O tradicional time do Bangu foi rebaixado para a segunda divisão. O time da Zona Oeste precisava vencer desesperadamente para chegar à última rodada com chances de permanecer na primeira, mas, infelizmente, voltou a jogar muito mal e sacramentou a queda para a segunda.
O último rebaixamento da equipe havia sido no Campeonato Carioca de 2004, quando fez a pior campanha e, na última rodada, assim como hoje, foi goleado pelo América por 5 a 1. A derrota do Bangu beneficiou a Portuguesa da Ilha, que estava na luta contra o rebaixamento, mas, com esse resultado, matematicamente não corre mais risco.
Com o rebaixamento em 2004, o Bangu ficou alguns anos na Série B, voltando apenas para a primeira divisão em 2009. O time fez uma bela campanha na Série B de 2008, conseguindo sempre ser líder nos grupos em que esteve presente.
Já o Madureira vive um sonho. O Trem Suburbano chega aos 15 pontos e assume a terceira colocação provisoriamente. É um feito magnífico e que há tempos não vemos o Madureira brilhando tanto no futebol local.
Mas o rebaixamento do Bangu não foi determinado hoje, ele vem se arrastando a alguns anos, mas vamos primeiro conhecer um pouco da história desse maravilhoso clube.
A história
O Bangu Atlético Clube é um dos times mais tradicionais do futebol carioca e brasileiro, com uma história rica que remonta ao final do século XIX. Fundado em 17 de abril de 1904, o clube tem raízes operárias e um papel fundamental no desenvolvimento do futebol no Brasil.
O Bangu foi fundado por funcionários da Fábrica de Tecidos Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A influência britânica na fábrica foi essencial para a introdução do futebol na região, já que trabalhadores ingleses ajudaram a popularizar o esporte entre os operários. Dessa forma, o Bangu se tornou um dos primeiros clubes do Brasil a praticar o futebol de forma organizada.
Além disso, o clube teve um papel pioneiro na luta contra o racismo no futebol. Em 1905, o jogador Francisco Carregal se tornou um dos primeiros negros a atuar por um time de futebol no Brasil, algo raro na época, pois muitos clubes adotavam políticas discriminatórias. Sim , em 1905, um jogador negro estava entre os jogadores da elite do futebol da época e isso gerou um grande problema para o Bangu.
Francisco Carregal era brasileiro, filho de pai português e mãe negra brasileira. Ele começou a jogar futebol nas dependências dos jardins da fábrica. Até chegar a fazer parte da equipe principal do Bangu foi um processo natural. Entre 1907 e 1909 o Bangu se afastou da Liga Metropolitana de Football, entidade que na época organizava o Campeonato Carioca, por causa da divergência com os outros clubes em relação ao tratamento com atletas negros. A Liga chegou a publicar uma nota de proibição a “pessoas de cor” de participarem de seus torneios.
O Bangu se consolidou como uma das principais forças do futebol carioca nas primeiras décadas do século XX. Em 1933, o clube entrou para a história ao conquistar seu primeiro Campeonato Carioca, o primeiro da era profissional do futebol brasileiro.
Nos anos seguintes, o clube revelou grandes jogadores e se manteve como uma equipe competitiva, sempre figurando entre os melhores times do Rio de Janeiro.
Os anos 1950 e 1960 foram uma das fases mais marcantes do Bangu. Em 1966, o clube viveu seu maior momento de glória ao conquistar novamente o Campeonato Carioca, batendo o Flamengo por 3 a 0 na final, com grande atuação de Paulo Borges, Ladeira e Aladim. O técnico era Tim, que montou uma equipe ofensiva e envolvente.
Nas décadas seguintes, o Bangu passou por altos e baixos. O time seguiu revelando jogadores talentosos, mas não conseguiu repetir os mesmos sucessos do passado. Nos anos 1980, o clube viveu um novo grande momento ao chegar à final do Campeonato Brasileiro de 1985, enfrentando o Coritiba. Após um empate sem gols no tempo normal e na prorrogação, a decisão foi para os pênaltis, e o Bangu acabou derrotado por 6 a 5.
A partir dos anos 1990, o clube passou por dificuldades financeiras e oscilações dentro de campo, chegando a ser rebaixado no Campeonato Carioca algumas vezes. Em 2004, o Bangu caiu para a Série B do Carioca, retornando à elite em 2009.
O flerte com a segunda divisão
A queda de um time é determinada por anos de descaso e mau planejamento. O Bangu, há anos, vem fazendo campanhas lamentáveis, parecendo que a diretoria só montava os times para cumprir tabela, por obrigação. Vamos analisar as últimas campanhas.
Em 2024, o Bangu ficou na 11ª posição, com duas vitórias, dois empates e sete derrotas, e, digamos, teve “sorte” por ter o Audax, que no ano passado fez campanhas péssimas em todos os torneios que participou, sendo, sem dúvida, uma das piores equipes do Brasil.
Em 2023, o time fez uma campanha um pouco melhor, mas também brigou contra o rebaixamento, ficando em nono lugar e fora da classificação para a Taça Rio.
No Carioca de 2022, mais uma vez o Bangu terminou em penúltima colocação, com uma campanha pífia e vexatória, sendo salvo por um Volta Redonda que entrou sem vontade no Carioca e, mesmo disputando competição nacional, foi rebaixado de forma humilhante.A novela se repetiu em 2021, com a mesma posição e o mesmo vexame, mas o time que foi pior que o Bangu foi o Macaé. O Bangu obteve uma vitória, enquanto o Macaé foi rebaixado sem nenhuma vitória.
A última grande campanha do Bangu foi em 2019, quando chegou a terceira colocação no quadro geral, fazendo uma campanha memorável. Na Taça Guanabara ficou fora das semifinais, mas na Taça Rio foi líder no grupo onde estava o poderoso Flamengo e eliminou o Botafogo.
E agora?
Ainda este ano, o Bangu disputa a Série A2, equivalente à segunda divisão, e se junta a camisas pesadas do futebol carioca: além do Alvirrubro, as equipes do América, Americano, Araruama, Audax, Cabofriense, Duque de Caxias, Olaria, Pérolas Negras, Petrópolis, Resende e São Gonçalo. O time também disputa a Copa Rio , que dá a dois times o direito de disputar a Série D ou a Copa do Brasil.