A crise do San Lorenzo

Crise no San Lorenzo: dívida de US$ 30 mi, salários atrasados, protestos da torcida e má gestão ameaçam o clube de Boedo, icônico na Argentina.

Letícia Buchebuan de Lima
Por Letícia Buchebuan de Lima - PFQL 2 Minutos de Leitura

No início do mês de dezembro, surgiram boatos de que o San Lorenzo de Almagro, tradicional clube argentino, poderia perder 12 de seus atletas – jogadores do elenco teriam exigido o pagamento de salários atrasados em 48 horas, assim dando um ultimato à diretoria. Mas como o time de coração do Papa Francisco chegou a essa situação?

Desde sua criação, torcer para o San Lorenzo é algo muito ligado a questões religiosas. O clube nasceu em 1908, quando um padre chamado Lorenzo incentivou um grupo de garotos a jogar futebol. Apesar disso, pode-se afirmar que os deuses não têm sido muito bons com seus hinchas – historicamente, o time identificado com o bairro de Boedo passou por longos jejuns de títulos, e chegou a ter seu estádio, o Viejo Gasómetro, tomado pelo regime militar e transformado em supermercado.

A crise do San Lorenzo
A carteirinha de sócio do Papa Francisco. – Divulgação: Reprodução/San Lorenzo.

O San Lorenzo terminou o Campeonato Argentino na 24ª posição, entre os 28 clubes que disputam-o. Foi eliminado da Copa Argentina ainda nas oitavas de final e, pela dificuldade financeira, teve de negociar alguns de seus jogadores importantes: as perdas mais significativas foram de Agustín Giay, lateral-direito transferido para o Palmeiras; e o meia Agustín Martegani, comprado pelo Boca Juniors. Em outubro, o ídolo do clube como meio-campista e então treinador, Leandro Romagnoli, pediu demissão devido a uma cobrança de pênalti perdida nos últimos minutos, que poderia ter dado a vitória ao Ciclón. O jogador por ele designado a cobrar penalidades era Iker Muniain, porém o elenco optou por Fydriszewski – um desrespeito à autoridade do técnico.

Vale lembrar que, em agosto, antes das partidas válidas pelas oitavas de final da Libertadores, contra o Atlético Mineiro, Romagnoli havia pedido para sair. Ortigoza, diretor de futebol e ídolo do clube como jogador, foi destituído de seu cargo após discutir com o presidente Marcelo Moretti. Em entrevista ao canal TNT Sports, Ortigoza afirmou: “Quando me procuraram, foi para que eu pudesse assumir o comando do futebol. Hoje já se passaram sete meses (…) e me ignoraram. Estou assumindo responsabilidade pelo que não decidi”. Em janeiro, surgiu a notícia de que o San Lorenzo precisava de 30 milhões de dólares para “ficar em dia”, com proibições, embargos e pagamentos atrasados ​​de mais de 3 MESES da FIFA para jogadores e comissão técnica. A situação só piorou…

Na última sexta-feira (13), a torcida chegou a tentar invadir o estádio, e protagonizar cenas de luta contra a polícia – mesmo sem o clube ter pelo que brigar, visto que não há mais rebaixamento. Mesmo em meio à crise, Marcelo Moretti disse que não analisa a possibilidade de renunciar, e que pensa em cumprir seu mandato, que vai até dezembro de 2027 – o que preocupa ainda mais os torcedores. Pode ser o caso de mais um gigante que vai sendo arruinado por política e má administração…


Colorada, apaixonada por futebol argentino e futura jornalista.
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