Times históricos: O Flamengo de Jorge Jesus

Ge Gonçalves
Por Ge Gonçalves - PFQL 5 Minutos de Leitura

Hoje, teremos o início de uma nova série na PFQL. A ideia é relembrar equipes históricas do futebol brasileiro e mundial, analisando suas maneiras de jogar e o que há por trás delas. Começaremos com o famigerado Flamengo de Jorge Jesus, que é reconhecido como um dos times mais inovadores e bem-sucedidos da história recente do futebol brasileiro. A combinação de fatores que definiu esse período mágico foi resultado de uma abordagem estratégica e detalhista que transformou o clube em uma força avassaladora tanto no cenário nacional quanto internacional.

Filosofia e Treinamento

A filosofia de Jorge Jesus era uma combinação de alta pressão e controle tático meticuloso. Ele enfatizava a importância da pressão pós-perda de bola, um conceito que se tornaria um padrão para equipes bem-sucedidas. Jesus exigia dos jogadores uma concentração extrema e uma coordenação coletiva praticamente sem defeitos, treinando aspectos como a provocação de impedimentos e o trabalho com uma linha defensiva sólida e organizada.

A integração desses elementos com fatores relacionados à diretoria resultou em um Flamengo de 2019 que não apenas conquistou a Libertadores e o Campeonato Brasileiro, mas também se estabeleceu como um exemplo de excelência tática e técnica no futebol. A equipe foi a materialização de um sonho de muitos anos, alcançando um patamar que parecia inatingível antes da chegada de Jorge Jesus.

Times históricos: O Flamengo de Jorge Jesus

Modelo de jogo

Para entender o modelo de jogo do Flamengo de 2019, é importante considerar a obsessão como base de todo o desenvolvimento do clube. Desde que o grupo de sócios conhecido como “Blues” tomou o poder em 2012 e começou a dirigir o Flamengo, houve um esforço significativo para tornar realidade novamente o slogan “Craque, o Flamengo faz em casa”. O clube investiu em novas instalações, trouxe novos profissionais e fez avanços em todas as áreas do esporte. Assim, o Flamengo conseguiu unir uma geração talentosa a uma verdadeira profissionalização das atividades da base de jogadores.

Além disso, é crucial considerar a visão de Jorge Jesus como parte do processo. Em 2009, ao chegar ao Benfica, Jesus fez uma declaração ousada de que seus jogadores renderiam “o dobro”, o que, de fato, se transformou em “quádruplo”. Ele prometeu títulos, afirmando que seria o 17º técnico do Benfica a conquistar troféus. Quando assumiu o Flamengo, reiterou essa mentalidade, prometendo títulos e mencionando a Libertadores e até a disputa do Mundial de Clubes, metas que eventualmente alcançou.

O estilo de jogo de Jorge Jesus combinava uma defesa sólida com um ataque agressivo. Seus times eram conhecidos por treinar intensamente a marcação, a pressão pós-perda e a organização defensiva. Cada detalhe era treinado com precisão, transformando o sistema defensivo em quase uma coreografia. Essa abordagem buscava extrair o máximo dos jogadores, que frequentemente eram desafiados a aprender novas técnicas e conceitos, mesmo aqueles mais experientes.

Montagem do elenco

Entre outros objetivos financeiros alcançados pela antiga gestão, as vendas de Vinícius Júnior e Lucas Paquetá, formados na base do clube, ajudaram a gerar os recursos necessários para que o Flamengo montasse um time capaz de concretizar as aspirações da torcida e dos dirigentes. No início de 2019, com esse dinheiro, o rubro-negro carioca contratou Rodrigo Caio, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabigol. Posteriormente, chegaram também Pablo Marí, Rafinha, Filipe Luís e Gerson. Esse elenco formou o esquadrão que permitiu ao Flamengo jogar da maneira que a torcida sonhava.

O time de 2019 do Flamengo é um exemplo clássico de como a combinação de talento, treinamento intensivo e uma visão clara de jogo pode resultar em um sucesso estrondoso. Com um técnico fora da curva, uma torcida apaixonada e adversários tentando se adaptar à nova forma de jogar, o Flamengo de Jorge Jesus criou uma era inesquecível que marcou um novo padrão de excelência no futebol brasileiro e internacional.

Sistema Defensivo

Para falarmos de esquema tático, cabe uma ressalva bem importante: Jorge Jesus mudava muito de esquema ao longo das partidas. Em uma espécie de “batalha mental”, JJ podia muito bem começar a jogar de uma forma, mudar no meio da partida e ir com uma terceira formação ao final do jogo. De maneira geral, defensivamente, o Flamengo adotava um sistema de marcação individual configurado em uma formação 4-1-4-1/4-1-3-2. Nesta configuração, Arão ficava como “pivot”, à frente da defesa, enquanto Gerson e Arrascaeta se posicionavam no lado esquerdo, próximos um do outro. Nesse contexto, algum jogador atuava como uma “sobra”, não marcando um adversário específico, mas monitorando a movimentação adversária na linha. Quando a equipe intensificava a pressão, a marcação se tornava mais “pegada”, com os jogadores se aproximando para impedir passes e forçar o erro adversário.

Jorge Jesus optava por pressionar os adversários em bloco médio/alto, visando fechar as opções de passe e sufocar o jogador com a posse, permitindo assim a recuperação rápida da bola. Arão e Gerson eram fundamentais nesse processo, posicionando-se perto da construção adversária para pressionar o jogador com a bola e evitar passes entre as linhas de defesa.

Outra característica marcante do Flamengo de 2019 é a marcação pressão, que buscava recuperar a posse de bola rapidamente após sua perda, com Willian Arão desempenhando um papel crucial nessa função.

Construção de Jogo

Na fase de construção, o Flamengo utilizava a formação de uma linha de três defensores: dois zagueiros e um volante recuado, criando assim uma base sólida para a construção ofensiva. Essa formação permitia que um dos laterais se projetasse (Rodinei) enquanto o outro se mantinha mais centralizado (Filipe Luís). A equipe formava dois triângulos na construção ofensiva:

Triângulo 1: Filipe Luís, Arrascaeta e Bruno Henrique.
Triângulo 2: Rodinei/Rafinha, Gerson e Gabriel.

Os triângulos facilitavam tabelas e passes curtos, com jogadores próximos para criar jogadas rápidas e surpreender os adversários. A equipe rubro-negra priorizava o jogo pelo chão, utilizando inversões precisas para quebrar as linhas adversárias e colocar os extremos em situações de um contra um. A construção de jogo se destacava pela criação de superioridade numérica e pela capacidade em realizar passes e tabelas em espaços reduzidos, o que permitia ao Flamengo manter a posse e construir jogadas de ataque com fluidez e criatividade.

Sistema Ofensivo

No aspecto ofensivo, o Flamengo de Jorge Jesus se destacava pela compactação no último terço do campo adversário. Quando a equipe avançava, os jogadores se agrupavam para criar superioridade numérica, com sete jogadores próximos para gerar opções de passe e utilizar os extremos do campo de forma estratégica. Dependendo do lado onde a equipe se compactava, o lateral oposto se abria como uma “válvula de escape” para facilitar inversões rápidas.

O Flamengo buscava gerar finalizações após penetrar na área adversária com passes curtos e tabelas rápidas. Bruno Henrique, com sua velocidade, desempenhava um papel importante nesse processo, e muitos jogadores apareciam dentro da área como opções de finalização. Além disso, o time utilizava cruzamentos pelos lados e explorava contra-ataques, aproveitando os espaços deixados pela defesa adversária para criar chances de perigo.

Escalação

No geral, podemos dizer que o time era composto por: Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Mari, Filipe Luís; Arão e Gerson; Everton Ribeiro e Arrascaeta; BH e Gabigol.

Times históricos: O Flamengo de Jorge Jesus

Texto de: Ge, Victor Luiz e Bruno.

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Futuro Jornalista apaixonado por esportes.
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