O Super Mundial da FIFA nasce de uma ideia claramente política de Gianni Infantino, cuja principal intenção é barrar a crescente influência da UEFA, impulsionada pela força da Champions League, e de figuras como Florentino Pérez, que tentaram revolucionar o futebol com a polêmica Superliga Europeia.
A verdade é que não há preocupação com competitividade ou prestígio histórico das competições. O que temos é um jogo de interesses, onde o tabuleiro envolve poder, influência e dinheiro.
O novo formato do Mundial será, sem dúvidas, um sucesso financeiro, que consolidará sua proposta original. No entanto, se o foco fosse realmente o desenvolvimento do futebol e a busca por competitividade, acredito que seria mais sensato manter a Copa das Confederações, um torneio respeitado e que permitia a interação de seleções em alto nível. Ainda tenho esperanças de que a competição possa retornar no futuro, mesmo que adaptada, talvez unificando com a Finalíssima e incorporando novas ideias.
É interessante lembrar que o Brasil já teve um clube campeão de um torneio similar ao que a FIFA propõe hoje. O Santos de Pelé, em 1968, venceu a Internazionale em um torneio que reuniu as quatro melhores equipes do mundo naquele momento. Essa conquista teve um enorme prestígio na época, mas, curiosamente, o próprio Santos nunca deu o devido valor histórico ao título, diferentemente do que Palmeiras e Fluminense fizeram com suas conquistas internacionais de 1951 e 1952, que, apesar de relevantes, talvez estejam em um patamar ligeiramente inferior ao feito de Pelé e companhia.
Quem acredita que futebol e política não se misturam ou é ingênuo, ou prefere negar a realidade. Pessoalmente, fico com a segunda opção. É duro para nós, torcedores apaixonados, aceitarmos que nossa visão de futebol como entretenimento e paixão é exclusiva da arquibancada. Para clubes, jogadores e empresários, o futebol é cada vez mais um negócio, e a paixão tem sido relegada a um segundo plano.
Não acredito que o futebol como paixão tenha acabado, mas é inegável que sua força diminuiu consideravelmente e continuará a diminuir nos próximos anos. Hoje, o futebol é, para muitos, uma paixão de trabalho, algo moldado por contratos, parcerias e interesses econômicos.
Infelizmente, decisões de entidades como FIFA, UEFA, CONMEBOL, CBF e outras tendem a priorizar benefícios próprios em detrimento da competitividade ou do reconhecimento daqueles que realmente sustentam o futebol: os torcedores. Resta a nós nos adaptarmos e encontrarmos formas de preservar o amor por esse esporte, apesar das circunstâncias.