Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Pablo Emilio Escobar Gaviria (1949-1993), nascido em Medellín, foi um dos mais temidos e influentes narcotraficantes na América do Sul e que tiveram fortes laços no mundo do futebol, em especial, o colombiano.

Gabriel de Oliveira Costa
Por Gabriel de Oliveira Costa 5 Minutos de Leitura

Pablo Emilio Escobar Gaviria (1949-1993), nascido em Medellín, foi um dos mais temidos e influentes narcotraficantes na América do Sul e que tiveram fortes laços no mundo do futebol, em especial, o colombiano. Torcedor fanático do Independiente Medellín, Pablo Escobar emergiu no futebol em um time que não torcia, o Atlético Nacional.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

O início (anos 70)

Enquanto a Colômbia vivia forte crise financeira e com um aumento significativo do tráfico de drogas, o futebol colombiano se via na mesma frente, com clubes devastados financeiramente e uma liga fragilizada como um todo.

Ali os carteis se veem numa brecha para aumentar seu poder e influência no país, já que além do futebol ser a grande paixão nacional, era relativamente fácil chegar à alta cúpula da politicagem no país através do futebol, o grande desejo dos narcos.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Diferenciação

Antes de falarmos do Pablo, precisamos diferenciar os pontos. Quando Escobar começa de fato a entrar no cenário futebolístico, uma série de carteis já faziam esse movimento, tendo o cartel de Cali o de maior sucesso. Justamente o cartel de Cali era a grande rivalidade de Pablo Escobar, que representava o cartel de Medellín.

Pablo Escobar no futebol

Pablo assumiu uma maneira “cometida” de influenciar no futebol em Medellín. Através do Atlético Nacional, que era um clube frágil, com grave crise financeira, Pablo viu ali sua oportunidade de começar a influenciar no clube, oferecendo sua ajuda aos presidentes, afim de assumir dívidas, investir dólares no time e elevar o patamar da equipe em um plano de dominar a Colômbia e posteriormente a América Latina.

Pablo começa de fato a ter grande influência, nos anos 70, tendo como entrada a boa relação com o presidente do Atlético Nacional, Hernán Botero (1973-1980). Botero que inicialmente não integrava o cartel de Medellín, chegou a se envolver até tal ponto em que se tornou o 1º extraditado por narcotráfico na história colombiana, quando os EUA o investigaram por ter lavado mais de 50 milhões de dólares para o cartel de Pablo Escobar.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Rivalidade

Como dito, o grande cartel da época era o de Cali, com Miguel Rodríguez Orejuela, através do América de Cali, fez o time se tornar o “Rey de Copas”. Orejuela queria a cabeça de Pablo Escobar e vice-versa, mas a grande diferença entre os dois narcotraficantes era que Orejuela gostava mais de se expor midiaticamente, enquanto Escobar sempre foi mais escondido. Inclusive é raro de se ter documentos que comprovem alguma intervenção financeira de Pablo no Atlético, preferindo assim, negociar diretamente e com dinheiro vivo.

A essa altura da rivalidade, assassinatos, disputas de gangues pelas ruas e cidades da Colômbia, tentativas de atentados, assaltos e outros inúmeros crimes cresciam na Colômbia. As FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que emergiram nos anos 60, já estavam se associando aos carteis, em uma tentativa geopolítica de implementar o estado socialista no país, até que o grupo aumenta e chega no nível de cometer extorsões, assaltos, crimes contra bancários e até uma revolta agrária para afetar a economia do país.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

“Los Puro Criollos”

Em meados de 85, Pablo Escobar decide dar um passo a mais no seu projeto ambicioso na Colômbia. Ele decide implementar o projeto antioquiano (Antióquia é um departamento colombiano que tem como capital Medellín), através dos “Los Puro Criollos” – o fim de jogadores internacionais e um time repleto de jovens colombianos nascidos na região da Antióquia (Medellín, Bello, Itagui, Evigado, Apartadó, Turbo e Rionegro).

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Domínio

Nos anos 80 os cartéis deram um grande salto, chegando a atingir 6% do PIB colombiano. Relatos indicam que os governos sabiam da crise, mas pouco agiam por se tratar de um aumento exponencial de dinheiro circulando no país, onde vários membros da política já estavam envolvidos com grupos criminosos.

Segundo o jornalista “Victor Messias”, cerca de 70% dos times do país chegaram a ser controlados em algum momento por narcotraficantes. América de Cali, Atlético Nacional, Santa Fé, Deportivo Cali, Millionários e Deportivo Pereira eram alguns dos principais times mais envolvidos com os carteis de todo o país.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

O auge

Após iniciar o projeto de “Los Puro Criollos”, Pablo Escobar sentiu o gostinho do poder. Em 1985, a Libertadores mais desejada pelo narcotráfico despertou a vontade nele de ganhar a América, antes mesmo de ganhar a Colômbia. Em 1989 o Atlético Nacional de fato consegue vencer a Libertadores, o que causou espanto não só no país, mas também na América Latina. Isso os levaram ao grande receio do ano seguinte, ano de Copa do Mundo e a Colômbia jogaria. Será que iriam desafiar o mundo agora também?

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Copa do Mundo e Interpol

Pablo Escobar em 1990 já era uma “estrela” mundial. O FBI e a Interpol trabalhavam incansavelmente pela sua prisão ou morte.

A Colômbia jogaria a Copa, na Itália, mas apesar dos esforços, ninguém viu Pablo Escobar no torneio. Relatos indicam que a seleção da Colômbia sempre foi mais próxima do cartel de Cali, tendo somente jogadores como Rene Higuita e Pipe Pérez os que falaram publicamente que tinham relações com Pablo Escobar.

Pouco depois da Copa de 90, o presidente da federação colombiana foi preso acusado de narcotráfico também.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Seu fim

Aos 29 anos de idade, Pablo Escobar já havia desgastado tanto a polícia, ao ponto do presidente do país Virgilio Barco, criar uma unidade militar só para o “problema Escobar”. Conhecido como El Patrón, Escobar foi morto a tiros em dezembro de 1993, com forte ajuda da CIA e DEA, o grupo de busca colombiano, criado para buscar Pablo.

Sua morte foi “facilitada” por uma intervenção da investigação que achou mensagens de Pablo Escobar com seu filho Juan Escobar, um dia depois do aniversário do filho.

Pablo foi surpreendido pelo grupo que cercou sua casa e trocou tiros com o narcotraficante. Pablo foi alvejado por diversos tiros no tronco, orelha e perna.

Sua morte era tão desejada ao ponto de policiais na operação, tirarem foto junto do corpo de Pablo Escobar morto, com os militares sorridentes.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Anos seguintes

Assim como é comum no tráfico, quando um morre, outro assume. No caso de Pablo Escobar, outros carteis seguiram seus anos de poder, enquanto o cartel de Medellín sofreu um grande baque e consequentemente encolheu de tamanho. Através da presidente Clinton, nos EUA, a Colômbia começaria a ser mais rigorosa com personalidades do futebol que tinham sua reputação manchada com o narcotráfico.

Aos poucos o governo foi recuperando espaço no país, os narcotraficantes foram morrendo ou sendo presos (Orejuela, do América de Cali, chegou a dividir prisão com Macri, ex-presidente do Boca Jrs e presidente da Argentina). Em 2016 um acordo de paz da Colômbia com as FARCs colocou oficialmente um fim na guerra do país.

Desde então, países vizinhos como Equador principalmente, sofreram com a entrada de traficantes que saíram da Colômbia e até os dias atuais é o país com uma das situações mais delicadas envolvendo a fragilidade do governo e o aumento do narcotráfico.

Pablo Escobar e seu narcotráfico no futebol colombiano

Jornalista formado, tenho 26 anos e em meu currículo acumulo experiências de social media com os canais Sportv, Premiere e Combate, atuando em competições como Copa do Mundo, Olimpíadas e Brasileirão.
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