CLUBES BRASILEIROS
CORINTHIANS
NATURAIS DA CIDADE DE CORINTO, NA GRÉCIA.
O Sport Club Corinthians Paulista tem esse nome em homenagem ao Corinthian FC, uma das equipes mais poderosas do esporte no planeta durante a era amadora. O Corinthian inglês, por sua vez, era batizado pelo livro homônimo da Bíblia, que relata a passagem do apóstolo Paulo de Tarso pela cidade de Corinto, na Grécia (que inclusive incentivava a pratica de esporte amador, ideal seguido pela equipe britânica que se recusou à profissionalização). Corinthian, em inglês, é Coríntio, em português – habitante de Corinto. O time brasileiro, por sua vez, manteve sempre a versão plural, como a da Bíblia. Curiosamente, Paulo de Tarso também está diretamente ligado ao nome do rival do Corinthians, São Paulo.
SÃO PAULO
SANTO PAULO DE TARSO
O mome é autoexplicativo.
Paulo, nascido em Tarso, onde hoje é a Turquia, foi apóstolo, um dos grandes responsáveis pela divulgação do cristianismo e autor de treze epístolas do Novo Testamento da Bíblia.
Santificado pela Igreja Católica, foi o Santo escolhido para o batismo da vila fundada pelos padres José de Anchieta e Manuel da Nóbrega em 1554, justamente porque a data da fundação (25 de janeiro) é a mesma que Paulo fora santificado.
O clube São Paulo herdaria seu nome da cidade, em 1930 quando os remanescentes do departamento de futebol do Paulistano (gentílico de quem é natural de São Paulo) juntaram-se com a estrutura que sobrou da Associação Atlética das Palmeiras.
PALMEIRAS
PLANTAS ARCÁCEAS
O alviverde de São Paulo nasceu da colônia italiana na capital como Palestra (palavra de origem grega que designava um local para a prática de exercícios físicos, lutas e afins) + Itália (pátria-mãe).
Em 1942, durante a segunda guerra mundial, a repressão à símbolos e culturas de países do Eixo fez com que o governo nacional exigisse a mudança de nome – mesmo que Palestra não fosse necessariamente uma palavra italiana.
Para o novo nome, a história oficial diz que a agremiação escolheu homenagear a Associação Atlética das Palmeiras, por gratidão a ajuda em maus momentos ao Palestra pela equipe, extinta desde os anos 1920.
A AA das Palmeiras, por sua vez, era batizada assim por sua sede estar localizada na Rua das Palmeiras, que por sua vez era batizada dessa maneira pela presença no local das plantas arcáceas batizadas Palmeiras pelo formato de sua planta lembrar a palma de uma mão.
SANTOS
RIO, HOSPITAL OU PORTO
À exemplo do São Paulo, o Santos FC carrega em seu nome a cidade de origem.
A cidade, por sua vez, fundada – à época como Vila – pelo português Braz Cubas em 1546 tem 3 teorias para a origem de seu nome.
A primeira delas diz respeito a uma homenagem de Cubas ao também navegador João Dias de Solis, que teria batizado o que hoje é a Baía de Santos como “Rio dos Santos Inocentes” por conta da época em que desembarcou no local, no fim de 1515.
Já a segunda aponta para a transferência de Cubas do Porto de São Vicente para os arredores do então povoado indígena de Enguguaçu em 1541, batizado Porto de Santos em homenagem ao porto de mesmo nome de Lisboa.
A terceira, remete a 1543, quando Braz Cubas construiu na mesma região a Santa Casa de Misericórdia de Todos os Santos (em 1 de novembro, dia de todos os santos na religião católica).
ATLÉTICO-MG
ATLETAS DOS MINÉRIOS
Essa é bastante conhecida. Atlético faz referência a atleta, mineiro dá a origem geográfica para o gentílico de Minas Gerais, batizada assim por conta da vasta existência de minas dos mais diversos minérios e elementos no período colonial.
Além da variedade, o nome “Gerais” também serve para separar a região de outras minas particulares, fato que chamou muita atenção para a região, por parte de exploradores…
INTERNACIONAL
SEM FRONTEIRAS
A explicação para a origem do nome está no próprio nome, e intríseca à história do colorado.
Com o propósito – bastante raro na época – de ser um clube aberto a todas as origens étnicas, na contramão dos clubes de colonias de imigrantes estrangeiros fechadas, o Sport Club Internacional foi fundado em São Paulo, em 1899, para fazer contraponto ao Germânia (hoje EC Pinheiros), ao Paulistano e ao Mackenzie. Inspirados pelo clube paulista, em nome e em proposta, em 1909 os irmãos José Henrique e Luiz Madeira Poppe fundaram o Internacional do Rio Grande do Sul…
CRUZEIRO
CONSTELAÇÃO-SÍMBOLO DO BRASIL
Assim como o Palmeiras, o clube mineiro foi fundado como Palestra Itália e precisou trocar de nome durante a segunda guerra mundial.
Para tanto, além do nome, a equipe trocou símbolo e cores.
No lugar do verde, branco e vermelho italianos, azul e branco brasileiro.
No lugar de Societá Sportiva Palestra Itália, Cruzeiro Esporte Clube.
No lugar do acrônimo PI, as estrelas da constelação de Cruzeiro do Sul, a menor das 88 reconhecidas pela União Astronômica Internacional e uma das mais importantes para os povos do hemisfério sul, sobretudo por questões geográficas.
Não à toa, a ideia da constelação no escudo do clube foi tirada da própria constelação estampada no brasão de armas da República Nacional.
GRÊMIO
ASSOCIAÇÃO
Assim como o Inter, o Grêmio tem seu nome autoexplicativo. Assim como o Inter, a origem e inspiração do clube veio de São Paulo.
Cândido Dias, paulista, que estava no Rio Grande do Sul acompanhando uma partida amistosa de apresentação com integrantes do Sport Club Rio Grande em Porto Alegre, era dono de uma bola de futebol – mesmo que ele, Cândido, não soubesse jogar.
A bola da partida estourou, Candido emprestou a sua para o término da exibição e como agradecimento os integrantes do Sport Club Rio Grande lhes ensinaram as regras do jogo e os itens necessários para a criação de um clube.
Com a presença de Cândido e outros 31 (TRINTA E UM) membros, foi criado o Grêmio, que basicamente significa organização, junta ou aproximação de pessoas em um grupo, ou entidade.
FLAMENGO
CONDADO BELGO-NEERLANDÊS
O batismo do clube se dá por razões geográficas.
Criado no bairro homônimo, o Flamengo carrega o nome dado à região por referência ao neerlandês Oliver van Noort, que tentou invadir o Rio de Janeiro durante o período colonial, pela praia que hoje dá nome ao bairro.
Só que Flamengo era uma designação comum a holandeses por se referir a região da Flandres, que hoje é uma das três principais regiões da atual Bélgica, com sua própria língua, bastante próxima do holandês: a língua flamenga. Flandres já foi um condado, e um território influente em toda a Europa com suas terras se extendendo por Bélgica, Países Baixos e França.
Já a palavra Flamengo surgiu do latim, e faz referência a chamas, labaredas e afins. Tem a mesma raiz de inflamável, flâmula, flambado e flamingo.
CLUBES SUL-AMERICANOS
RIVER-PLATE
RIO DA PRATA
Um dos maiores times da América do Sul, o River nasceu em 1901 no bairro de La Boca, onde se encontrava o principal porto de Buenos Aires e da Argentina no início do século XX. Um dos estudantes que fundaram o clube, Pedro Martínez, observava os navios que atracavam e se deparou com um vindo da Escócia, com a denominação ‘River Plate’, que indicava que a embarcação tinha como destino o Rio da Prata. Pedro gostou do nome, propôs aos outros fundadores e assim o clube fora batizado. Embora em tradução literal – e no senso comum – Rio da Prata seja Silver River em inglês, a língua britânica se refere ao local mesmo como River Plate, não só a versão Argentina como também a batalha entre eles e os alemães conhecida no Brasil como Batalha do Rio da Prata.
VÉLEZ SARSFIELD
POLÍTICO ARGENTINO
Dalmácio Vélez Sarsfield foi um advogado e político argentino do século XIX, responsável pela elaboração, em 1869, do código civil da Argentina que perdurou vigente até 2015. Dalmácio chegou, inclusive, a servir como Ministro da Fazenda no país. Embora tenha se estabelecido na cidade de Córdoba, no interior, seu nome dá batismo a uma rua, uma avenida e um bairro de Buenos Aires, e o curioso é que o clube, também batizado Vélez Sarsfield, não está em nenhuma das três localidades: o bairro de nascença, criação e sede do Fortín é Liniers, no extremo oeste da cidade, bairro batizado por sua vez em homenagem a Santiago de Liniers, francês que foi Rei do Vice-reino do Rio da Prata, estado que viria a ser a Argentina dos dias atuais.
SAN LORENZO
LORENZO DE ROMA
Lorenzo Bartolomé Massa foi um argentino, nascido em Morón, na grande Buenos Aires em 1882. Filho de um padre italiano, também chamado Lorenzo Massa, seguiu seus passos e se tornou sacerdote ainda aos 18 anos. Em 1908, quando se tornou encarregado do Oratório San Antonio, no bairro de Almagro, conheceu um time de jovens jogadores do bairro liderados por Federico Monti, autodenominados Los Forzosos de Almagro, que jogavam bola na rua do oratório. O padre Lorenzo ofereceria aos garotos o pátio do oratório pras partidas, os uniformes em azul e grená, cores que vestiam a Virgem Maria, e participaria da fundação oficial do clube em 1/04/1908. Os garotos queriam colocar o nome do padre, que se recusou. Optaram então por San Lorenzo, em homenagem a Lorenzo de Roma, martír cristão nascido na Espanha e morto na fogueira em Roma, cujo nome também homenageava a batalha de San Lorenzo, em que argentinos pró-independencia derrotaram forças da coroa espanhola em 1913.
RACING
CLUBE DE CORRIDAS DE PARIS
A história de La Academia, fundada em 1903, nasceu 2 anos antes: estudantes criaram o FC Barracas al Sud, com o então nome da cidade, que hoje é chamada de Avellaneda – um clube de origens Criollas em seus fundadores, ao contrário da maioria dos times da época. No ano seguinte, uma parte dos sócios saiu para formar outro time, o Colorados Unidos del Sud. Como o Colorados não decolou, e o Barracas se enfraqueceu demais, a solução foi a fusão dos dois, em 1903, Para mergir as instituições, Gerrard Vidaillac, sócio fundador do Barracas e de ascendência francesa lembrou de uma revista que lia em Paris sobre automobilismo na capital francesa, revista que tinha o título de Racing Club. A sugestão de Gerrard foi aprovada por unanimidade e o Racing estava eternamente batizado.
INDEPENDIENTE
INDEPENDENTE
O nome é autoexplicativo mas a história é bastante peculiar. Em 1904, na cidade de Buenos Aires, funcionários da loja La Ciudad de Londres formaram um time de futebol, nomeado Maipú Banfield. Dentre os membros do clube, haviam funcionários da loja que eram menores de idade. Eles pagavam mensalidade como sócios normais, mas sofriam a restrição de não poderem entrar em campo e jogar com a equipe. Insatisfeitos, os garotos decidiram abandonar o Maipú e formar seu próprio time, já em 1905, batizado Independiente para expressar a vontade de ser livre, mesmo feito por garotos. Curiosamente, a primeira vitória da história do Independiente seria por 1×0 justamente sobre o Maipú Banfield, de quem havia conseguido sua “independência”. O clube, que nasceu em Buenos Aires se mudaria para Avellaneda em 1906, onde permanece até hoje.
ROSÁRIO CENTRAL
CLUBE DA FERROVIA CENTRAL ARGENTINA
A Argentina teve grande imigração de ingleses no século XIX, que fizeram parte da expansão industrial do país. No campo da malha ferroviária, 4 grandes empresas foram responsáveis pelo estabelecimento do modal, sendo a Central Argentine Railway (Ferrocarril Central Argentino, em Espanhol) responsável pelo trecho entre Santa Fé e Rosário, duas das maiores cidades do interior (centro) do país. Como de praxe na época, funcionários da empresa eram fãs de futebol, passaram a praticar o esporte e fundaram uma agremiação, surgida em 1889 como Central Argentine Railway Athletic Club. Em 1903, a equipe que até então só permitia funcionários da companhia como sócios abriu suas portas para toda a sociedade e alterou seu nome, da versão original em inglês, para a definitiva em espanhol: Club Atlético Rosário Central.
NEWELL’S OLD BOYS
OS VELHOS GAROTOS DE NEWELL
Isaac Newell, inglês nascido em 1853, se mudou pra cidade de Rosário ainda aos 16 anos, em 1869. No ano de 1884, já bem mais velho, e estabelecido como professor de inglês em Rosário, fundou o Colégio Comercial Anglicano-Argentino da cidade, colégio pioneiro em diversas esferas: foi a primeira instituição de ensino de Rosário que não era exclusivamente católica, uma das primeiras a não fazer distinção de raça ou classe social, e pioneira na adoção da educação física como matéria escolar, muito por conta da paixão de Isaac pelo futebol. Por complicações de saúde, Isaac deixaria o colégio a cargo de seu filho, Cláudio, em 1900. Em 1903, Cláudio junto de outros estudantes, professores e funcionários formariam o clube de futebol do colégio que, em homenagem a Isaac, seria batizado de Newell’s Old Boys, versão inglesa para “Os Velhos Garotos/Alunos de Newell”.
ESTUDIANTES
OS ESTUDANTES
Esse nome é autoexplicativo. Um grupo de estudantes universitários, muitos deles membros e sócios do Gimnasia y Esgrima de La Plata se revoltaram quando o clube, de origens aristocratas e abastadas fechou seu departamento de futebol, no ano de 1905. Em resposta, eles abandonaram a equipe, resolveram fundar uma equipe própria para jogar futebol e disputar as competições organizadas pela Argentine Association Football League. Para o nome do novo clube, uma autorrepresentação: Club Atlético Estudiantes, da cidade de La Plata.
COLO-COLO
CACIQUE MAPUCHE E ESPÉCIE FELINA
As origens do Colo Colo são provavelmente as mais revolucionárias do futebol da América do Sul. Em 1925, jogadores e diretoria do Magallanes, clube da região metropolitana de Santiago e que se encontrava em grave crise, entraram em rota de colisão. Os atletas exigiam a extinção do pagamento mensal que eles precisavam depositar ao clube, bem como a adoção de treinos diários e de melhores condições de infraestrutura e saúde, ideias rechaçadas pela diretoria. A situação insustentável viu parte dos atletas, liderados por David Arellano – que hoje dá nome ao estádio do Colo-Colo – romperem com o Magallanes para fundarem sua própria agremiação. Para o nome, Luis Contreras, ex-jogador do Magallanes e co-fundador sugeriu o nome de Colo-Colo, cacíque indígena Mapuche bastante conhecido à época, ligado aos valores de anciedade, sabedoria e inteligência. Já o líder Mapuche, reza a lenda, era chamado assim por se vestir com peles de gatos-palheiros (da espécie Leopardus Colocolo), nativos de Chile, Argentina, Bolívia, Equador e Paraguai.
PEÑAROL
CIDADE DO NORTE DA ITÁLIA
Para o gigante uruguaio, precisamos falar de duas histórias: a da Villa Peñarol e da Central Uruguay Railway (CUR). A primeira surge com Juna Bautista Crosa foi um italiano da cidade de Pinerolo, na região de Piemonte, ao norte da Itália (curiosidade: Turim, lar de Juventus e Torino é a capital dessa região). Crosa se mudaria em 1776 para o território, então chamado de Banda Oriental, e ao norte do vilarejo colonial de Montevideo se instalou, construindo uma espécie de taverna na área rural, chamada Pulpería. A região passou a prosperar e virar ponto de referência para viajantes e foi chamada por Crosa de Pinerolo, como sua terra natal, que era pronunciada em piemontês como ‘Pinareul’, pronuncia que com o tempo transformaria o nome do, hoje bairro de Montevideo, para Peñarol.
TALLERES
MARCENARIA/MECÂNICA DE TRENS DE CÓRDOBA
Outra equipe a ter origens ferroviárias, o Talleres surgiu em 1913, fundado pelo britânico Thomas Lawson, operário da Ferrocarril Central Córdoba, empresa que ligava por trens Buenos Aires a Rosário, Córdoba e Tucumán. Lawson trabalhava nas marcenarias, ou mecânicas de reparação e manutenção dos trens localizada em Córdoba, locais chamados em espanhol de ‘Talleres’. O primeiro nome seria Atlético Talleres Central Córdoba, as cores seriam inspiradas no Blackburn Rovers da Inglaterra, e o nome definitivo apareceria em 1917 – Club Atlético Talleres de Córdoba.
NACIONAL
TIME DOS URUGUAIOS
Mais um autoexplicativo. Por ser um esporte trazido por britânicos, o futebol era praticado em sua imensa maioria por clubes e agremiações de estrangeiros em toda a América do Sul. Buscando um clube para Criollos – descendentes de europeus, sobretudo espanhóis, nascidos dentro do Uruguai – jovens estudantes uruguaios que faziam parte do Uruguay Athletic Club e do Montevideo Football Club fundiram as agremiações, nascendo assim o Club Nacional de Football, em 1899.
BOCA JUNIORS
OS FILHOS/MENINOS DE LA BOCA
Nascido em 1905, o clube Xeneize leva o nome de seu reduto, o tradicional mas perigoso bairro de La Boca. Muito por conta da repercussão hostil da região, foi adotado como complemento a palavra “Juniors”, para trazer a imagem da agremiação mais para o futebol. La Boca, por sua vez, é batizada dessa forma por ser o ponto de congruencia entre o Rio da Prata, que vai para o Oceano Atlántico, e o Rio Riachuelo, que corre para o interior/sul do país, e que limita a cidade de Buenos Aires ao sul – a baía e o porto formam, literalmente, uma espécie de Boca, se vista de cima.
Artigo Inspirado em um artigo da revista super interessante e escrito por @rodra_s.