Festa com a volta de Neymar… mas até quando?

Não conseguimos explicar Neymar. Um menino que, desde cedo, encantou com seu futebol. Estreou na equipe do Santos em 2009 e, desde então, sempre esteve na prateleira de cima do futebol mundial.

Paulo Jorge
Por Paulo Jorge 4 Minutos de Leitura

Vimos Neymar voltar ao Santos com a pompa de “mito” para os santistas. Mas o que é um mito? Uma história criada em torno de um fato que não se pode explicar. E Neymar se encaixa perfeitamente nesse contexto.

Não conseguimos explicar Neymar. Um menino que, desde cedo, encantou com seu futebol. Estreou na equipe do Santos em 2009 e, desde então, sempre esteve na prateleira de cima do futebol mundial.

Neymar foi o único da atual geração que realmente esteve no mesmo patamar de Cristiano Ronaldo e Messi. Foi…

Mas por que usar o passado? Por que a sensação de que ele poderia ter sido maior?

Os números de Neymar na carreira:

Santos (2009-2013): Neymar surgiu no futebol como uma joia rara. Sua estreia pelo Santos, aos 17 anos, já mostrava um jogador diferenciado. Com dribles desconcertantes, velocidade e um faro de gol apurado, ele rapidamente se tornou o principal nome do time.

Em 2010, levou o Santos ao título da Copa do Brasil e do Campeonato Paulista, formando um trio de ataque memorável com Ganso e Robinho.

Em 2011, conquistou a Libertadores da América, sendo o grande destaque da competição e levando o Santos a um título que não vinha desde a era Pelé.

Ganhou o Prêmio Puskás de gol mais bonito do ano em 2011, pelo golaço contra o Flamengo.

Foi bicampeão paulista (2011 e 2012) e venceu a Recopa Sul-Americana em 2012.

  • Jogos: 225
  • Gols: 136
  • Assistências: 63
  • Títulos: 6 (Libertadores, Recopa, Copa do Brasil, 3x Campeonato Paulista)

Barcelona (2013-2017): A ida para o Barcelona marcou o ápice técnico e tático de Neymar. No time catalão, ele se adaptou ao futebol europeu e formou um trio ofensivo lendário ao lado de Messi e Suárez, conhecido como MSN.

Conquistou a Liga dos Campeões em 2015, sendo protagonista na final contra a Juventus e artilheiro da equipe no mata-mata.

Venceu a Tríplice Coroa (Champions League, La Liga e Copa do Rei) na temporada 2014/15.

Foi essencial na virada histórica sobre o PSG por 6×1 em 2017, com dois gols e uma assistência decisiva.

Conquistou dois Campeonatos Espanhóis, três Copas do Rei, um Mundial de Clubes, uma Supercopa da Europa e uma Supercopa da Espanha.

  • Jogos: 186
  • Gols: 105
  • Assistências: 61
  • Títulos: 8 (Mundial de Clubes, Champions League, 2x LaLiga, 3x Copa do Rei, Supercopa da Espanha)

PSG (2017-2023): Em 2017, Neymar tomou a decisão que definiria sua carreira. Saiu do Barcelona para ser o grande nome do PSG. A transferência por 222 milhões de euros fez dele o jogador mais caro da história. Mas, em vez de levá-lo a outro patamar, sua ida para o futebol francês foi o começo de um declínio.

Dominou o futebol francês, conquistando 13 títulos nacionais.

Conduziu o PSG à final da Champions League em 2020, mas perdeu para o Bayern de Munique.

Sofreu diversas lesões que limitaram sua continuidade na equipe.

Criou polêmicas dentro e fora de campo, incluindo discussões com torcedores, técnicos e dirigentes.

  • Jogos: 173
  • Gols: 118
  • Assistências: 70
  • Títulos: 13 (5x Campeonato Francês, 3x Copa da França, 3x Supercopa da França, 2x Copa da Liga Francesa)

Al-Hilal (2023-2025): Em 2023, Neymar surpreendeu ao aceitar uma proposta milionária do Al-Hilal, da Arábia Saudita. Em um movimento semelhante ao de Cristiano Ronaldo, optou por deixar o futebol europeu em uma idade ainda competitiva.

Salário astronômico, tornando-se um dos jogadores mais bem pagos do mundo.

Declínio do interesse dos grandes clubes europeus, devido às constantes lesões.

Decisão pessoal de sair do centro das atenções do futebol mundial.

  • Jogos: 5
  • Gols: 1
  • Assistências: 2

Seleção Brasileira (2010-atual)

  • Jogos: 128
  • Gols: 79
  • Assistências: 32
  • Títulos: 2 (Copa das Confederações e Jogos Olímpicos)

Total

  • Jogos: 717
  • Gols: 439
  • Assistências: 228
  • Títulos: 29

Muitas vezes, números não refletem a realidade.

O futebol vai muito além das estatísticas. Você pode ter números impressionantes que mascaram acertos e defeitos. O talento do “menino Ney” é inegável. Ele nasceu com um dom que poucos possuem. Mas Neymar também é o maior exemplo de como escolhas erradas podem levar uma carreira de brilhante a apenas “boa”.

Não falo pelo lado financeiro ou técnico—ninguém contesta sua qualidade e sua fortuna—mas será que, com as escolhas certas, ele não estaria entre os 10 maiores da história? Vou além: se tivesse permanecido no Barcelona, primeiro ao lado de Messi e depois assumindo o protagonismo, ele estaria no mesmo patamar de Cristiano Ronaldo e Messi.

Infelizmente, ele tomou uma decisão errada. Saiu para uma liga mais fraca e para um clube infinitamente menor que o Barcelona. Além disso, as festas, os “parças” e a falta de foco prejudicaram sua carreira.

Não se trata de abandonar amigos, aqueles que estiveram ao seu lado nos momentos difíceis. Mas será possível que nenhum deles tenha chegado no pé do ouvido e dito: “Irmão, você está errando!”

Agora, Neymar volta ao Santos como um ídolo máximo, carregado nos ombros da torcida, com direito a estátua e a missão de resolver todos os problemas do Peixe. E não poderia ser diferente. Sua recepção foi emocionante, a segunda maior apresentação de um jogador no Brasil, ficando atrás apenas de Romário.

Mas há uma diferença: Romário voltou ao Brasil como o melhor do mundo. O Flamengo fez de tudo para contratá-lo, investindo pesado. Seria como se Vinícius Júnior voltasse agora para o Flamengo por mais de R$ 300 milhões. Já Neymar, retorna ao Santos cercado de holofotes, muito mais pelo que representa fora de campo do que pelo futebol que ainda pode entregar. Neymar virou celebridade, um artista que gera likes e milhões de dólares em publicidade.

Mas e dentro de campo?

O que realmente importa para nós é: seu futebol ainda pode entregar algo?

A Seleção Brasileira ainda precisa dele? Ele será cobrado quando o Santos perder ou for eliminado? Os adversários vão respeitá-lo ou vão mirar em seu já combalido joelho?

A festa foi linda, mas até quando ela dura?

Festa com a volta de Neymar... mas até quando?
Seguir:
Futuro jornalista , professor de história formado pela Unisuam , pesquisador do futebol e do subúrbio Carioca . Torcedor do Gigante da Colina.
Faça um comentário

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *