Estamos testemunhando um Campeonato Carioca disputado em diversos estádios pelo Brasil, com equipes “B” e “C” por parte dos gigantes e com as equipes menores lutando para sobreviver em um cenário de futebol cada vez mais caro.
Atualmente, 12 clubes disputam o troféu de melhor time do estado. Trata-se de uma competição sem premiação financeira, mas que ganhou relevância devido à presença dos últimos três campeões da América, que também estarão no Super Mundial de Clubes: Flamengo, Botafogo e Fluminense.
A história do Campeonato Carioca começa em 1905, quando os antigos clubes se uniram para formar a Liga e organizar o primeiro campeonato, realizado em 1906. Os clubes participantes foram Fluminense, Paysandu, Rio Cricket, Botafogo, Bangu e o Football and Athletic Club. A criação da Liga Carioca foi fruto do trabalho de dirigentes do Fluminense e do Football and Athletic Club, inspirados pelo modelo já estabelecido do futebol paulista.
Já em 1907, surgiu o primeiro grande problema da competição. Organizado pela Liga Metropolitana de Sports Athleticos (LMSA), o campeonato terminou com Fluminense e Botafogo empatados em pontos. O Fluminense, que tinha melhor saldo de gols (inclusive nos confrontos diretos), declarou-se campeão, mas o Botafogo exigiu a realização de um jogo-desempate, algo que o Fluminense não aceitou. Sem conseguir resolver o impasse, a Liga foi dissolvida sem declarar um campeão oficial. Naquele ano, apenas Botafogo, Fluminense, Internacional e Paysandu participaram da competição.
Desde então, o Campeonato Carioca testemunhou momentos marcantes e equipes que entraram para a história. Não podemos esquecer do Paysandu de 1912, que desafiou as forças de Fluminense e Botafogo, ou do Bangu, o primeiro campeão profissional em 1933, que também ficou marcado por colocar em campo Carregal, o primeiro jogador negro da história do futebol brasileiro.
Como não se emocionar com o Vasco de 1923? Um time formado por negros, pobres e operários, que desafiou a elite carioca sob o comando de Ramón Platero. No ano seguinte, o Vasco não apenas manteve sua força em campo, mas marcou a história com a lendária “Resposta Histórica”. A Liga exigiu que o clube retirasse 12 jogadores do elenco, alegando critérios sociais e raciais, mas o Vasco resistiu e se recusou a aceitar tal imposição, mostrando ao Brasil o poder da inclusão no futebol.
O Campeonato Carioca também eternizou times e momentos inesquecíveis, como o primeiro tricampeonato do Flamengo (1936, 1937, 1938), o Mengão da massa. Naquela época, as ondas do rádio carioca ecoavam pelo Brasil, ajudando a popularizar o Flamengo e consolidá-lo como um dos clubes mais amados do país.
E o América? Por muitos anos, o “segundo time de todo carioca”. Sempre figurando entre os cinco primeiros colocados, o América foi a quinta força do futebol carioca por décadas, um clube que despertava simpatia em todas as torcidas.
O Campeonato Carioca também viu o surgimento de esquadrões lendários: o Vasco do “Expresso da Vitória”, o Fluminense da “Máquina Tricolor”, o Botafogo de Garrincha, e o Flamengo de Zico, Adílio e Júnior, que encantou gerações com seu talento e conquistas.
O futebol carioca tem uma história rica, feita de emoção, resistência e momentos inesquecíveis que moldaram não só o futebol do estado, mas também a paixão de milhões de torcedores pelo Brasil afora.
Mas seria muito injusto falar do futebol Carioca sem sitar time como Olaria e Bonsucesso. A zona da Leopoldina , o subúrbio carioca sempre esteve bem representado e esses times escreveram a história.
O Olaria, tradicional clube do bairro de mesmo nome, no subúrbio carioca, é um dos representantes mais conhecidos da Zona da Leopoldina. Além de ter sido vice-campeão carioca uma vez e ter ficado entre os quatro primeiros em outras ocasiões, o clube desempenhou um papel crucial na revelação de grandes nomes do futebol.:
Romário – um dos maiores atacantes da história do futebol mundial, começou sua trajetória no clube antes de brilhar pelo Vasco e a Seleção Brasileira.
Ricardo Rocha – zagueiro campeão do mundo pela Seleção em 1994.
Antônio Lopes – técnico e ex-jogador que marcou seu nome no futebol nacional.
Joel Santana – famoso tanto por suas conquistas como técnico quanto pelo carisma.
Arturzinho e Ricardo Boiadeiro – figuras de destaque no cenário nacional e importantes no clube.
O Leão da Leopoldina, como é carinhosamente chamado, também tem uma história rica no futebol carioca. Foi vice-campeão em 1924 e conseguiu uma honrosa terceira colocação em outro campeonato estadual.
No entanto, o maior legado do Bonsucesso não está apenas em títulos, mas na sua contribuição ao profissionalismo do futebol carioca. O clube foi um dos participantes do primeiro Campeonato Carioca profissional, em 1933, ao lado de gigantes como Vasco, Bangu, Fluminense, Flamengo e América.
Esse campeonato marcou uma mudança significativa no esporte do Rio de Janeiro, e o Bonsucesso teve papel ativo nesse marco histórico.
