A decadência do futebol pernambucano

Nós cansamos de falar sobre clubes decadentes em nossa tradicional série, o "o que aconteceu". Entretanto, nós vamos falar sobre um estado como um todo: Pernambuco, terra do Sport, do Náutico e do Santa Cruz.

Heverton Silva
Por Heverton Silva 3 Minutos de Leitura

Nós cansamos de falar sobre clubes decadentes em nossa tradicional série, o “o que aconteceu”. Entretanto, nós vamos falar sobre um estado como um todo: Pernambuco, terra do Sport, do Náutico e do Santa Cruz (que já foi analisado exclusivamente por aqui).

À exceção do Sport (que, mesmo assim, não está em grande fase), os clubes pernambucanos não vivem grandes momentos: O Náutico, outrora na Série A, está afundado na Série C; o Santinha, pior ainda: Nem divisão nacional possui. Além disso, outras equipes tradicionais, como o Salgueiro, também vivem péssima fase.

Tudo isso é refletido, por exemplo, em uma chocante estatística trazida pelo @DataFutebol no mês passado: O Campeonato Pernambucano é avaliado em R$ 89 milhões, mais de três vezes menos que o Cearense e sendo superado até mesmo pelo Campeonato Goiano (sem menosprezar, mas isto é relevante). Agora, seria tudo isso uma coincidência? Não, e o @Nabucoral explicará melhor ao longo deste texto!

A decadência do futebol pernambucano

A federação Pernambucana de futebol

É de consenso político que líderes não devem permanecer por muitos anos seguidos governando instituições. Porém, na Federação Pernambucana de Futebol, essa tese não existe. O presidente Evandro de Carvalho se porta como líder máximo da entidade por 13 anos, podendo concluir 15. Isto e outros elementos colocam em Evandro o apelido de “ditador”.

Antes da última eleição, em 2022, o presidente resolveu ameaçar representantes do Timbaúba Futebol Clube, insinuando que o clube estava apoiando seu opositor, Alexandre Mirinda. Em uma fala, descoberta por um áudio vazado de uma reunião com o presidente do clube e um advogado, Evandro proferiu as seguintes palavras, conforme relatou o @NE45Minutos:

“A questão é a seguinte: quem é o meu aliado é meu aliado. Quem é meu inimigo é meu inimigo. Tem alguma coisa que tem resolver fora isso?”

Mirinda, opositor de Evandro, era presidente do América-PE quando, segundo nota do clube, a FPF recusou manter a isenção da taxa da inscrição de atletas para a Série A-2 que havia sido acordada anteriormente. O episódio ocorreu um dia após o adiamento da eleição, solicitado pelo América. Ainda segundo o clube, Evandro teria proferido as seguintes palavras em uma conversa com Abdias Venceslau, diretor executivo da equipe:

“Aquele filho da p*** do Mirinda cancelou minha eleição. Agora é Guerra, não conte mais comigo para nada. Acabou. É guerra contra o América”

O resultado? O América não conseguiu inscrever seus jogadores para a A-2, ficando com um elenco insuficiente para a disputa. Dessa forma, o clube não disputa nem a Série A-3 nos dias atuais. Porém, há um outro episódio mais absurdo que este, e nem foi com áudio vazado.

Ao podcast CastFC, no último dia 30, Evandro comentou sobre um episódio envolvendo a arbitragem e disse que é ele quem determina os árbitros de alguns jogos e envia seus nomes à comissão, sem passar por nenhum sorteio. O corte com a fala está nos comentários.

Falando um pouco mais sobre a gestão, como relatou o portal Marcelo E.C., os clubes do interior estão cada vez com menos condições financeiras, sem poder jogar em seus campos, enquanto o próprio estadual perde seu valor. Ainda por cima, Evandro diz que o futebol pernambucano está em ótimas condições no cenário nacional. Piada!

Apesar disso, ele sabe que a situação é caótica, com os clubes do estado passando cada vez mais vergonha nos cenários regionais e nacionais. Há alguma justificativa para tamanha desordem? Segundo o mandatário da FPF ao@geglobo em 2023, a culpa é do governo:

“Pernambuco tinha uma receita de R$ 12 a 14 milhões provenientes de programas governamentais, como hoje o Pará tem R$ 12 milhões, Amazonas…”

“Enfim, esse aporte financeiro do poder público (Programa Todos com a Nota) era um incremento importantíssimo para o fortalecimento da capacidade de contratação dos clubes. Gerava uma competitividade maior.”

“(Outros estados) Copiaram praticamente na íntegra, com pouquíssimas variações, e com o advento do Governo que saiu, o Governo cancelou o programa.”

Obviamente, há culpas nas gestões de cada clube (como cansamos de relatar), mas é fato que o futebol pernambucano é mal gerido há um bom tempo, e o campo apenas reflete a bagunça.

33 anos, pai de Henry, marido da Marina e sofredor do Santa Cruz.
Faça um comentário

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *