A História do Nacional Fast Clube: Glórias, Declínio e Renascimento no Futebol Amazonense

Conheça a trajetória do Nacional Fast Clube, desde sua fundação em 1930 até os momentos de glória, declínio e renascimento no futebol amazonense.

Lucas Martins de Lara
Por Lucas Martins de Lara - Redator PFQL 7 Minutos de Leitura

No último “o que aconteceu”, falamos sobre a situação do Náutico que, por mais que não esteja em decadência absoluta, está longe de ser ocupar os lugares que sua grandeza exige. Depois de muito tempo, o escolhido da vez foi o Fast Clube que já foi uma das maiores forças do futebol amazonense e chegou inclusive a enfrentar o Cosmos de Beckenbauer e Carlos Alberto Torres.

A História do Nacional Fast Clube: Glórias, Declínio e Renascimento no Futebol Amazonense

História

O Nacional Fast Clube foi fundado em 1930 por uma ala de dissidentes de outro clube, o Nacional. Na época, a crise política do clube amazonense acerca da participação dos atletas nas eleições foi determinante para que 27 associados se desligassem do Nacional e idealizassem o Fast Clube.

Os fundadores do novo clube consideravam que o Fast seria o próprio Nacional e, por isso, trouxeram o nome da antiga equipe – além de também adotarem a cor azul, usar uma estrela como símbolo maior e usarem as iniciais NFC. Entretanto, algumas mudanças tiveram que ser feitas e o novo clube passou a utilizar o vermelho e branco (fazendo referência à bandeira do estado) e a estrela passou a ser dourada e centralizada no escudo. Os fundadores queriam manter as iniciais e foi sugerido que o ‘F’ viesse de Fast (velocidade em inglês), referente a rapidez e destreza dos jogadores em campo.

Muito ligado ao Nacional, o Fast já chegava ao futebol amazonense com ares de força local e sua estreia no campeonato estadual em 1932 concretizou a ideia, com o Fast terminando o torneio na segunda colocação. No restante da década de 30, o clube disputou títulos todos os anos, mas acumulou diversos vices. A força do Fast o colocou em pé de igualdade com o Nacional e o Rio Negro, formando assim o Trio de Ferro do futebol amazonense.

O cenário de vice-campeonatos se manteve para o Fast até a primeira metade da década de 40, mas com o abandono do futebol por parte do Rio Negro, o Tricolor ficou em uma posição mais privilegiada e finalmente conquistou o Campeonato Amazonense em 1948, repetindo o feito em 1949.

A década seguinte tinha tudo pra ser dominada pelo Fast Clube, entretanto o surgimento do América comandado por Cláudio Coelho como potência dentro do estado rendeu três vice-campeonatos consecutivos ao Tricolor, entre 1950 e 1953. O descontentamento foi geral e o clube se licenciou em 54, mas já planejando o retorno para 1955. A tática deu certo e o Fast retornou vitorioso, vencendo o próprio América para conquistar seu terceiro título estadual. Cláudio Coelho ainda se provaria uma pedra no sapato dos fastianos, pelo Auto Esporte conquistou dois títulos estaduais, mas quando o treinador saiu para organizar o retorno do Rio Negro, o Fast conquistou seu quarto título amazonense, em 1960.

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A Era de Ouro

Os anos 1970 foram os melhores na história do Fast. Depois de dois vices consecutivos em 68 e 69, o Tricolor entrou na nova década logo com o bicampeonato estadual e o título da Taça Amazonense. O título de campeão amazonense de 1971 deu ao Fast Clube a oportunidade de ser o primeiro clube do estado a disputar o Campeonato Brasileiro, mas na Taça de Prata (segunda divisão). Descontente por não estar na elite, o Fast se uniu com clubes de outras federações que não foram incluídas na primeira divisão e disputou a Copa de Integração Nacional.

O Fast figurou na elite do futebol nacional em 1977, quando o campeão do estado, Rio Negro, se licenciou novamente do futebol. O Tricolor também disputou as edições de 78 e 79 e o maior feito foi uma vitória por 2 a 1 contra o Fluminense no Maracanã. Nas três edições, o Fast venceu 11 jogos, empatou 7 e perdeu 25.

Nas décadas de 70 e 80, o Fast participou de alguns amistosos internacionais marcantes. O primeiro foi em 1971, contra o Porto, no estádio Vivaldo Lima, conhecido como Vivaldão, e terminou com vitória dos portugueses por 3 a 1. Em 1980, o clube enfrentou o Cosmos, que já não contava com Pelé, mas trazia em seu elenco estrelas como o lendário Franz Beckenbauer e o tricampeão mundial Carlos Alberto Torres. Para esse confronto, o também tricampeão Clodoaldo reforçou a equipe amazonense. Apesar do empate sem gols, a partida ficou na história ao estabelecer o recorde de público do futebol no Amazonas: 54 mil espectadores. Esse número permanece insuperável, já que a atual Arena da Amazônia, maior estádio do estado, tem capacidade máxima para 45 mil pessoas.

Em 1980 e 1981 o Fast fez mais dois amistosos internacionais: derrota por 1 a 0 contra a Seleção Polonesa e vitória por 1 a 0 contra o Millonarios, da Colômbia.

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O declínio

A década de 80 simbolizou o início do declínio do Fast. Alternando entre a terceira e a quarta colocação no campeonato estadual – e ficando com a pior posição em 1983 – o clube passou longe de qualquer protagonismo. Em 1980 e 1981 o Tricolor Cintado chegou a disputar a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, mas sem nenhum destaque e após isso ficou um longo período sem aparecer em qualquer escalão nacional.

Em 91, o Fast teve um último suspiro de grandeza com o vice-campeonato estadual, mas no ano seguinte se iniciaria a pior fase da história da equipe. Em 92, o Tricolor ficou com a última posição no estadual e nos 13 anos que se seguiram até 2005, o Fast deixou de disputar a competição em 1998, 2003 e 2005. Vale destacar que em 1996, a equipe disputou a série C do Brasileirão em um grupo com Nacional e Rio Negro, mas fez uma péssima campanha.

O renascimento

Para 2006, o Fast firmou parceria com o município de Itacoatiara e a cidade abraçou o futebol da equipe, oferecendo uma boa infraestrutura e presença constante nas partidas em casa. A média de público daquele ano foi de 4,5 mil pessoas por jogo e o incentivo marcou o renascimento do Fast Clube no cenário amazonense, logo no ano de estreia, o Tricolor ficou com a segunda colocação e com a vaga para a série C de 2007.

A parceria com o povo itacoatiarense continuou nos anos seguintes e o Fast terminou novamente na segunda colocação em 2007 e 2008, ganhando assim o direito de disputar a Copa do Brasil. No primeiro ano de copa nacional, o Fast enfrentou o Vasco e conseguiu levar o confronto para o Rio de Janeiro, onde foi eliminado. Em 2008, o Fast venceu o tradicional Santa Cruz na primeira fase e parou no Goiás na etapa seguinte. Em 2009, o Fast também disputou a Copa do Brasil, mas caiu ainda na primeira fase para o ABC de Natal.

A partir de 2009, o Fast voltou para sua casa em Manaus e fez campanhas regulares, ficando com o vice-campeonato em 2010. Em 2013, pela falta de estádios na capital – devido às reformas para a Copa do Mundo, o clube mandou seus jogos em Manaquiri e em 2014 construiu um estádio provisório no campus da Universidade Luterana Brasileira.

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Fim do jejum

Em 2016, o Fast Clube completaria 45 anos sem conquistar o Campeonato Amazonense – o maior período de jejum dentre as principais forças do estado. Como pudemos ver no texto, foram diversas ocasiões em que o clube ficou com o vice: 1972, 1977, 1978, 1981, 1991 e outras cinco vezes entre 2006 e 2015.

No início daquela temporada, o Fast disputou a Copa Verde apenas com jogadores da base pela falta de calendário no primeiro semestre e, inicialmente, caiu na primeira fase para o Águia de Marabá, mas após irregularidades na equipe Paraense, o Tricolor passou de fase, mas caiu na fase seguinte para o Paysandu.

No início do estadual, os prognósticos não eram favoráveis, mas o clube conseguiu se organizar e montou uma equipe que cresceu ao longo das rodadas da competição. Classificou-se para as finais em 1º lugar, chegando como o grande favorito ao título. Nas decisões, teve uma atuação impecável e, após vencer o Princesa por 3×1 na final disputada na Arena da Amazônia, sagrou-se campeão e encerrou uma longa fila sem conquistar o campeonato estadual.

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A série D de 2020

Com Manaus assolada pelo Covid-19, o cenário não era muito promissor para o Fast em 2020. No estadual, o Tricolor não conseguiu chegar às finais, mas ficou com o terceiro lugar e garantiu a vaga para a série D de 2021.

Naquele ano, o Fast também disputava a última divisão nacional e, ao contrário do que o cenário indicava, fez uma boa campanha se classificando em segundo lugar na primeira fase. Na etapa seguinte, o Fast enfrentou o Moto Club e se classificou nos pênaltis. Nas oitavas, o Tricolor Cintado passou novamente nos pênaltis, dessa vez contra o Globo do Rio Grande do Norte. Pela primeira vez na história, o Fast disputaria um acesso nacional, mas o Novorizontino se provou um adversário muito forte e encerrou a histórica participação do Fast Clube.

A participação em 2020 empolgou os torcedores para a Série D de 2021, mas desde o início haviam indícios de que o feito não se repetiria. Os dirigentes decidiram por não disputar a edição de 2021 do Campeonato Amazonense alegando que não havia segurança financeira para o clube e a federação garantiu imunidade para o Fast.

Um dia após a nota informando a não participação no campeonato estadual, a diretoria soltou outro comunicado confirmando a participação na Série D e prometendo uma campanha ainda melhor que a de 2020. No entanto, a realidade se provou esmagadora e o Fast não passou da primeira fase.

O rebaixamento inédito

Em 2022, com apenas o campeonato estadual para disputar, o Fast se classificou na quarta colocação na primeira fase e nas quartas eliminou o Amazonas, equipe com maior investimento do estado. Mas, na etapa posterior, foi eliminado pelo Princesa do Solimões.

Em 2023, o Tricolor voltou a solicitar o afastamento das competições oficiais, o segundo em um período de três anos e novamente alegando dificuldades financeiras. Entretanto, desta vez o Fast não possuía a imunidade da federação e foi rebaixado no campeonato estadual pela primeira vez na sua história.

Disputando a segunda divisão estadual em 2024, o Fast fez boa primeira fase e se classificou em primeiro no grupo A, com 9 pontos em 4 jogos. Porém, o Tricolor Cintado foi eliminado nos pênaltis para o Manicoré na semi e não garantiu o acesso para a elite amazonense em 2025.

Conclusão

O declínio do Fast se deu muito mais pela falta de infraestrutura que afeta o futebol brasileiro que se distancia do eixo – e afeta principalmente os clubes que estejam localizados mais ao norte do país. No entanto, a tradição inquestionável do Tricolor Cintado e o amor do amazonense pelo clube se aliados a uma boa gestão podem garantir que o Fast volte a elite do futebol no Amazonas e ajudem o clube a figurar novamente nas disputas nacionais.

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Por Lucas Martins de Lara Redator PFQL
Redator apaixonado por futebol e viciado no Palmeiras.
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