Tradicional ilha caribenha, a Jamaica é um país famoso pela sua biodiversidade e vasta cultura que os levaram à fama na indústria musical através do Reggae, tendo a figura de Bob Marley um grande símbolo local. Além disso também é um país encantador para a indústria cinematográfica, sendo a casa das gravações de Lagoa Azul, além claro, da inspiração para o histórico filme Jamaica abaixo de zero, que figuram personalidades jamaicanas na obra.
Contudo, nos esportes ainda falamos de um país com pouca expressão. A ilha que tem 2,8 milhões de pessoas, certamente é famosa mundialmente no atletismo, onde Usain Bolt conseguiu o status de ser o atleta mais rápido do mundo e medalhista olímpico. No futebol a Jamaica teve sua seleção fundada em 1910, mas que apenas tiveram uma aparição em Copa do Mundo (1998), duas em Copa América (2015 e 2016), um 3º lugar na Copa Ouro (1998) e a ida aos jogos pan-americanos (2007).
Há tempos a Jamaica tenta alavancar a popularidade do futebol em sua ilha. Historicamente os jamaicanos preferiam o críquete, até mesmo pela alta influência britânica – importante lembrar que mesmo sendo um país independente, a Jamaica até hoje é uma monarquia parlamentarista que tem como monarca o Rei Charles III, o também atual rei do Reino Unido.
A partir dos anos 90, a Jamaica iniciou um ousado projeto para o futebol em seu país. Exigindo um treinador renomado, que falasse inglês e fosse disciplinador, Renê Simões foi levado para a Jamaica comandar o time sub-20, em 1989. O Ministério de Relações Exteriores se articulou para que personalidades globais começassem a olhar para a seleção jamaicana com maior profissionalismo, visto que a fama dos atletas locais fugiam dos hábitos padrões, como por exemplo, não utilizar substâncias como a maconha ou até mesmo “venderem” resultados, por conta do baixo orçamento de times locais, a corrupção era algo presente na realidade do futebol local.
Renê Simões conseguiu grande sucesso. Foi promovido à seleção principal em 1994, onde ali eles iniciariam uma histórica campanha de ida à Copa do Mundo 1998. Simões ficou famoso por disciplinar seus atletas, expulsando jogadores bagunceiros e flagrados com maconha, além de trabalhar a disciplina tática dos atletas, trouxe investimento para o futebol nacional e aproximou a federação jamaicana da Inglaterra, onde alguns atletas estavam atuando ou tinham raízes históricas com a Jamaica, mesmo sendo ingleses.
▶️ Renascimento jamaicano:
A Jamaica considera cidadãos jamaicanos aqueles que nasceram na ilha ou possuem ascendência (familiares nasceram na Jamaica e tiveram filhos fora do país). Estima-se que ao todo sejam 4,4 milhões de pessoas no mundo, onde a maioria são populações de etnia negra, que representam 92% totais. Grande parte dos jamaicanos fora do país estão nos EUA, Canadá e Inglaterra, países que falam inglês de forma nativa. De olho nisso, a Jamaica retomou em meados de 2021 seu projeto de buscar nomes fora do país para fortalecer seu projeto.
Após figurar nas Copa Américas de 2015 e 2016, em 2021 a federação passou a negociar com atletas ingleses com ascendência jamaicana. Dentre eles, nomes famosos como Michail Antonio (West Ham), Leon Bailey (Aston Villa), além de outros por toda a Europa, como Demarai Gray (Al-Ettifaq, ex-Leverkusen e Leicester). Dizem no Reino Unido que o que motivou os jamaicanos a fortalecerem sua seleção, foi o fato de Wes Morgan, atleta jamaicano, ter sido o capitão no histórico título do Leicester City na Premier League em 2015/16.
Apesar de algumas recusas, como as de Max Aarons (Norwich), Ivan Toney (Brentford), Daniel Sturridge (sem clube), entre outros, a seleção mudou de patamar rapidamente, tendo em seu ataque um poderoso trio formado por Antonio, Gray e Bailey. Além deles, são nomes conhecidos do futebol europeu na seleção: Latibeaudiere, ex-Man. City e hoje no Coventry City; Kasey Palmer, do Coventry City; Bobby Reid, meia do Fulham e Jamal Lowe, meia do Bournemouth.
Para a Copa do Mundo 2026, que será realizada bem próximo da Jamaica, a seleção está em 100% (é verdade que foram apenas 2 jogos), mas tornou-se uma das favoritas à classificação. Tendo 3 vagas disponíveis, sendo que os anfitriões EUA, México e Canadá já possuem vagas automáticas. Ou seja, a Jamaica, junto da Costa Rica e Panamá são as consideradas favoritas. Fora, ainda há duas vagas para repescagem, que serão disputadas contra a Oceania, ou seja, é bem provável que tenhamos a Jamaica na próxima Copa.
Será que a seleção jamaicana já se apresentará para o mundo nesta Copa América? Comandados pelo treinador Heimir Hallgrímsson, que comandou a seleção islandesa na Copa de 2018, os Reggae Boyz prometem dificultar o caminho das grandes seleções nesta Copa América. Em um grupo com México, Venezuela e Equador, os jamaicanos terão de se superarem para terem a classificação às fases finais do torneio.
📝 Texto escrito e produzido por @gabdeolv