Historicamente, a região dos Balcãs sempre foi politicamente conturbada e instável, marcada por diversas guerras e rivalidades que deixam suas marcas até hoje. Obviamente, essas marcas também se fazem presentes no esporte mais amado do mundo. Nessa thread, contaremos um pouco dessa história…
Primeiramente, devemos entender quem são os Balcãs e suas origens: Os Balcãs são os países localizados na península balcânica, sendo eles atualmente Albânia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Grécia, Kosovo, Montenegro, Macedônia do Norte, Turquia, Croácia, Sérvia, Romênia e ocasionalmente incluindo Eslováquia, Hungria e Moldávia por razões culturais e históricas.
Desde sempre a região sofreu com a subjugação de outras nações como o Império Romano, Império Otomano, Império Bizantino, Império Austro-Húngaro e Iugoslávia, além de sempre ter sido uma “fronteira cultural”, separando as partes latinas e gregas do Império Romano e fronteira entre o catolicismo ortodoxo, catolicismo e islamismo. Portanto, nota-se que a origem dessa rivalidade é antiga e de origens étnicas-religiosas, com a maioria desses países odiando uns aos outros por um dia terem sido subjugados por estes.
Com tanta instabilidade no local, o querido esporte bretão surge como a oportunidade perfeita para as populações reafirmarem suas identidades nacionais e étnicas, como por exemplo no caso da icônica comemoração de Xhaka, quando o meia suíço replicou o símbolo da águia negra de duas cabeças (símbolo albanês) ao comemorar seu gol contra a Sérvia. Xhaka nasceu na região do Kosovo (que tem em sua demografia um alto número de albaneses), que tenta sua independência da Sérvia a tempos e, apesar de servir à seleção suíça, usou a oportunidade para reafirmar a luta da população do Kosovo pela sua independência.
Além dos casos de diversos clubes servindo como propaganda política, o próprio futebol foi motivo de uma guerra na península. Durante décadas, considerado o clássico da liga iugoslava, o confronto entre Dínamo de Zagreb (Croácia) e Estrela Vermelha de Belgrado (Sérvia) se tornou o símbolo da sangrenta guerra que assolou a região dos Balcãs nos anos 1990 e que não poderia ter sido disputado em uma hora pior: O jogo coincidiu em ser 2 semanas antes da data em que os partidos favoráveis à independência da Croácia venceram as primeiras eleições multipartidárias realizadas na República Iugoslava. Com as duas torcidas sendo conhecidas pelo extremismo de seus torcedores, além do posicionamento contrário a questão, montou-se o palco perfeito para um pontapé inicial para a guerra, que começara ao soar do apito inicial do clássico.
Torcedores de ambos os times começaram a jogar assentos e diversos objetos contra a torcida adversária e ecoando gritos nacionalistas em provocação. Revoltados, torcedores sérvios tomaram uma iniciativa e romperam as grades divisórias de proteção. Segundo relatos, em pouco tempo a briga também foi para o campo e começou uma briga generalizada no estádio, com 117 policias feridos e mais de 100 torcedores detidos, marcando o “começo do fim”. Ao término da temporada, Eslovênia e Croácia declararam independência da Iugoslávia, levando mais uma sangrenta guerra a região, contando até mesmo com membros de organizadas nos frontes de batalha.