A virada de século da seleção brasileira passava longe dos dias tranquilos, principalmente pela referência do começo da década anterior com o tetracampeonato do mundo e jogadores em evidência por todo o mundo, como Romário e Ronaldo Fenômeno, por exemplo. Contudo, em uma Copa América conturbada do início ao fim, realizada na Colômbia, o Brasil fez um dos maiores vexames da história ao ser eliminado para Honduras (2-0), nas quartas de final.
Após a derrota para a França, na final da Copa do Mundo de 1998, o Brasil entraria em forte ressaca. A seleção empolgava pouco nas eliminatórias, o que fez a CBF demitir dois treinadores durante 98-2000, sendo eles Vanderlei Luxemburgo e Emerson Leão. Um 3º nome era a esperança final: Luís Felipe Scolari, que tinha a missão de garantir o Brasil na Copa do Mundo de 2002. Antes disso, Felipão tinha uma difícil missão de resgatar o orgulho brasileiro a Copa América.
Sediada na Colômbia, a Copa América de 2001 foi um furacão. Antes do torneio, as FARCs entraram em forte conflito com o Estado, fazendo inclusive o volante Mauro Silva, campeão do mundo, desistir da convocação e abrir mão de disputar o torneio pela seleção. Fora isso, estrelas do futebol mundial já estavam sendo deixados de lado naquele time, pois Ronaldo que sofreu grave lesão só havia jogado 6 minutos nos últimos 2 anos. Rivaldo, mesmo que voltaria junto de Ronaldo para o Mundial em 2002, foi deixado de fora por Felipão, por “não funcionar bem” no esquema tático da seleção. Romário, grande estrela do futebol brasileiro, foi preterido por já ter seus 35 anos de idade.
O futebol brasileiro vinha de ótimos anos na América do Sul. Antes da Copa América, Grêmio (1995), Cruzeiro (1997), Vasco (1998) e Palmeiras (1999) haviam sido campeões da Libertadores. Nomes de grande peso despontavam no futebol nacional, enquanto outros renomados ídolos dos anos 90 seguiam na ativa. Nesse meio termo, a seleção brasileira se via sem muito rumo, com crise interna e fracas aparições nas eliminatórias.
Para muitos jornalistas da época, aquela eliminação para Honduras era a queda precoce do Brasil à Copa do Mundo. André Fontenelle, da revista Placar, chegou a escrever uma matéria dizendo: o dia em que o Brasil ficou de fora da Copa (derrota para Honduras e uma simulação de empate para Venezuela nas eliminatórias). O fundo do poço era tamanho que alguns craques que estiveram em campo naquele jogo sequer foram mantidos para o Mundial, bem com o ex-meia Alex.
Em uma segunda-feira, 23 de julho de 2001, Brasil e Honduras se enfrentariam em Manizales, para cerca de 30 mil pessoas. O jogo valia uma vaga nas semifinais da Copa América. A seleção era escalada com: Marcos, Beletti, Cris, Luizão, Juan e Júnior; Eduardo Costa, Emerson e Alex; Denílson e Guilherme. Ainda entrariam no jogo Juninho Pernambucano, Juninho Paulista e Mário Jardel.
No jogo, Beletti marcou contra aos 57 minutos jogados. O volante Emerson ainda seria expulso, até que nos acréscimos o atacante Saúl Martínez fechou o caixão brasileiro. O Brasil só havia jogado uma única vez contra Honduras na história, e foi em 1996 com uma goleada por 5×0. Sem essa classificação, o Brasil foi para seu suspiro final nas eliminatórias para 2002 e somente na última partida, com gol de Luizão a seleção se garante na Copa do Mundo.
Como sabemos, o Brasil foi pentacampeão do mundo em 2002. Naquele time, fruto de uma eliminação vexatória na Copa América, saíram os dois próximos brasileiros melhores jogadores do mundo: Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Felipão ainda seria “premiado” com os retornos de Ronaldo e a nova aposta em Rivaldo. A família Felipão foi construída após uma derrota para Honduras, em 2001.