates e cinco derrotas, resultando em um aproveitamento de 70%.

A única exceção nesse grupo pode realmente ser o Corinthians (2015), conhecido por seu estilo mais pragmático. Com Tite, o Corinthians se destacou por uma defesa impenetrável e um estilo de jogo mais voltado ao controle e aos resultados, mas ainda assim, executado com uma perfeição tática que impressionava.

São Paulo (2006-2008)

Além desses, poderíamos lembrar do São Paulo (2006-2008), que dominou três temporadas consecutivas com Muricy Ramalho. Embora fosse um time mais focado em resultados, conseguiu um desempenho tão consistente que, até hoje, é admirado pela disciplina e regularidade.

A discussão sobre o “melhor time” passa então pelo que cada pessoa valoriza no futebol: um estilo de jogo vistoso e arrojado ou a eficiência e pragmatismo. Os times que conseguem unir as duas coisas, como o Flamengo de 2019, acabam se destacando ainda mais.

Fluminense (2011)

Comandado por Muricy Ramalho, trouxe um futebol bonito e ofensivo, com destaque para o talento do meio-campo e a qualidade no ataque. Embora o time não tenha dominado o campeonato de forma tão expressiva quanto alguns dos campeões que citamos, ele marcou a competição com um estilo envolvente e eficiente.

Esse Fluminense era liderado em campo por jogadores como Fred, que foi fundamental no ataque, e contava com o talento de Conca e Deco, que davam criatividade e fluidez ao meio-campo. Com uma posse de bola bem trabalhada, Muricy conseguiu implementar um estilo de jogo que aliava eficiência e prazer estético, encantando os torcedores.

A oscilação durante a temporada impediu que o Fluminense conquistasse o título, mas eles foram protagonistas e competiram em alto nível. Esse é um ótimo exemplo de que nem sempre os times campeões são os únicos a se destacarem no quesito espetáculo; há times que, mesmo sem levantar a taça, deixam sua marca e entram para a memória dos torcedores justamente pelo futebol bonito e envolvente que praticaram.

Cruzeiro (2003)

Ao falarmos sobre o melhor time da história dos pontos corridos no Brasileirão, o Cruzeiro de 2003 certamente é um dos grandes candidatos. Na minha opinião, ele leva o título de melhor de todos os tempos.

Aquela equipe de Vanderlei Luxemburgo simplesmente dominava todos os setores do campo e jogava um futebol que encantava pela qualidade e fluidez. O Cruzeiro de 2003 foi o único time a atingir a marca impressionante de 100 pontos em um campeonato disputado por 24 equipes, uma marca que até hoje se destaca.

O destaque individual era, sem dúvidas, Alex, que conduzia o meio-campo com uma classe e habilidade raras. Muitos consideram Alex o melhor camisa 10 que jogou no Brasileirão após os anos 90. Ele era o cérebro do time, com uma visão de jogo refinada e uma precisão nas assistências e nos gols que o tornaram um ídolo eterno para a torcida cruzeirense.

Com um elenco equilibrado, uma defesa sólida e um ataque arrasador, o Cruzeiro não apenas vencia — ele encantava e impunha respeito em campo. Essa equipe marcou época e mostrou um futebol que vai além dos números, deixando na memória dos torcedores o espetáculo de um verdadeiro esquadrão.

Aquele Cruzeiro de 2003 era realmente um esquadrão, com uma formação estrelada em todos os setores. Além de Alex, o grande maestro da equipe, outros nomes contribuíram para a consistência e o poder de fogo que levaram o clube à tríplice coroa (Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Brasileirão).

A defesa era segura, com jogadores como Maurinho e o zagueiro Edu Dracena, que garantiam a solidez lá atrás. No meio-campo, os volantes Maldonado e Felipe Melo davam equilíbrio ao setor, com proteção à defesa e qualidade na saída de bola. Martinez e o experiente Zinho agregavam visão e distribuição no meio, completando o setor de criação ao lado de Alex.

O ataque era letal, contando com Deivid, Aristizábal, Mota e Márcio Nobre — um quarteto que oferecia variedade e eficácia no setor ofensivo. Esse grupo não era só técnico, mas também estrategicamente bem montado por Luxemburgo, que sabia explorar ao máximo o potencial de cada peça.

Foi uma temporada mágica, e esse elenco é lembrado não só pelo que conquistou, mas pelo futebol envolvente e de alta qualidade que jogava.

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Futuro jornalista , professor de história formado pela Unisuam , pesquisador do futebol e do subúrbio Carioca . Torcedor do Gigante da Colina.
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