O maior Campeonato Brasileiro de todos os tempos: a Copa João Havelange de 2000

Um campeonato fora da curva, com personagens e fatos marcantes, e que entrou para a rica história do futebol brasileiro: Copa João Havelange de 2000.

Pedro Regis Rodrigues
Por Pedro Regis Rodrigues 4 Minutos de Leitura

Tudo se deu início no Campeonato Brasileiro de 1999, mais precisamente na terceira rodada da competição. A goleada do São Paulo sobre o Botafogo por 6×1, por si só, já era um resultado estrondoso, mas nada se compararia ao que viria depois.

O Botafogo entrou com um pedido de anulação da partida, por conta da escalação irregular de Sandro Hiroshi, do São Paulo, por não possuir o passe necessário para estar apto a jogar. O pedido do clube carioca foi atendido, e posteriormente, o Conselho Disciplinar retirou os três pontos do Tricolor Paulista e os entregou ao Fogão.

Mais tarde, o Internacional também entraria com o pedido de anulação pelo mesmo motivo, já que o clube gaúcho havia empatado com o São Paulo por 2×2, e Sandro Hiroshi também jogou essa partida. Mais uma vez o Conselho Disciplinar deu vitória ao clube reclamante, e entrou dois pontos ao Colorado.

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Regulamento de 99

Todos esses trâmites judiciais teriam um resultado ainda mais impactante, em virtude do regulamento do campeonato daquele ano. O rebaixamento seria definido pela média de aproveitamento dos clubes nos campeonatos de 1998 e 1999, em relação ao número de jogos da primeira fase. Seria definido assim: pontos ganhos em 1998 divididos por 23, e pontos ganhos em 1999 divididos por 21. A soma da média desses dois anos seria dividida posteriormente por dois. Veja um exemplo abaixo:

((30/23) + (30/21)) /2 = 1,36

Com toda essa confusão no regulamento, ficaram definidos os rebaixados em 1999 com os resultados em campo: Botafogo-SP, Juventude, Paraná e Botafogo-RJ. Porém, com as mudanças dos resultados após as anulações das partidas, o Botafogo-RJ se safou do rebaixamento, por conta do aumento da sua média de pontuação. O Gama, que nada tinha a ver com isso, foi rebaixado no lugar.

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Caos instaurado

Revoltada com o resultado dos julgamentos, a diretoria do Gama foi à Justiça Comum contra a CBF, que ficou impedida de realizar o Campeonato Brasileiro de 2000. Após essa decisão da justiça, a CBF entrou em acordo com o Clube dos 13 para a realização do campeonato, com a promessa de reconhecer o mesmo como legítimo, com as vagas para a Libertadores de 2001. O Gama entrou com pedido de reintegração à Série A de 2000, por meio do Sindicato dos Técnicos de Futebol do DF. O temor do Clube dos 13 era grande, já que havia a possibilidade de outros clubes entrarem com liminares para derrubar o regulamento do campeonato. Então, o C13 se viu obrigado a reformular completamente o formato da competição, abolindo todas as divisões existentes, e criando assim um único campeonato, dividido em 4 módulos: Azul, Amarelo, Verde e Branco.

Regulamento da Copa João Havelange

O Módulo Azul seria integrado pelos clubes da Série A de 1999 (com o Gama incluído), o Amarelo pelos clubes da Série B e os rebaixados da primeira divisão. Os módulos Verde e Branco eram compostos pelos clubes da Série C, mas com divisões regionais: o Verde com clubes do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e o Branco com clubes do Sul e Sudeste. Não haveria rebaixamento neste ano.

No Módulo Azul, os 12 primeiros se classificariam à próxima fase. No Módulo Amarelo, foram divididos dois grupos com 18 times cada, e os oito primeiros se classificariam à segunda fase, que seria em formato eliminatório.

Após os jogos, o Paraná Clube se sagrou campeão do Módulo Amarelo, que depois viria a ser reconhecido como campeão da Segunda Divisão do Brasileirão.

Já nos Módulos Verde e Branco, o campeão foi o Malutrom, depois de triunfar em cima do Uberlândia.

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Fase final

Na última fase do campeonato, os 12 primeiros clubes do Módulo Azul (Cruzeiro, Sport, Fluminense, Goiás, Vasco, São Paulo, Ponte Preta, Athletico-PR, Internacional, Grêmio, Palmeiras e Bahia), se somariam aos três primeiros do Módulo Amarelo (Paraná, Remo e São Caetano) e ao Malutrom, campeão dos Módulos Verde e Branco.

Após os jogos, Vasco e São Caetano (vindo do Módulo Amarelo) se classificaram à grande final, que seria realizada em dois jogos: o de ida, no dia 27 de dezembro, e o de volta, no dia 30 de dezembro. Mas nem isso saiu como o esperado.

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Final de três jogos

No primeiro jogo da grande final, empate em 1×1 no Estádio Palestra Itália, em São Paulo. Os gols foram marcados por César, do Azulão, e Romário, do Gigante da Colina.

Já o segundo jogo, que deveria ser o último daquele campeonato, desencadearia uma série de eventos históricos para o futebol brasileiro. Com o placar ainda em 0x0, aos 23 minutos do primeiro tempo, o alambrado do São Januário cedeu, causando uma acidente que deixou 150 pessoas feridas.

A partida foi remarcada para o dia 03 de janeiro de 200, com o placar final de 3×1 para o Vasco, se sangrando assim, campeão brasileiro de 2000. O principal personagem daquela final, porém, foi o então vice-presidente do clube cruzmaltino Eurico Miranda. Insatisfeito com a cobertura feita pela Globo do acidente na segunda partida, Eurico estampou a marca do SBT, principal concorrente da emissora carioca, no uniforme do clube. O detalhe era que a Globo era a única emissora que detinha os direitos de transmissão.

Um campeonato fora da curva, com personagens e fatos marcantes, e que entrou para a rica história do futebol brasileiro! 📖🇧🇷🌟

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Estudante de jornalismo, explorando as áreas da Redação Esportiva. Fanático pelo Corinthians e histórias de clubes espalhados pelo mundo. Acompanho de perto Manchester United (ING) e Juventus (ITA).
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