As Alamedas do Palestra

Localizado entre a avenida Francisco Matarazzo e as ruas Palestra Itália e Padre Antônio Tomás, o estádio que abriga a Sociedade Esportiva Palmeiras passou a nutrir uma comunidade que vive para o clube desde os tempos do saudoso Parque Antarctica.

Lucas Martins de Lara
Por Lucas Martins de Lara - Redator PFQL 4 Minutos de Leitura

Localizado entre a avenida Francisco Matarazzo e as ruas Palestra Itália e Padre Antônio Tomás, o estádio que abriga a Sociedade Esportiva Palmeiras passou a nutrir uma comunidade que vive para o clube desde os tempos do saudoso Parque Antarctica. Segue o fio, que a PFQL te conta mais… 🧶

As Alamedas do Palestra

A história do estádio remete antes mesmo à história do Palmeiras. Em 1902, a Companhia Antarctica Paulista abriu ao público o espaço onde funcionava a cervejaria e, com isso, inaugurou-se aquele que seria o maior parque da capital paulista por muitos anos, o Parque Antarctica Paulista. Entre outras atrações, o parque contava com um campo de futebol e com a crescente paixão pelo futebol em São Paulo, o local era muito requisitado pelos clubes da cidade para mandarem seus jogos.

Ainda em 1902, no campo do Parque Antarctica, foi realizada a primeira partida de futebol oficial do Brasil, na ocasião o Mackenzie bateu o Germânia por 2 a 1 na primeira partida da história do Campeonato Paulista. Por muito tempo, a cervejaria passou a alugar o campo presente no parque para que os clubes de futebol pudessem desenvolver suas atividades.

As Alamedas do Palestra

As histórias de Palmeiras e Parque Antarctica se entrelaçam a partir de 1917, quando o clube mandou sua primeira partida no campo, ainda sob o nome de Palestra Itália. O confronto contra o Internacional de São Paulo acabou em 5×1 para o Palestra, e Caetano teve a honra de marcar o primeiro gol palestrino na história do Parque Antarctica. Pouco tempo depois, o campo também sediou o primeiro derby, com nova vitória palestrina, dessa vez por 3×0.

Com o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, o Germânia (clube de origem alemã) diminuiu suas atividades no futebol e repassou o contrato de locação do Parque Antarctica para o América (hoje extinto) que, por dificuldades financeiras, aceitou que o Palestra Itália fosse co-locatário do local.

No dia 27 de abril de 1920, o Palestra Itália comprou não só o campo de futebol, mas grande parte do Parque Antarctica por 500 contos de réis (cerca de R$ 65 milhões, segundo o site oficial do Palmeiras), o que foi considerada a “loucura do século”, tendo em vista que na época era uma localização periférica de São Paulo. Na primeira partida como devido dono do Parque Antarctica, o Palestra aplicou sonoros 7×0 sobre o Mackenzie. O campo ainda recebeu o primeiro confronto entre times de Rio de Janeiro e São Paulo (A. A. das Palmeiras 1×0 Botafogo) e o primeiro jogo da Seleção Brasileira fora da capital federal (vitória por 2×1 sobre a Argentina e conquista da Copa Rocca de 22).

As Alamedas do Palestra

O estádio passou por modernizações após ser adquirido pelo Palestra Itália. A primeira delas foi no final da década de 1920, quando o clube decidiu erguer arquibancadas em volta do campo, para tornar o Parque Antarctica um estádio de fato. À época do fim da primeira reforma, em 1932, o estádio era um dos maiores da América Latina, com capacidade para 30 mil torcedores.

O Palestra Itália foi ganhando melhorias gradativas com o passar do tempo. Em 1937, o estádio ganhou iluminação; em 1949, vieram os alambrados, e foi em 1951 que o antigo estádio precisou tirar uma de suas arquibancadas de madeira e ganhou um de seus símbolos: A piscina atrás do gol sul. Em 1961, veio a última grande reforma do Palestra Itália, com destaque para o campo que foi elevado em 3 metros para evitar as inundações, que eram constantes na região em épocas de chuva e, assim, o Palestra Itália/Parque Antárctica ganhou o nome de Jardim Suspenso. Em 2010, o estádio recebeu seu último jogo enquanto Palestra Itália e foi fechado para reformas, se tornando então o atual Allianz Parque.

As Alamedas do Palestra

Seja como Parque Antarctica, Palestra Itália ou Allianz Parque, a torcida palestrina sempre esteve muito presente no estádio e no entorno dele. Todas as reformas, principalmente no início da história de clube e estádio, foram apoiadas pela comunidade de torcedores.

Por exemplo, foram os torcedores que ajudaram o clube a quitar o pagamento pelo Parque Antárctica em 1922, além da venda de uma parte do terreno que se tornou o que, hoje, é o Shopping ao lado da arena. Também foram os adeptos do clube que ajudaram a erguer as primeiras arquibancadas do estádio.

A relação entre os palestrinos/palmeirenses se desenvolveu também nos entornos do estádio. Com o desenvolvimento da cidade de São Paulo e o fluxo de palmeirenses na região da Pompéia sendo cada vez maior, muitos comércios do Palmeiras e de temáticas palestrinas surgiram, principalmente na antiga rua Turiassu – que teve seu nome alterado para Palestra Itália em 2015.

As Alamedas do Palestra

Todas as principais organizadas do clube alviverde já tiveram ou têm suas sedes localizadas nas alamedas do estádio, e isso se estabeleceu como prática cultural dos torcedores palmeirenses que, em dias de jogo do time, se reúnem e buscam o local como uma forma de recriar a atmosfera do estádio e acompanhar o jogo entre seus pares.

Quando os jogos do Palmeiras são no próprio estádio, as alamedas e as arquibancadas vibram juntas. Membros das organizadas do Verdão também ocupam os entornos e cantam em sincronia com os organizados de dentro do estádio, vibrando em sincronia com quem está assistindo o jogo, sobretudo em jogos decisivos ou em decisões de título.

O entorno do estádio do Palmeiras representa uma resistência à elitização do futebol, mantendo viva uma cultura torcedora que antes era vista dentro do ‘Velho Palestra’ e que conseguiu encontrar em suas alamedas uma forma única de apoiar o time.

As Alamedas do Palestra

✏️ @lukatchaw – Dep. de Redação | @pfqloficial

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Por Lucas Martins de Lara Redator PFQL
Redator apaixonado por futebol e viciado no Palmeiras.
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