Na virada dos anos 2000 o clássico Flamengo x Vasco era disparado o clássico do momento no Rio de Janeiro. Impulsionados pelo sucesso na década de 90, onde “atores” da bola como Romário e Edmundo dividiram opiniões, rivalidade e até mesmo a companhia juntos, além do fenômeno Eurico Miranda, que apelava pela expansão da tensão entre Rubro-Negros e Vascaínos, uma história se formaria logo no segundo ano do novo milênio.
Da Sérvia para o Brasil, Dejan Petkovic chegou ao Flamengo após uma relevante passagem pelo Real Madrid e se firmar no Vitória. Identificado com o torcedor Rubro-Negro, rapidamente se tornou um dos líderes do elenco de um Flamengo relativamente enfraquecido, enquanto o Vasco tinha o grande time do Estado. Comandados por Joel Santana e embalados pelos recentes títulos brasileiros e da Libertadores, o Vasco era o grande favorito para a decisão do Cariocão de 2001, contra o Flamengo.
De um lado, o Flamengo “jovem”, das promessas Júlio César (goleiro) e Juan (zagueiro), comandados pelos já experientes Petkovic e Edilson capetinha, além do treinador Zagallo. Do outro, o poderoso Vasco, com Helton (goleiro), Pedrinho e Juninho paulista (meias),além de Viola e Euller (atacantes). Se de um lado o Vasco era favorito, esse favoritismo aumentou. Para a decisão, o Vasco tinha a vantagem de 1 gol no placar.
A única questão que apegava a fé flamenguista no momento era a freguesia vascaína. O Flamengo era o atual bicampeão carioca (1999 e 2000) em cima justamente do Vasco. Naquela época ficou em alta a provocação do “vice de novo!” ecoada no Maracanã durante o tri-vice do Vasco.
No dia 27-05-2001, o Flamengo precisava superar o Vasco, que tinha a vantagem do empate e 1 gol de saldo na parcial final. Tudo caminhava para o fim do tabu, onde apesar de um bravo Flamengo, o placar na altura do campeonato não era suficiente (2×1). Mas aos 43 minutos do 2º tempo, uma falta de uma distância considerável para o gol, consagrava Dejan Petkovic. Camisa 10 Rubro-Negro e famoso pelos gols de escanteio, ele bateu uma cobrança de falta implacável, vista para muitos como o gol mais antológico dos últimos tempos. Helton mesmo se esticando ao máximo não iria alcançar aquela bola.
Portanto aos 43 minutos da etapa final, Petkovic consagraria o dia 27-05 como o tricampeonato do Flamengo em cima do Vasco. Eternizando seu nome na história do Mais Querido onde depois dali ele vestiria a camisa 43 em uma futura passagem pelo Flamengo de novo (2009-2011) até se aposentar. Naquele gol antológico, viralizaram os segundos onde o banco de reservas do Flamengo rezava pela jogada e a torcida “benzia” o time enquanto a bola era ajeitada por Pet.
Para muitos, foi a mão da torcida que conduziu a bola até o ângulo. Desde então a figura de São Judas Tadeu, o santo padroeiro do Flamengo, ficou ainda mais popular na torcida. A frase “nada é impossível” é costumeiramente vista nas arquibancadas do Flamengo. O Vasco sem forças, nada pôde fazer. Era mais um vice-campeonato, o 3º seguido. A fama só piorou nos anos seguintes, em 2004 um novo vice do Vasco. Em 2011, em 2014 e em 2019 outros vices. Desde 1989 o Vasco não vence o Flamengo em uma final sequer.
Petkovic entrou para o hall de ídolos do Flamengo em 2001 com este campeonato e ainda traria a cereja do bolo em 2009, sendo titular no título brasileiro e vestindo a camisa 43 naquele campeonato. Desde então o Flamengo eternizou este minuto para sua história.