A rivalidade entre Corinthians e Palmeiras destaca-se como uma das mais intensas e decisivas no cenário do futebol brasileiro. Ao longo dos anos, esses dois gigantes protagonizaram uma série de confrontos épicos, decidindo vagas e títulos em competições de grande porte, tanto em âmbito nacional quanto internacional.
Os dois clubes eram os únicos times paulistanos fundados pela classe operária em uma época em que o esporte era predominantemente elitizado.
O embate inaugural entre Palmeiras, na época Palestra Itália, e Corinthians, ocorrido em 6 de maio de 1917, marcou-se com uma vitória do Alviverde, que venceu por 3 a 0. O atacante Caetano marcou todos os três gols que garantiram o triunfo para a equipe palestrina.
O Corinthians, vencedor de dois títulos na Liga Paulista de Futebol em 1914 e 1916, estava invicto há três anos, acumulando 25 jogos sem derrotas. No entanto, essa sequência imbatível foi interrompida, marcando o início de uma rivalidade que se tornaria a mais significativa na história do Timão.
Em 1918, torcedores palmeirenses arremessaram um osso contra a vidraça de uma pensão na Rua Boa Vista, onde a delegação corintiana estava almoçando. Junto ao osso, uma mensagem desafiadora: “O Corinthians é canja para o Palestra”. Este episódio curioso ocorreu horas antes de um confronto pelo Campeonato Paulista.
Naquele dia, o Corinthians conquistou um empate heroico por 3 a 3 em resposta à soberba do rival, o osso foi guardado na galeria de troféus do Corinthians, acompanhado da frase que completa a história: “Esse osso era para a canja. Mas não cozinhou por ser duro demais”.
A primeira vitória do Corinthians sobre o Palestra aconteceu em 3 de maio de 1919, com um convincente placar de 3 a 0. Os gols foram marcados por Américo, Garcia e Roverso, em uma partida realizada no Estádio da Floresta.
Em 1933, o Palestra Itália, atual Palmeiras, aplicou a maior goleada da história do clássico contra o Corinthians. O feito ocorreu em uma partida disputada no Estádio Palestra Itália, que teve validade tanto para o Campeonato Paulista quanto para o Torneio Rio-São Paulo daquele ano.
O impacto foi tão avassalador que resultou na queda do então presidente do clube, Alfredo Schurig. Além disso, a frustração da torcida corintiana foi tão intensa que alguns torcedores chegaram a incendiar a sede do próprio clube.
Em 1940, no Parque São Jorge, uma provocação alviverde acabou mal. Um torcedor palmeirense levou um galo pintado de verde para provocar os corintianos, mas após a derrota por 2 a 0, os corintianos revidaram caçando e depenando a ave.
Como lembrança, duas penas do galo estão preservadas até hoje dentro de um estojo de veludo na sede do clube alvinegro, tornando-se um símbolo peculiar na rivalidade entre Corinthians e Palmeiras.
Em 1945, Corinthians e Palmeiras protagonizaram um capítulo único na história de seus confrontos ao se unirem por uma causa política. O clássico realizado no Estádio do Pacaembu teve como objetivo arrecadar fundos para o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Nessa partida histórica, o Palmeiras saiu vitorioso, derrotando o Corinthians por 3 a 1. Essa inusitada colaboração entre os arquirrivais foi posteriormente imortalizada no livro “Palmeiras x Corinthians 1945: O Jogo Vermelho”, escrito pelo político Aldo Rebelo.
Em 18 de janeiro de 1953, o Derby entre Corinthians e Palmeiras escreveu um capítulo memorável em sua história, registrando a partida com o maior número de gols de todos os tempos. No clássico válido pelo Campeonato Paulista, o Corinthians triunfou sobre o Palmeiras por 6 a 4 no Estádio do Pacaembu.
Cláudio foi o destaque pelo alvinegro, marcando três gols, enquanto Baltazar contribuiu com dois.
No auge do tabu palmeirense de títulos e durante o período da Democracia Corintiana em 1982, o Corinthians protagonizou um feito marcante ao aplicar sua maior goleada sobre o Palmeiras.
Em um confronto válido pelo Campeonato Paulista, o alvinegro venceu por 5 a 1, destacando-se o jovem Casagrande, que marcou três gols e protagonizou um verdadeiro show. Além disso, Sócrates contribuiu com um gol de pênalti e Biro-Biro completou o placar. O Corinthians, com um time altamente técnico, seguiu bem na competição e conquistou o título ao derrotar o São Paulo nas finais, enquanto o Palmeiras ficou com o terceiro lugar do campeonato.
Em 1994, Palmeiras e Corinthians protagonizaram uma decisão histórica, a mais relevante do clássico em âmbito nacional. Disputando a final do Campeonato Brasileiro daquele ano em dois confrontos realizados no Estádio do Pacaembu, o alviverde levou a melhor.
Na primeira partida, o Palmeiras venceu o Corinthians por 3 a 1, com uma atuação destacada do meia Rivaldo, autor de dois dos três gols palmeirenses. No segundo confronto, o Palmeiras manteve a tranquilidade e assegurou seu oitavo título do Campeonato Brasileiro com um empate por 1 a 1 contra o Corinthians.
Na final do Campeonato Paulista de 1999, Palmeiras e Corinthians protagonizaram um confronto marcado por emoções intensas e uma reviravolta histórica. No primeiro jogo, o alviverde poupou seus titulares, focando na final da Copa Libertadores contra o Deportivo Cali, enquanto o alvinegro aproveitou a situação e venceu por 3 a 0. No segundo confronto, após o Palmeiras conquistar a Libertadores, a rivalidade atingiu seu ápice. Marcelinho Carioca abriu o placar, mas Evair, com dois gols, virou o jogo, empatado por Edílson.
Com o título praticamente garantido, Edílson provocou o Palmeiras, desencadeando uma briga generalizada em campo. O juiz encerrou a partida antes do tempo normal, e o Corinthians se sagrou campeão paulista mais uma vez.
O craque Ronaldo “Fenômeno” marcou seu primeiro gol com a camisa corintiana em um clássico contra o Palmeiras, de cabeça, aos 48 minutos do segundo tempo durante o Paulistão.
Na comemoração, ele escalou o alambrado do estádio Eduardo José Farah, em Presidente Prudente-SP, e, contagiado pela empolgação da torcida, acabou derrubando a grade.
Certa vez, o lendário Sócrates expressou seu desejo de morrer em um domingo, com o Corinthians campeão. O destino assim o quis. O “Doutor” faleceu na manhã daquele dia 4 de dezembro.
À tarde, Corinthians e Palmeiras se enfrentaram no Pacaembu, com emocionantes homenagens ao ex-jogador da seleção. Com o empate por 0 a 0 com o rival, o Timão assegurou a conquista do Campeonato Brasileiro de 2011.
No primeiro clássico realizado no Allianz Parque, o Corinthians “batizou” a nova casa do Palmeiras com uma vitória por 1 a 0, gol marcado por Danilo. Além disso, o Timão teve que enfrentar boa parte do duelo com um jogador a menos, após a expulsão do goleiro Cássio.
Essa vitória foi um dos grandes resultados para o time que conquistou com autoridade o Campeonato Brasileiro de 2015, sob o comando do técnico Tite.
Em sua primeira partida eliminatória na Arena Corinthians, os rivais protagonizaram um confronto épico pelo Campeonato Paulista. No tempo normal, o jogo terminou em 2 a 2, com o Palmeiras abrindo o placar, o Corinthians virando e os alviverdes buscando o empate.
Nas cobranças de pênaltis, Fernando Prass defendeu o chute de Elias, levando a disputa para as alternadas, e em seguida, defendeu o chute de Petros, classificando o Palmeiras. O resultado deixou os quase 40 mil corintianos no estádio calados e completamente perplexos.
Até hoje, as duas equipes já se enfrentaram 380 vezes, com 135 vitórias do Verdão, 129 do Timão, além de 116 empates. O time alviverde já balançou as redes 545 vezes e sofreu 496 gols dos alvinegros.
O site especializado Football Derbies colocou O Derby como a 4ª maior rivalidade do mundo (e primeira brasileira), hoje figurando como 8ª em seu ranking mundial, enquanto a nacional revista Trivela classificou-o como segundo maior do Brasil.