Localizado entre a avenida Francisco Matarazzo e as ruas Palestra Itália e Padre Antônio Tomás, o estádio que abriga a Sociedade Esportiva Palmeiras passou a nutrir uma comunidade que vive para o clube desde os tempos do saudoso Parque Antarctica. Segue o fio, que a PFQL te conta mais… 🧶
A história do estádio remete antes mesmo à história do Palmeiras. Em 1902, a Companhia Antarctica Paulista abriu ao público o espaço onde funcionava a cervejaria e, com isso, inaugurou-se aquele que seria o maior parque da capital paulista por muitos anos, o Parque Antarctica Paulista. Entre outras atrações, o parque contava com um campo de futebol e com a crescente paixão pelo futebol em São Paulo, o local era muito requisitado pelos clubes da cidade para mandarem seus jogos.
Ainda em 1902, no campo do Parque Antarctica, foi realizada a primeira partida de futebol oficial do Brasil, na ocasião o Mackenzie bateu o Germânia por 2 a 1 na primeira partida da história do Campeonato Paulista. Por muito tempo, a cervejaria passou a alugar o campo presente no parque para que os clubes de futebol pudessem desenvolver suas atividades.
As histórias de Palmeiras e Parque Antarctica se entrelaçam a partir de 1917, quando o clube mandou sua primeira partida no campo, ainda sob o nome de Palestra Itália. O confronto contra o Internacional de São Paulo acabou em 5×1 para o Palestra, e Caetano teve a honra de marcar o primeiro gol palestrino na história do Parque Antarctica. Pouco tempo depois, o campo também sediou o primeiro derby, com nova vitória palestrina, dessa vez por 3×0.
Com o desenrolar da Primeira Guerra Mundial, o Germânia (clube de origem alemã) diminuiu suas atividades no futebol e repassou o contrato de locação do Parque Antarctica para o América (hoje extinto) que, por dificuldades financeiras, aceitou que o Palestra Itália fosse co-locatário do local.
No dia 27 de abril de 1920, o Palestra Itália comprou não só o campo de futebol, mas grande parte do Parque Antarctica por 500 contos de réis (cerca de R$ 65 milhões, segundo o site oficial do Palmeiras), o que foi considerada a “loucura do século”, tendo em vista que na época era uma localização periférica de São Paulo. Na primeira partida como devido dono do Parque Antarctica, o Palestra aplicou sonoros 7×0 sobre o Mackenzie. O campo ainda recebeu o primeiro confronto entre times de Rio de Janeiro e São Paulo (A. A. das Palmeiras 1×0 Botafogo) e o primeiro jogo da Seleção Brasileira fora da capital federal (vitória por 2×1 sobre a Argentina e conquista da Copa Rocca de 22).
O estádio passou por modernizações após ser adquirido pelo Palestra Itália. A primeira delas foi no final da década de 1920, quando o clube decidiu erguer arquibancadas em volta do campo, para tornar o Parque Antarctica um estádio de fato. À época do fim da primeira reforma, em 1932, o estádio era um dos maiores da América Latina, com capacidade para 30 mil torcedores.
O Palestra Itália foi ganhando melhorias gradativas com o passar do tempo. Em 1937, o estádio ganhou iluminação; em 1949, vieram os alambrados, e foi em 1951 que o antigo estádio precisou tirar uma de suas arquibancadas de madeira e ganhou um de seus símbolos: A piscina atrás do gol sul. Em 1961, veio a última grande reforma do Palestra Itália, com destaque para o campo que foi elevado em 3 metros para evitar as inundações, que eram constantes na região em épocas de chuva e, assim, o Palestra Itália/Parque Antárctica ganhou o nome de Jardim Suspenso. Em 2010, o estádio recebeu seu último jogo enquanto Palestra Itália e foi fechado para reformas, se tornando então o atual Allianz Parque.
Seja como Parque Antarctica, Palestra Itália ou Allianz Parque, a torcida palestrina sempre esteve muito presente no estádio e no entorno dele. Todas as reformas, principalmente no início da história de clube e estádio, foram apoiadas pela comunidade de torcedores.
Por exemplo, foram os torcedores que ajudaram o clube a quitar o pagamento pelo Parque Antárctica em 1922, além da venda de uma parte do terreno que se tornou o que, hoje, é o Shopping ao lado da arena. Também foram os adeptos do clube que ajudaram a erguer as primeiras arquibancadas do estádio.
A relação entre os palestrinos/palmeirenses se desenvolveu também nos entornos do estádio. Com o desenvolvimento da cidade de São Paulo e o fluxo de palmeirenses na região da Pompéia sendo cada vez maior, muitos comércios do Palmeiras e de temáticas palestrinas surgiram, principalmente na antiga rua Turiassu – que teve seu nome alterado para Palestra Itália em 2015.
Todas as principais organizadas do clube alviverde já tiveram ou têm suas sedes localizadas nas alamedas do estádio, e isso se estabeleceu como prática cultural dos torcedores palmeirenses que, em dias de jogo do time, se reúnem e buscam o local como uma forma de recriar a atmosfera do estádio e acompanhar o jogo entre seus pares.
Quando os jogos do Palmeiras são no próprio estádio, as alamedas e as arquibancadas vibram juntas. Membros das organizadas do Verdão também ocupam os entornos e cantam em sincronia com os organizados de dentro do estádio, vibrando em sincronia com quem está assistindo o jogo, sobretudo em jogos decisivos ou em decisões de título.
O entorno do estádio do Palmeiras representa uma resistência à elitização do futebol, mantendo viva uma cultura torcedora que antes era vista dentro do ‘Velho Palestra’ e que conseguiu encontrar em suas alamedas uma forma única de apoiar o time.
✏️ @lukatchaw – Dep. de Redação | @pfqloficial