O Brasileirão de 1979

Vamos relembrar a conquista invicta do Internacional no Brasileirão com mais clubes em sua história.

Davi Saito
Por Davi Saito - PFQL 3 Minutos de Leitura
O Brasileirão de 1979

Por que tantos clubes?

Este foi um processo que a então CDB organizou desde o início dos anos 70, influenciada por diversos fatores. Neste período, o número de clubes chegou a dobrar em poucos anos. Isto pode ser visto por duas óticas: De um lado, muitos clubes alternativos participaram do torneio, como Uberaba, Anapolina, Central-PE, Comercial, Desportiva Ferroviária, dentre outros; de outro, houve insatisfação geral por parte de clubes e federações.

A insatisfação dos paulistas

Em muitas listas, você deve ter visto que clubes como Santos e São Paulo, apesar do primeiro ter sido rebaixado apenas em 2023 e do segundo nunca ter saído da A, não disputaram todos os campeonatos brasileiros de 1971 até 2023, e 1979 é o motivo.

A princípio, os grandes clubes de São Paulo entrariam apenas na segunda fase do torneio. Porém, sentindo-se prejudicados pelo calendário (o torneio seria disputado em três meses!) e com estaduais mais rentáveis que o torneio nacional, os grandes paulistas desistiram de disputar a competição, com o apoio da Federação Paulista de Futebol.

No fim das contas, quem disputou o torneio por São Paulo foram os seis piores times do Paulistão que não foram rebaixados + Guarani e Palmeiras, que foram finalistas no ano anterior e entraram na terceira fase. Vale dizer que não apenas os paulistas ficaram insatisfeitos: As federações do Norte e do Nordeste não gostaram dos privilégios oferecidos aos clubes do Rio e de São Paulo e, por pouco, os clubes do Rio não disputaram o torneio.

A Carta do Rio

Os chamados 12 grandes clubes brasileiros se reuniram no Rio de Janeiro (sem representantes de Santos, Palmeiras e São Paulo) e alinharam seus desejos: 26 clubes na primeira divisão em 1980, maior arrecadação, voto qualitativo nas federações estaduais e não ceder jogadores à Seleção Brasileira.

Clubes pernambucanos e gaúchos, inicialmente, se manifestaram contra o documento, e nem mesmo a própria CBD conseguia um acordo para organizar o campeonato. Carlos Osório, diretor jurídico da entidade, saiu após a carta e proferiu as seguintes palavras:

“Nem em campeonato de várzea os seis últimos colocados do Paulistão acabam premiados ganhando vagas no campeonato nacional!”

Outro tópico bastante debatido foi o calendário: Os clubes propunham mudanças e, por sua vez, o sindicato paulista exigia que os jogadores não jogassem mais que seis partidas por mês.

No fim das contas, após reuniões e uma série de acordos envolvendo os próximos campeonatos, Giulite Coutinho (sim, o mesmo que dá nome ao estádio do America-RJ), presidente da agora CBF, conseguiu, enfim, viabilizar o torneio de 1979.

Regulamento

A primeira fase continha 80 equipes, distribuídas em 8 grupos com 10 clubes cada. Nos grupos A até F, classificavam-se os 4 melhores colocados + 4 melhores 5ºs. Já em G e H, considerados mais fortes, passavam 8.

Eis que chegamos à segunda fase, o motivo de uma das grandes polêmicas do torneio: Os times do Rio de Janeiro e de São Paulo disputaram diretamente esta fase, sem passar pela primeira. Assim, os 44 classificados desta juntavam-se a America-RJ, Francana, São Bento, Botafogo, Inter de Limeira, Goytacaz, Flamengo, XV de Piracicaba, Vasco, Fluminense, Campo Grande e XV de Jaú, totalizando 56 equipes.

Esta fase foi marcada por 7 grupos com 8 times cada, dos quais dois iriam para a terceira etapa. Enfim, esta era composta por estes 14 times + Guarani e Palmeiras, e reunia 4 grupos com 4 clubes. Os vencedores destes chegavam à fase final, que tinha semifinais e final em ida e volta. Em todas as outras fases, o formato era o mesmo: Todos contra todos do grupo, uma única vez.

O campeão

Eis o campeão invicto: O Internacional, comandado por Ênio Andrade e com nomes como Falcão e Mauro Galvão em seu plantel. Na primeira fase, passou em primeiro no grupo G, com 15 pontos em 9 jogos, enfrentando clubes como o rival, Grêmio, America-RJ, Figueirense e Coritiba.

Na fase seguinte, foi novamente o primeiro, desta vez no grupo K, com 11 pontos em 7 jogos. Por fim, na terceira, liderou o grupo R com 6 pontos em 3 jogos, superando Goiás, Cruzeiro e Atlético-MG. Agora, você deve estar pensando: Como assim só 6 pontos, sendo que o Inter foi invicto? Pois bem: A vitória valia apenas 2 pontos na época, e não 3.

Nas semifinais, encarou o Palmeiras, vencendo a ida por 3 a 2 e empatando a volta em 1 a 1. Na final, enfrentou o Vasco e venceu os dois duelos, por 2 a 0 e 2 a 1.

O Brasileirão de 1979
Por Davi Saito PFQL
Um dos criadores da PFQL. São paulino, fissurado em números, política e boas histórias.
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